Mesmo com a série de estímulos já adotados pelo governo para tentar induzir a retomada do setor industrial, como a redução de juros, desvalorização do câmbio e benefícios tributários para alguns segmentos, a visão de que a produção industrial iniciará o segundo semestre com recuperação está longe de ser consenso. As estimativas de 11 departamentos econômicos e consultorias variam de queda de 1,2% a alta de 0,4% da indústria em julho, na comparação com junho, feitos os ajustes sazonais. Desses, cinco projetam queda, cinco estimam crescimento e um espera estabilidade. Na média, os economistas projetam que a produção industrial tenha encolhido 0,15% na comparação com junho, feitos os ajustes sazonais. O resultado oficial será divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os incentivos à indústria, avalia o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, ainda não produziram efeitos positivos sobre a produção. Pelas suas contas a atividade manufatureira encolheu 1,2% em julho na comparação com junho, feitos os ajustes sazonais, indicando que a alta de 0,2% no mês anterior ainda não deve ser interpretada como o início de um processo de recuperação. "Nem mesmo as vendas de Natal, que costumam reforçar as encomendas nesta época, fortaleceram a indústria", avalia Vale, que projeta queda de 2,5% na produção do setor em 2012. Vale argumenta que os números da Anfavea, entidade que reúne as montadoras instaladas no Brasil, sinalizam que o ajuste de estoque ainda não foi finalizado. A produção de veículos em julho, segundo a Anfavea, cresceu 8,8% em relação a junho, mas recuou 3,6% na comparação com julho de 2011. Como as vendas de automóveis em comparação com o mesmo mês do ano passado avançaram 18,9%, José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, também avalia que até agora o principal efeito da redução do IPI foi a venda de unidades que estavam encalhadas nos pátios das montadoras. Gonçalves afirma que sua projeção de queda de 1% da produção industrial em julho toma como base, além dos dados da Anfavea, a redução de 5,2% no Indicador de Nível de Atividade (INA) da indústria paulista, medido pela Fiesp, e o recuo de 4,1% da produção de aço bruto, sempre na comparação com julho de 2011. Já de acordo com as estimativas do Bradesco, houve alta de 0,3% na produção industrial entre junho e julho, descontados os efeitos sazonais. Robson Pereira, economista do banco, observa que é natural que em momentos de viradas de ciclo econômico o número de setores com aumento de atividade na passagem mensal seja pequeno, por isso é possível que a produção de bens intermediários ainda não responda aos estímulos concedidos pelo governo. "Mas com o tempo isso tende a ficar mais disseminado." Thovan Tucakov, da LCA Consultores, é mais otimista e acredita que, "se não for para ajudar, o segmento intermediário pelo menos não vai atrapalhar o resultado de julho". Em junho, os bens intermediários foram os únicos entre as categorias de uso a registrar queda na produção industrial. A redução foi de 0,9% em relação a maio, feitos os ajustes sazonais. Pelos cálculos do economista da LCA, a produção industrial em julho aumentou 0,3%. O avanço, segundo ele, deriva não só do desempenho das montadoras, mas também dos reflexos promovidos por elas nos segmentos químico, de plástico e borracha. "As empresas de peças e acessórios para veículos voltaram a contratar para atender a demanda das montadoras, que já baixaram os estoques e estão retomando a produção. Alguns modelos de automóveis têm até fila de espera." O mercado, segundo a economista Fernanda Consorte, do Santander, subestimou o impacto do corte do IPI no desempenho da indústria. Para ela, a produção industrial dessazonalizada vai crescer 0,4% entre junho e julho, e a tendência é de melhora daqui para a frente. "Há um efeito dominó grande provocado pela indústria automotiva. Aos poucos, ela vai possibilitando expansão aos demais segmentos de toda a cadeia." Essa também é a percepção de Tucakov, da LCA, que acredita que o período de contração na indústria está ficando para trás. Sua expectativa é de crescimento paulatino do setor nos próximos meses, com a recuperação gradual da confiança do empresário. De acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV), a confiança do setor industrial aumentou 1,4% em agosto, na comparação com o mês anterior, para o maior nível desde julho de 2011. Pereira, do Bradesco, ainda argumenta que o aumento da atividade deve depender do consumo doméstico. A Sondagem Industrial da FGV registrou alta de 2,6% na percepção sobre demanda interna, enquanto o nível de demanda externa caiu 4,7% na comparação entre julho e agosto, com ajuste sazonal. Essa dinâmica, segundo o economista do Bradesco, não deve se alterar nos próximos meses. "Apesar do câmbio mais favorável, temos demanda global mais fraca, além de parceiros comerciais importantes que adotaram medidas protecionistas."
