Indústria e consumidores também sentem os reflexos da cobrança de ICMS na conta de luz, em média de 31,5% no país. Como o imposto é estadual, a alíquota tem pesos diferentes. No Rio, é de 35,6% e, em São Paulo, 30,6%, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Para especialistas, é preciso vontade política para mudar o tributo, tido como alto, que onera empresas e tira competitividade da indústria. - O ICMS pune indústria e consumidor. E há casos graves, como indústrias exportadoras, que não conseguem compensar o imposto. Pagam ICMS na compra da matéria-prima e na venda do produto final - diz o consultor de energia elétrica Raimundo Batista. Para mostrar o peso do ICMS e outros encargos na conta de luz, a Firjan elaborou um ranking com a tarifa média de energia elétrica em 27 países e em todos os estados brasileiros. Nessa lista, o Rio ocupa a 47ª posição de um total de 54. Se fosse um país, estaria entre as nações com um dos custos mais altos do mundo. No estado, a tarifa média da energia da indústria era de R$ 356,7 o Megawatt-hora (MWh) em 2011. Entre os países, só República Tcheca (R$ 376,4), Turquia (R$ 419) e Itália (R$ 458,3) têm preços maiores. - Os estados têm que agir de forma complementar ao governo federal, para dar competitividade à indústria do país - afirmou o gerente da Firjan Cristiano Prado. (Bruno Rosa e Danielle Nogueira)
Lei do Bem vai baratear smartphone
SÃO PAULO O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, acredita que até o Natal os brasileiros poderão encontrar smartphones mais baratos no país, graças à inclusão desses aparelhos na Lei do Bem, que concede isenções fiscais para os fabricantes. A desoneração faz parte da Medida Provisória 563 que, segundo Bernardo, será sancionada pela presidente Dilma Rousseff na próxima segunda-feira, dia 17, juntamente com o regime especial de incentivos fiscais para a construção de redes de telecomunicações. Ambas as medidas ainda dependerão de decretos dos ministérios das Comunicações, Fazenda e Desenvolvimento para entrar em vigor. Mas, segundo Bernardo, os textos-base desses decretos já estão prontos e devem ser publicados rapidamente, para que os preços baixos cheguem ao consumidor ainda este ano. - Se tivermos a edição rápida do decreto saindo até o final de outubro, vamos ter vendas no Natal com os produtos mais baratos - afirmou Bernardo ontem, depois de participar do lançamento do primeiro celular 4G fabricado no Brasil, da Motorola. Uma vez incluídos na Lei do Bem, os smartphones ficarão isentos do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) e do PIS/Cofins, o que representará redução de até 25% nos preços ao consumidor, para o produto importado, e um pouco menos para os fabricados aqui, que já são beneficiados por reduções de impostos. A Motorola acredita que, se a desoneração entrar em vigor neste semestre, as vendas de smartphones podem crescer até 40% se comparadas ao primeiro semestre do ano. - Acreditamos que a mudança da lei poderá trazer uma redução entre 8% e 20% no preço final ao consumidor, da mesma forma que ocorreu no caso dos tablets - disse Sergio Buniac, vice-presidente da Motorola Mobility no Brasil. A Motorola lançou ontem o RAZR HD, seu smartphone 4G, que deve chegar ao público na próximas semanas, inicialmente nas lojas da operadora Claro. O aparelho, que já está habilitado para funcionar nas redes 4G que a operadora está construindo em caráter experimental em algumas cidades, será vendido por R$ 1.999 no plano pré-pago. No plano pós-pago, o smartphone sairá por R$ 999. - Acreditamos que as pessoas vão querer ter já um aparelho habilitado para o 4G, mesmo que precisem usar o 3G enquanto não for instalada a nova rede - afirmou o presidente da Claro no Brasil, Carlos Zenteno. Pressão sobre operadoras Paulo Bernardo, que ontem participou do segundo evento da Claro em menos de uma semana, garantiu que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) continua fiscalizando a qualidade do atendimento ao consumidor, mesmo após o fim da suspensão das vendas de chips - que atingiu as operadoras de telefonia Tim, Oi e Claro. O resultado dos três primeiros meses de monitoramento será divulgado em novembro pela Anatel. - As pessoas têm falado que melhorou, mas acho que isso deve ser medido com muito critério. Vamos esperar novembro para ver o quanto melhorou e, se não melhorar, vamos ter briga - afirmou.
