O novo plano de investimento da Vale para 2013 é previsto pelo mercado entre US$ 17 bilhões e US$ 17,2 bilhões, devendo sofrer corte de 20% ante os US$ 21,4 bilhões anunciados para 2012. O ajuste, projetado por analistas do Santander e do Goldman Sachs, é consequência da queda do preço do minério. A commodity responde por 72% da receita da empresa, incluindo pelotas. Ontem, foi cotada a US$ 95,50 no spot chinês, o piso do ano até agora. A direção da Vale deve divulgar o novo orçamento em novembro, no "Vale"s Day", em Nova York. Para Felipe Reis e Marcelo Aguiar, analistas dos dois bancos, não deve anunciar cortes abruptos ou engavetamento de alguns dos 21 projetos orgânicos em desenvolvimento na companhia e já aprovados pelo conselho. O destaque da lista é o S11D, Serra Sul, e sua logística, considerado "intocável" por Murilo Ferreira, presidente da companhia. A Vale, segundo entendimento de Reis e Aguiar, deve cortar capex (investimento) de manutenção e gastos em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) e manutenção [de projetos], itens administráveis. A perspectiva de "cortar na carne" só será viável se o preço do minério continuar caindo por um bom período de tempo imprevisto, arriscam. Aguiar acredita ser possível haver mais lentidão no ritmo de projetos, como o de potássio de Rio Colorado, na Argentina, avaliado em quase US$ 5 bilhões, no qual a companhia já dispendeu US$ 1 bilhão. Em relatório sobre a companhia, Reis levantou os 21 projetos estratégicos em andamento na Vale, envolvendo minério, carvão, cobre, níquel, potássio, energia, aço e logística, cujo investimento total soma US$ 57,6 bilhões. Até agora, a empresa já investiu US$ 14,7 bilhões desse montante. Falta ainda aplicar US$ 42,8 bilhões em projetos que entrarão em operação até 2016. Nos cálculos de Reis, a Vale vai precisar dispender US$ 11 bilhões por ano, nos próximos quatro anos, para finalizar estes investimentos, em falar em gastos com manutenção. No ambiente atual de retração do minério, a perspectiva é da Vale ter de recorrer a dívida para terminar os projetos ou, dependendo do cenário, congelar alguns. Hoje, as apostas do mercado e mesmo das mineradoras são de que o minério se recupere no final de 2012 ou em 2013 caso as minas da China, com custo marginal de produção, desliguem sua produção ou reduzam a oferta do produto. Isto abriria espaço para a recuperação do preço fortalecendo as gigantes do mercado transoceânico: BHP Billiton, Vale e Rio Tinto. Nesse ambiente incerto, os analistas trabalham com perspectiva de forte redução do caixa operacional dessas mineradoras neste ano e, consequentemente, dos investimento de US$ 21,4 bilhões para o patamar de US$ 17 bilhões para se adaptar a um resultado operacional (Ebitda) menor. Isso vai atingir também o pagamento de dividendos, estimado em US$ 6 bilhões para este ano e US$ 4 bilhões em 2013. As projeções de Ebitda da Vale em 2012 ficam entre US$ 19,7 bilhões e US$ 20 bilhões, segundo Santander e Goldman, bem menos que US$ 32 bilhões e US$ 21,7 bilhões de antes. Em 2013, projetam US$ 25,7 bilhões e US$ 26,1 bilhões, respectivamente. O Santander estima preço médio da tonelada do minério na China de US$ 120 este ano e US$ 129 em 2013. O preço médio de venda da Vale, incluindo desconto, estimado pelo Santander, é de US$ 95 neste ano e US$ 104 em 2013.