Hran abre a semana de cirurgias
A cirurgia realizada ontem pelo mutirão da saúde pública do Distrito Federal beneficiou uma paciente que estava internada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Susana Magalhães Polônia, 40 anos, deu início às operações do período noturno, com a retirada da vesícula biliar. O projeto, que começou no sábado com 94 pacientes de catarata no Hospital de Base do DF (HBDF), atenderá de segunda a sexta, à noite, e sábado, durante o dia, em 12 unidades de saúde. No total, são oito especialidades (veja quadro). A meta do GDF é de atender 16.632 pacientes até junho do ano que vem. Susana é auxiliar administrativa e estava há três meses na fila. Nesse período, chegou a ter crises e estava internada na unidade hospitalar desde a última quarta-feira. Ela descobriu que passaria pela cirurgia poucas horas antes do procedimento. "Só quem tem esse problema sabe o que é sentir essa dor. Doía todo o abdome e também as costas. Estou muito feliz, sem medo nenhum e pronta para voltar para casa", contou, antes de entrar no centro cirúrgico. A auxiliar administrativa, moradora de Ceilândia, foi operada por volta das 21h de ontem e terá alta em dois dias. O cirurgião-geral Gustavo Bernardes, que operou Susana, explica que a intervenção é complexa, mas de simples recuperação. Ele aprova a iniciativa do mutirão. "Em hospitais particulares, são realizadas operações no período noturno. Aqui, no Hran, temos oito centros cirúrgicos e só um será ocupado. Espero que, em poucos dias, todos sejam utilizados", disse. Hoje, o médico tem três pacientes agendados para o mesmo procedimento. Segundo o subsecretário de Saúde, Roberto Bittencourt, havia apenas uma paciente programada para ontem. "Estamos começando, não é a pleno vapor. As equipes estão se reunindo, definindo escala.", explicou. Nesta semana, devem ser realizadas cerca de 60 operações nas especialidades geral, vascular e oftalmologia. "Queremos chegar a esse ritmo. Hoje (ontem), foi apenas no Hran, mas serão realizadas 25 cirurgias de catarata a partir de amanhã (hoje), além de três de vesícula e hérnia no período da noite em todas as unidades", completou o subsecretário. Pioneiro O programa teve início no sábado, concentrado no Hospital de Base com pacientes com catarata. Das 100 pessoas convocadas, apenas seis não compareceram. Segundo Bittencourt, esse é primeiro projeto dessa natureza. "Nunca houve um mutirão nesses termos, com sábados, domingos e terceiro turno", afirmou. Domingo fica dedicado ao pós-operatório. Todos os médicos da Secretaria de Saúde estão habilitados para participar. "Inclusive os clínicos, para consulta ambulatorial. A adesão é espontânea, de maneira efetiva e com hora contratual", completou o subsecretário. Os pacientes que passarão por cirurgia são os que realizaram exames e avaliação clínica na rede pública de saúde e estão na lista de espera. O mutirão prevê zerar a atual fila até junho de 2013, exceto para cirurgia vascular, que deve diminuir em 70%. Serão 10 meses de atendimentos, com investimento de R$ 7,4 milhões da União e R$ 26,4 milhões dos cofres locais. Sintomas comuns Vesícula biliar é um órgão presente no organismo humano em forma de pera. Armazena até 50ml de bile, utilizada no sistema digestivo, mas o responsável por sua produção é o fígado. As doenças mais comuns da vesícula biliar ocorrem quando há o acúmulo de pedras (cálculos), que podem inflamar o órgão e levar até a sua retirada por completo. Dores no abdome de grande intensidade, acompanhadas de náuseas e/ou vômitos, normalmente após as refeições, podem ser sintomas de uma primeira crise de vesícula. Cronograma básico Fila de pacientes por áreas Geral: 7.920 Duração de atendimento: 10 meses Ortopedia: 2.180 Duração de atendimento: 10 meses Oftalmologia: 2.000 Duração de atendimento: 10 meses Vascular: 2.000 Duração de atendimento: 10 meses Ginecologia: 1.200 Duração de atendimento: 10 meses Otorrinolaringologia: 760 Duração de atendimento: 10 meses Urologia: 408 Duração de atendimento: 10 meses Odontologia: 164 Duração de atendimento: 1 mês Total de pacientes: 16.632 Unidades Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) Hospital Regional da Asa Norte (Hran) Hospital Materno-Infantil de Brasília (Hmib) Hospital Regional de Sobradinho (HRS) Hospital Regional de Taguatinga (HRT) Hospital Regional de Ceilândia (HRC) Hospital Regional de Planaltina (HRP) Hospital Regional do Paranoá (HRPa) Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) Hospital Regional de Samambaia (HRSam) Hospital Regional de Brazlândia (HRBz) Hospital Regional do Guará (HRG) Fonte: Secretaria de Saúde do DF