Reajuste de combustível virá cedo ou tarde
No Congresso, presidente da Petrobras se diz constrangida com as atuais cotações das ações da empresa e garante que prejuízo do segundo trimestre não se repetirá No mesmo dia em que o governo anunciou a redução do custo de energia às famílias e às empresas, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado(CAE), que os combustíveis devem ser reajustados. Segundo ela, a correção dos preços da gasolina e do diesel não deve ser feita de imediato, mas é importante ter em mente que a companhia busca convergência com os valores praticados no exterior. Na avaliação dela, o aumento dos combustíveis é fundamental para que a estatal cumpra seu plano de investimentos, de US$ 236 bilhões, nos próximos cinco anos. "Não acreditamos que a paridade imediata dos preços seja saudável para o país. O efeito de alta de preço do combustível na economia é grande", afirmou Graça Foster. Pelo que já sinalizou o governo, o reajuste poderá sair no fim deste ano ou no início de 2013, quando entrará em vigor a redução da conta de luz. Um aumento compensará o outro na inflação. A defasagem dos preços da gasolina nas refinarias brasileiras em relação aos dos Estados Unidos é de 27,2%, segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). A do diesel, de 27,7%. A diferença ocorre porque os preços dos combustíveis no mercado norte-americano flutuam de acordo com as cotações do petróleo nas bolsas internacionais. Já no Brasil, os valores seguem a política do governo, controlador da Petrobras, de não impactar a inflação e facilitar o caminho do Banco Central para o corte da taxa básica de juros (Selic). Recentemente, o Palácio do Planalto permitiu que a estatal reajustasse os preços da gasolina e do diesel nas refinarias, mas compensou os aumentos com a redução da Cide, imposto que incide sobre o setor. Para não criar expectativas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que não há aumento de preço dos combustíveis "no horizonte". Promessas O fato de o governo estar segurando novos reajustes dos combustíveis vem custando caro à Petrobras, cujas ações despencaram nas bolsas de valores, sobretudo depois de a empresa ter registrado, entre abril e junho, o primeiro prejuízo em 13 anos. Não à toa, Graça Foster afirmou estar constrangida com as cotações dos papéis da companhia, que, a seu ver, voltarão para um patamar "justo". Para isso, ela assegurou que a petrolífera não voltará a ter perdas. "É bastante constrangedor quando a gente conversa sobre o valor das ações. Elas estão muito, muito abaixo do valor real. Mas temos um trabalho focado na conclusão dos projetos e na produção. Certamente, por consequência, o valor voltará ao patamar correto, o patamar justo, de antes da época da capitalização da empresa (ocorrida em 2010)", disse a executiva. Ela assegurou que o prejuízo de R$ 1,3 bilhão do segundo trimestre do ano foi causado por uma conjunção de fatores que não se repetirão, como a alta no dólar, que elevou a dívida da empresa. Diante dessa promessa, recomendou aos investidores que comprem mais ações da estatal. A presidente da Petrobras disse ainda serem inverídicas as recentes denúncias encaminhadas ao Ministério Público, pela Polícia Federal, de que a empresa estaria despejando toneladas de resíduos tóxicos no mar sem tratamento adequado. O relatório da PF afirma que a estatal não respeita a legislação sobre o tratamento e o descarte da água tóxica - chamada de "água de produção" ou "água negra" -, que se mistura ao óleo prospectado nas unidades marítimas de produção. "Nós seguimos regras muito claras, que estão redigidas, explícitas e são tão exigentes como as dos Estados Unidos e da Europa", frisou.
Bancários fazem assembleia nesta quarta-feira (12/9) com indicativo de greve
Diante do impasse nas negociações com a Fenaban os bancários decidiram, por orientação do Comando Nacional dos Bancários coordenado pela Contraf-Cut, realizar assembleias em todo o país com indicativo de greve a partir do dia 18/9. A proposta de reajuste salarial apresentada pelos bancos de 6% não agradou a categoria que reivindica o percentual de 10,25% de aumento, com ganho real de 5%. Os bancos não apresentaram nova proposta na última reunião do dia 4 de setembro, em São Paulo, o que motivou a definição das assembleias. Confira as principais reivindicações dos bancários ● Reajuste salarial de 10,25% (aumento real de 5%). ● Piso salarial de R$ 2.416,38. ● PLR de três salários mais R$ 4.961,25 fixos. ● Plano de Cargos e Salários para todos os bancários. ● Elevação para R$ 622 os valores do auxílio-refeição, da cesta-alimentação, do auxílio-creche/babá e da 13ª cesta-alimentação, além da criação do 13º auxílio-refeição. ● Mais contratações, proteção contra demissões imotivadas e fim da rotatividade. ● Fim das metas abusivas e combate ao assédio moral. ● Mais segurança. ● Igualdade de oportunidades.