Selic deve cair mais
Com a missão de impulsionar a economia por meio da política monetária e da expansão do crédito, o Banco Central se preparara para cortar os juros básicos (Selic), hoje, em mais 0,50 ponto percentual. O ajuste, caso se confirme, levará a taxa dos atuais 8% ao ano para 7,5% - a nona queda seguida desde agosto do ano passado. Na ponta do lápis, a mudança será, neste mês, um alívio modesto: apenas 0,65% de queda para o consumidor que precisar de financiamento. Em 12 meses, porém, as famílias foram beneficiadas com uma queda mais expressiva: as compras a prazo ficaram 18,24 pontos percentuais mais baratas no período. Os dados, da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), mostram ainda que, de todas as linhas de financiamento, apenas o rotativo do cartão de crédito ignorou a queda da Selic no último ano e se manteve praticamente inalterado, em cerca de 230% ao ano (veja quadro). Com o possível ajuste de hoje em 0,50 ponto percentual na taxa básica - como aposta a maior parte do mercado financeiro -, o juro médio anual deve passar de 103,89% para 102,97%. Uma queda considerada pequena por Miguel Oliveira, coordenador de estudos econômicos da Anefac. Segundo ele, a transmissão para a economia real é lenta. "A redução da taxa básica, seja qual for, terá pouco impacto nas operações de crédito. Isso ocorre porque existe um deslocamento muito grande entre a Selic e os juros cobrados dos consumidores, uma diferença de mais de 1.000%", argumentou Oliveira. Para quem deseja economizar nas prestações, sobretudo em financiamentos mais longos, especialistas alertam que pode valer a pena esperar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), pois a cada movimento de queda na taxa, os bancos têm anunciado reduções nos custos dos seus financiamentos. O consumidor precisa lembrar, porém, que, apesar da crença em uma queda, nunca é possível prever os movimentos do BC com exatidão. Nas entrelinhas O estrategista-chefe do Banco WestLB, Luciano Rostagno, é um dos especialistas que acreditam em uma redução de 0,50 ponto percentual. Um movimento que, segundo ele, ficou subentendido na ata da última reunião do Copom, em julho. Ele, porém, tem dúvidas em relação à reunião do Copom de outubro. "Avaliamos que o Banco Central irá proceder com maior cautela após a reunião (deste mês)", disse. "Deve sinalizar para o mercado que o prolongamento do ciclo de afrouxamento monetário, até a reunião de outubro, dependerá da evolução, tanto da atividade econômica doméstica quanto do cenário internacional", observou. Impacto no bolso (Em % ao ano) Um ano após o início do corte nos juros pelo BC, apenas o cartão de crédito não repassou o alívio aos consumidores. Veja quanto era a o custo do crédito no ano passado e para quanto pode baixar neste mês se a Selic recuar mais 0,5 ponto percentual Operações Agosto de 2011 Agosto de 2012 Cartão de crédito 238,30 236,83 Empréstimo pessoal em financeira 191,98 148,48 Crediário em lojas 94,49 71,74 Empréstimo pessoal em banco 72,93 51,63 CDC Veículos 32,46 23,29 Taxa média 121,21 102,97 Fonte: Anefac
Pressão por IPI menor
Empresários reinvindicam a prorrogação do incentivo, que acaba dia 31, se possível, até o fim do ano A quatro dias de acabar a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros, móveis e eletrodomésticos de linha branca - o prazo se encerra em 31 de agosto -, empresários dos setores beneficiados pediram ontem ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que prorrogue os incentivos, se possível até o fim do ano, alegando que as vendas ainda estão longe do ideal. Eles também requisitaram a ampliação da lista de materiais de construção isentos, segmento livre do encargo até o fim de dezembro. O discurso do empresariado ampara-se em estatísticas próprias que indicam o aumento das vendas e a diminuição dos estoques nas fábricas durante o período em que as isenções estiveram em vigor. Pedidos como esse têm sido uma constante e tendem a se proliferar esta semana. Hoje, será a vez de o Mantega ouvir os pleitos de outros dois setores: máquinas e capital e automobilístico, que pede, além da extensão do IPI, a desoneração da folha de pagamentos e a flexibilização de exigências que serão cobradas das montadoras no novo regime automotivo, previsto para entrar em vigor em janeiro de 2013. Como contrapartida, o Executivo exige que os segmentos beneficiados mantenham os empregos em alta e reduzam os preços dos produtos para o consumidor