Em dia de pregão esvaziado, Bovespa tem alta de 0,39%
O feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos esvaziou os mercados ontem. O pregão por aqui foi morno, com o Ibovespa marcando alta de 0,39%, aos 57.281 pontos, e volume de apenas R$ 3,8 bilhões. As ações PNA da Vale (-0,27%, a R$ 33,09) reagiram ao dado de atividade mais fraca na China. Já o setor elétrico esboçou recuperação, após as pesadas perdas da semana passada, com destaque para Cemig PN (2,91%), CPFL ON (2,55%) e Copel PNB (1,51%). E o pregão desta terça-feira ainda deverá ser em compasso de espera. Os investidores seguem na expectativa de que o governo divulgue, nesta semana, as regras para renovação das concessões de energia que vencem a partir de 2015. Lá fora, o mercado está de olho na reunião do conselho do Banco Central Europeu (BCE), que acontece apenas na quinta-feira. Ontem, o presidente do BCE, Mario Draghi, deu pistas do que está por vir. Ele teria dito, em reunião no Parlamento Europeu, que a autoridade monetária está aberta a comprar bônus soberanos com vencimento em dois ou três anos no mercado secundário. A declaração animou as bolsas europeias: o índice FTSE-100, de Londres, subiu 0,82%, para 5.758 pontos; o CAC-40, de Paris, ganhou 1,20%, aos 3.453 pontos; e o DAX, da Bolsa de Frankfurt, avançou 0,63%, aos 7.014 pontos. Diante das incertezas no cenário externo, o Credit Suisse decidiu ampliar a exposição a papéis de setores domésticos cíclicos na sua carteira de recomendações para o mercado brasileiro neste mês. Os analistas Andrew Campbell, Daniel Federle e Andrei Sabah afirmaram em relatório que a aposta ganhou força com indicadores macroeconômicos mais favoráveis e as medidas de estímulo anunciadas pelo governo. "Começamos o processo de adicionar risco ao nosso portfólio modelo no último mês, quando alteramos nosso rating "underweight" (abaixo da média do mercado) para bancos", dizem. "Para este mês, continuamos o processo, ampliando a exposição em ações de construção e financeiras, e reduzindo em papéis cíclicos direcionados por fatores externos e energia." No entanto, o Credit Suisse mantém o Brasil abaixo da média do mercado dentro do contexto da América Latina. As projeções de lucro para as empresas caíram ainda mais, especialmente em setores expostos ao cenário externo, como mineração e siderurgia. O mercado preferido na região é o Chile, cujo crescimento surpreende.
Governo negocia com indústria aparelhos mais baratos
O governo vem se reunindo com a indústria de televisores para viabilizar a oferta de um novo modelo de aparelho de TV com recepção digital, mais simples e de menor custo. Tal iniciativa foi inspirada na estratégia usada para popularizar a recepção do sinal digital adotado pelo governo sul-coreano. Para atingir esse objetivo, o Ministério das Comunicações planeja isentar a venda desses aparelhos no varejo da cobrança de PIS/Cofins. "Estamos buscando uma alternativa intermediária entre os set-top-boxes [aparelho conversor de sinal digital para TV analógica] e os televisores disponíveis atualmente nas lojas", afirmou o secretário de telecomunicações do Ministério das Comunicações, Maximiliano Martinhão, que esteve na semana passada com os fabricantes para tratar do assunto. A ideia, segundo o técnico do governo, é abastecer as lojas com esse modelo de aparelho quando começar o desligamento das transmissões da TV analógica. Martinhão avalia recursos mais sofisticados incluídos nos atuais televisores com recepção digital, ou mesmo nos conversores de sinal das TVs convencionais, elevam os preços e inviabilizam a compra por parte da população de baixa renda. Segundo ele, a grande quantidade de entradas e saídas de cabos para conexão com computador ou outros dispositivos sofisticados de som e imagem são dispensáveis, dependendo do perfil e necessidade do consumidor. Com a retirada de recursos tecnológicos que não afetem a qualidade de imagem, o aumento da escala de produção e