Estudo descarta que ômega 3 reduza risco de AVC e ataque cardíaco
Washington - Um novo estudo contesta a capacidade dos ácidos-graxos ômega 3 de evitar derrames, ataques cardíacos ou até mesmo a morte, apesar de serem aclamados há anos pela capacidade de melhorar a saúde do coração. A pesquisa, que acompanhou cerca de 70 mil pacientes de um hospital da Grécia que receberam suplementos de ácidos-graxos poliinsaturados ômega 3, será publicado na edição desta quarta-feira do periódico Journal of the American Medical Association (JAMA). Segundo os cientistas, pacientes do Hospital Universitário de Ioannina não demonstraram redução estatisticamente significativa de óbitos ou de doenças do coração e questionaram se o ômega 3 deveria ser administrado com o objetivo de otimizar a saúde cardíaca do doente. "Nossas descobertas não justificam o uso de ômega 3 como uma intervenção estruturada na prática clínica cotidiana ou indicam uma dieta rica em ômega 3", explicou Evangelos Rizos, principal autor do estudo. Após examinar 20 estudos compreendendo um total de 68.680 pacientes aleatórios, os cientistas reportaram a ocorrência de 7.044 óbitos, 3.993 óbitos de causas cardíacas, 1.150 mortes repentinas, 1.837 ataques cardíacos e 1.490 derrames. Uma análise destes números não indicou qualquer associação "estatisticamente significativa" com as mortes por causas variadas e óbitos por causas cardíacas, morte súbita, ataque cardíaco e derrame quando considerados os estudos sobre os suplementos. Leia mais notícias de Ciência e Saúde Com base em uma série de testes clínicos, há anos profissionais de saúde enaltecem os benefícios do ômega 3, mas os autores destacaram que outras pesquisas fracassaram em sustentar estas afirmações. O informe publicado no JAMA destacou que algumas agências reguladoras nacionais da Europa aprovaram a administração de suplementos de ômega 3 para reduzir o risco de ataque cardíaco e derrame. Embora afirmem que é preciso fazer mais pesquisas, os cientistas destacaram ser possível que estudos demonstrando algum benefício para a saúde cardíaca com a ingestão de ácidos-graxos ômega 3 "podem se dever à sua habilidade em reduzir os níveis de triglicerídios, prevenir arritmias sérias, diminuir a agregação plaquetária e diminuir a pressão sanguínea".
Bancos de investimento farão mais ajustes
Nos últimos dois anos, os bancos de investimento tentaram, em grande medida, fazer frente à queda vertical dos negócios e à enxurrada de regulamentação, mutilante em termos de lucros, com uma tentativa não direcionada de fechar postos de trabalho e capacidade em todos os segmentos de negócios. O número de empregos em atendimento direto ao público dos 10 maiores bancos de investimento caiu 9% desde 2010, segundo dados do grupo de pesquisa Coalition. Mas, depois de um segundo trimestre tenebroso e de um terceiro igualmente lento, em que algumas áreas de sucesso como a emissão de bônus corporativos pouco provavelmente compensarão a escassez de negócios, de transações e de atividades dos mercados de capitais em outros países, os executivos dos bancos começaram a entender que serão necessárias medidas muito mais arrojadas. O panorama mostra-se especialmente sombrio na Europa. "Todos os modelos de negócios estão sofrendo forte pressão e quase todo mundo está perdendo dinheiro na área de banco de investimento na Europa. Já houve uma redução significativa da capacidade, mas todo mundo está reexaminando as estruturas de custos", diz o diretor de banco de investimentos europeu de um grande banco mundial. Os bancos estão sofrendo de problemas cíclicos como economia fraca, queda do nível de atividade em transações, aumento dos custos de captação e um ambiente de juros baixos. Todos esses fatores agravam as dificuldades estruturais decorrentes do enrijecimento da regulamentação. Ao mesmo tempo, a redução do quadro de funcionários pelo desgaste natural está em patamares recordes de baixa apesar da queda dos bônus, uma vez que os altos executivos dos bancos se aferram aos seus empregos sabendo que não há muitas outras oportunidades por aproveitar. Após anos de cortes em todas as linhas de negócios, os bancos estão retomando uma medida mais drástica: retirar-se definitivamente de determinadas linhas de negócios. Essa tendência é mais notória na japonesa Nomura, que vai fechar pelo várias centenas de postos de trabalho nas divisões de transações com ações e banco de investimentos de seu problemático banco de atacado no exterior, como parte de sua campanha de US$ 1 bilhão em redução