final, pontos ainda sob desconfiança da equipe econômica. Internamente, há uma preocupação do governo de que setores estejam usando os benefícios para fazer caixa, o que é rechaçado pelos empresários. Boa impressão Nas conversas conduzidas por Mantega e pelo secretário executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, representantes da indústria e do varejo garantiram o cumprimento das promessas feitas, como a manutenção dos empregos. Bastante cobrado, Lourival Kiçula, que preside a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), acredita ter causado uma boa impressão com os dados apresentados ao ministro. "Acredito que ele está convencido (de que as promessas foram cumpridas), mas isso tem que ser perguntado para ele", disse. Além dele, participaram da reunião de ontem cerca de 15 empresários. A fim de mostrar que o bom desempenho das vendas está ligado às desonerações, a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) disse que, no primeiro semestre de 2012, as vendas da chamada linha branca aumentaram 8,6%. O segmento conta com o IPI menor desde maio. Mas, mesmo com esse bom resultado, as vendas gerais de eletros e eletrônicos despencou em 2012. "Quando você soma tudo, inclusive a linha branca, o setor caiu mais de 10% no primeiro semestre", afirmou o presidente da Abinne, Humberto Barbato, que está otimista por mais uma renovação da isenção pelo governo. "Eu acredito que vai sair", apostou. Mais 50 artigos A lista de itens desonerados no setor de materiais de construção chega hoje a 46. Os representantes do segmento querem, além da expansão do número de produtos, que as isenções se prorroguem para 2013. A expectativa, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover, é que outros 50 artigos sejam beneficiados pela redução do IPI.
Brasileiros endividados
Diante do crédito mais barato para o consumo e do posicionamento mais agressivo de bancos públicos frente aos concorrentes, o endividamento dos brasileiros seguiu em forte expansão este mês. Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), cresceu, pelo terceiro mês consecutivo, o número de brasileiros com dívidas - passou de 57,6% das famílias em julho para 59,8% em agosto. O estudo foi feito com base em consumidores que declararam ter gastos a pagar no cheque pré-datado, no cartão de crédito, em carnê de loja, no empréstimo pessoal e em prestação de carro e seguro. Se comparado a igual período do ano passado, porém, a quantidade de endividados está menor - em 2011, era de 62,5%. Os registros de contas em atraso em 2012 também preocupam especialistas. Na comparação entre julho e agosto, o percentual de inadimplentes passou de 21% para 21,3%. Para a CNC, apesar desse crescimento, porém, essa realidade tem melhorado. Em relação a agosto do ano passado, a redução é de 1,1 ponto percentual. Na visão de especialistas, a queda dos juros e a possibilidade de trocar dívidas mais caras por outras menos pesadas têm facilitado a reorganização financeira dessas famílias.
Testes de vacina contra dengue
O Instituto Butantan espera iniciar em um mês em São Paulo os testes em voluntários para o desenvolvimento de uma vacina brasileira contra o vírus da dengue. A expectativa é de que até 2015 o medicamento seja colocado à venda no País. O imunologista Jorge Kalil, um dos responsáveis pela vacina, diz que o início dos primeiros testes com seres humanos depende apenas da liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Esta é a segunda fase da pesquisa, que teve início a partir de um produto desenvolvido desde 2005 em laboratórios norte-americanos. "Pretendemos iniciar em 30 dias essa nova etapa, que deve se prolongar pelos seis meses seguintes". Kalil explica que a terceira fase será aleatória, com testes cegos em pessoas expostas a áreas com altos índices de casos de dengue, em experimentações que vão durar outros seis meses. "Depois disso, se tudo ocorrer como o planejado, enviaremos um dossiê para os órgãos de saúde para posterior aprovação". No País, porém, há outra vacina sendo testada. O laboratório francês Sanofi Pasteur atua em cinco capitais brasileiras (Campo Grande, Fortaleza, Goiânia, Natal e Vitória) para verificar os efeitos, que até o momento têm sido parciais - o medicamento mostrou capacidade para proteger contra três das quatro cepas virais causadoras da doença.Caso seja aprovada, a vacina do laboratório francês poderá ser colocada no mercado em 2014. (Fonte: Portal R7)