os incentivos fiscais, espera-se uma queda de 40% do custo para os consumidores, em relação aos aparelhos comercializados atualmente. Com isso, uma TV de 22 a 24 polegadas que não tiver o pacote avançado de recursos poderá ter seu preço atual reduzido da faixa de R$ 600 para R$ 360. A oferta de TVs de baixo custo tende a diminuir a pressão sobre o conjunto de ações que estão sendo programadas pelo governo para as cidades que terão o sinal analógico desligado. Em reportagem publicada ontem no Valor, o secretário de comunicação eletrônica do ministério, Genildo Lins, afirmou que um dos critérios para escolha das primeiras cidades que passarão pelo "apagão analógico" está relacionado à renda da população. Acredita-se que quanto melhor a condição financeira do município, maior o percentual de casas com receptor digital. O governo estima que pouco mais de 40% dos 60 milhões de lares brasileiros dispõem de receptor de sinal digital. Já em 2015, o país poderá contar com um receptor para cada domicílio. Porém, como muitas casas terão mais de um aparelho com a nova tecnologia, ainda poderá haver um déficit de 2 milhões de residências sem a TV digital. Técnicos do governo estiveram Estados Unidos, no Japão e na Coreia do Sul para conhecer as experiências com a migração para o padrão digital. Lins disse que nos EUA foram distribuídos cupons para a população adquirir o conversor de sinal. Segundo ele, o governo poderá adotar uma medida similar para garantir que nenhum brasileiro fique sem TV aberta quando o sinal analógico for desligado. "Gosto da ideia. No nosso caso, podemos incluir o valor no cartão do Bolsa Família. Seria um depósito condicionado à compra do receptor no varejo, não da TV", disse.
Falta comprovar os benefícios dos alimentos orgânicos, dizem pesquisadores
Há 15 anos, poucos conheciam os benefícios dos alimentos orgânicos. Cultivados livres de agrotóxicos e de aditivos químicos, eles eram raridade nas prateleiras dos supermercados. "Quando eu comecei (a comê-los), tinha poucos. Hoje, você encontra praticamente tudo na versão orgânica", afirma Veronilde da Silva Sousa, 36 anos, consumidora assídua dos produtos naturais. Para ela, a lista de vantagens dos orgânicos é longa. "Ingerir orgânicos torna o ato de comer mais prazeroso porque você deixa de focar na quantidade de comida e passa a ver a qualidade, o sabor. O gosto é muito melhor, eles fazem mais bem à saúde", enumera Veronilde, que fez da mudança do hábito alimentar um negócio. Ela é dona de um empório especializado em alimentos do tipo na Asa Norte. Uma polêmica pesquisa da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, divulgada na edição de hoje do periódico Annals of internal medicine, afirma, no entanto, que, embora em relação a muitos aspectos os alimentos orgânicos sejam uma escolha melhor, ainda faltam pesquisas científicas que garantam que os produtos livre de agrotóxicos e pesticidas sejam escolhas mais saudáveis. "Não há muita diferença entre alimentos orgânicos e convencionais se você é um adulto e toma uma decisão baseada apenas em sua saúde", afirmou Dena Bravata, uma das autoras do estudo.
Brasil é o país da América Latina que mais sofre com ataques pela internet
Quito (Equador) - Enquanto você navega pelo Facebook ou verifica seus e-mails tranquilamente, há pessoas empenhadas em roubar sua senha bancária e dados, invadir seu computador e privacidade, infectar sistemas, construir e-mails e sites falsos para lhe enganar. Sem exageros, os números comprovam que, proporcionalmente às facilidades que a internet oferece, os ataques de hackers se expandem. O que querem os cibercriminosos? A maioria, fortuna. A 2ª Cúpula Latino-americana de Analistas de Segurança, realizada pela empresa de antivírus Kaspersky no fim de agosto na capital equatoriana, revelou dados assustadores (apurados entre janeiro e agosto deste ano). Primeiro, páginas de pornografia e pirataria estão no topo das mais arriscadas. Destacam-se, também, as redes sociais, páginas que apresentam falsas promoções e prêmios e campanhas de pessoas que pedem dinheiro e ajuda. Para os especialistas no evento, a América Latina é o paraíso para os criminosos porque são países em crescimento econômico - principalmente o Brasil - com usuários imaturos e despreparados para as ameaças na web.