de custos. A iniciativa permitirá à empresa continuar a investir em áreas percebidas como seus pontos fortes, como renda fixa, assessoria a "financial sponsors" (private equity), fusões e aquisições transnacionais ou financiamento alavancado. Outros bancos, como o Royal Bank of Scotland (RBS) e o UBS, foram obrigados, por fracassos anteriores, a serem pioneiros ainda mais precoces dessa tendência. O RBS, pressionado pelo governo a diminuir seu balanço, fechou ou vendeu rapidamente este ano suas divisões de corretagem, de transações com ações em bolsa e de operações em mercados de capitais, e se concentrou, em vez disso, em áreas como renda fixa e gerenciamento de risco. O UBS, o maior banco da Suíça, trilhou caminho semelhante, ao fechar, em nove meses, mais de 1,4 mil postos de trabalho de seu total de empregos de quase 18 mil no banco de investimentos, ao sair de áreas de atuação como transações proprietárias com ações e de produtos estruturados complexos e aproximou a divisão de sua administração de grandes fortunas, área na qual é líder de mercado. A instituição ainda tem quase 600 postos de trabalho por fechar segundo as regras de seu atual programa de reestruturação, mas pessoas familiarizadas com a empresa dizem que está sendo previsto um número ainda maior de cortes. No mesmo sentido, o Credit Suisse, que pretende baixar os custos em mais 1 bilhão de francos suíços (US$ 1 bilhão), numa operação que poderá levar ao fechamento de não menos que 1 mil vagas em todo o grupo - a maioria das quais no banco de investimento -, está se retirando do setor de títulos comerciais lastreados por contratos de crédito imobiliário e de securitizações de classificação de risco mais baixa, entre outras áreas de atuação. Por seu lado, os bancos franceses BNP Paribas e Société Générale desativaram negócios financiados em dólar, como o financiamento voltado para os setores de energia e naval. Com muitos desses cortes limitados a aspectos secundários, a maioria dos bancos manteve a ampla linha de produtos. No entanto, especialistas do setor bancário dizem que mesmo bancos de investimento de primeira linha começam agora a pensar em se concentrar em seus principais negócios. "O que veremos é que os bancos não vão fechar áreas de atuação de imediato, mas deixarão de investir nelas e sairão delas no longo prazo", diz Jonathan Eckman, um dos sócios da empresa de recrutamento de executivos de banco de investimento Aubreck Leung. Albert Laverge, diretor do escritório de banco de investimento mundial da Egon Zehnder, diz: "uma série de bancos avaliou no decorrer do segundo e do terceiro trimestres em que áreas devem reduzir a ênfase e em que outras querem continuar a investir". Um dos bancos que deverão revelar medidas desse gênero, segundo se prevê, é o Deutsche Bank, cujos novos coprincipais executivos, Anshu Jain e Jürgen Fitschen, vão apresentar aos investidores uma análise estratégica na semana que vem. Eles deverão esclarecer os detalhes das áreas de banco de investimento a serem priorizadas pelo Deutsche, em medidas que deverão aumentar o recentemente anunciado total de 1,5 mil postos de trabalho a serem cortados. Analistas também preveem que o novo principal executivo do Barclays, Antony Jenkins, ele mesmo um alto executivo de banco de varejo e corporativo, remodele o banco de investimentos do grupo reduzindo alguns de seus departamentos asiáticos de transações com ações. Embora mudanças desse tipo restrinjam a capacidade, os analistas argumentam que elas estão longe de serem suficientes. Um dos problemas provém do enrijecimento das normas de capitalização promovido por Basileia 3, que fez com que todos os bancos superalocassem dinheiro e pessoal em divisões menos intensivas em capital, como assessoria em fusões e aquisições e em transações com ações - mercados que passam por baixas cíclicas, e com relação aos quais alguns argumentam que essas quedas de volumes resultam de uma mudança estrutural que chegou para ficar. No primeiro semestre, os níveis dos quadros de funcionários em assessoria e mercados e de capitais eram 4% superiores aos de 2008 nos dez maiores bancos de investimento, segundo a Coalition. "Os bancos de investimento têm custos demais em áreas de negócios de baixa receita. Esses bancos têm um número de pessoas excessivamente grande vendendo produtos que os clientes não valorizam o suficiente para bancar", escreveu Matt Spick, do Deutsche Bank, em nota recente. Os executivos dos bancos esperam que a próxima rodada de cortes seja mais estratégica.