Aspirina reduz risco de morte por câncer de próstata
Homens em tratamento por câncer de próstata que tomavam aspirina regularmente em função de outros problemas médicos tiveram probabilidade menor de morrer de câncer que pacientes que não tomavam aspirina. A informação consta de um novo estudo publicado no "Journal of Clinical Oncology". O novo estudo não é um experimento clínico aleatoriamente controlado do tipo visto como o padrão de excelência na medicina, mas vem se somar a um conjunto interessante e crescente de evidências indicando que a aspirina pode exercer papel benéfico no tratamento e, possivelmente, na prevenção de diversos cânceres. Boa parte das pesquisas anteriores sobre aspirina versava sobre o câncer de cólon. "Trata-se de mais uma evidência sugerindo que a aspirina parece realmente exercer esse efeito contra o câncer em partes diferentes do corpo", disse o professor Andrew T. Chan, da Escola Médica de Harvard, que estuda o papel da aspirina na prevenção do câncer colorretal, mas não participou da nova pesquisa. No novo estudo, pesquisadores usaram o banco de dados do projeto americano CaPSURE (Pesquisa Urológica Estratégica do Câncer de Próstata) para analisar os casos de quase 6.000 homens que apresentavam câncer de próstata localizado e foram tratados com cirurgia ou radioterapia. Um pouco mais de um terço deles --2.175 dos 5.955 homens-- tomavam anticoagulantes, em sua maioria aspirina. Aqueles que tomavam aspirina tiveram menos da metade da probabilidade dos que não a estavam tomando de morrer de câncer de próstata em um período de dez anos, calcularam os pesquisadores. O índice de morte por câncer de próstata dos que tomavam aspirina foi de 3%, contra 8% entre os que não tomavam aspirina. Os pacientes que tomavam aspirina também tinham chances significativamente menores de sofrer uma recorrência do câncer de próstata ou de a doença atingir seus ossos, revelou o estudo. O estudo não é o primeiro a constatar uma redução de recorrência entre pacientes de câncer de próstata que tomam aspirina. Pesquisadores do Centro Fox Chase de Câncer, na Filadélfia, relataram neste ano que, entre 2.051 pacientes com câncer de próstata, aqueles que não usavam aspirina tiveram duas vezes mais chances de apresentar uma recidiva no prazo de 18 meses, recidiva essa detectada pela elevação dos escores no teste de PSA, importante para prever as chances de metástase (volta do câncer) e sobrevivência. Embora o novo estudo tenha examinado apenas a mortes por câncer de próstata, os pesquisadores se esforçaram para assegurar que os usuários de aspirina não estivessem tendo menos mortes por câncer de próstata apenas por serem mais idosos e, portanto, terem maior probabilidade de morrer de outras doenças antes de o câncer de próstata ter avançado o suficiente para matá-los, disse Kevin S. Choe, autor principal do estudo e professor assistente de radiologia oncológica no Centro Médico Southwestern da Universidade do Texas em Dallas. Choe disse que seria ideal realizar um grande estudo aleatório, mas que fazê-lo com pacientes de câncer de próstata seria difícil, "porque devido à progressão natural da doença, você não toma conhecimento dela por dez a 15 anos; seria necessário acompanhar as pessoas por muitos anos". E há pouco dinheiro disponível para pesquisas com aspirina porque ela é barata e facilmente disponível, ele observou. O câncer de próstata é o câncer mais comum entre os homens e o segundo maior causador de mortes por câncer entre os homens. Muitos americanos tomam aspirina infantil para reduzir seu risco de doenças cardíacas, mas tomar aspirina regularmente é arriscado. Os pacientes geralmente são aconselhados a fazê-lo apenas quando se supõe que o risco de problemas cardiovasculares seja maior que os riscos associados à aspirina, que incluem hemorragia gastrintestinal e AVC hemorrágico. Mas, embora os médicos relutem em prescrever aspirina a pacientes saudáveis, acrescentá-la a um tratamento medicamentoso contra câncer envolveria um conjunto diferente de cálculos. Como os pacientes já estão doentes, aumenta a probabilidade de os benefícios potenciais pesarem mais que os possíveis malefícios. Otis Brawley, diretor médico principal da Sociedade Americana de Câncer, acredita que as propriedades anti-inflamatórias da aspirina podem ajudar na prevenção de doenças cardíacas e do câncer. "Inflamações podem não causar câncer, mas podem promover o câncer --podem ser o fertilizante que faz o câncer crescer", disse Brawley.