A concentração de renda do trabalho no Brasil diminuiu entre 2009 e 2011. Mas, os mais bem remunerados ainda concentram mais de um terço do total de ganhos originados do trabalho no país, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira, ao divulgar a edição mais recente de sua Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Informações do levantamento mostram que, em 2011, 10% da população ocupada no mercado de trabalho brasileiro concentrava 41,5% do total de rendimentos do trabalho. Embora ainda elevado, este percentual representa uma melhora ante 2009, quando a fatia para a mesma faixa era maior, de 42,5%. Já os 10% da população ocupada no mercado de trabalho com os rendimentos mais baixos responderam por 1,4% do total dos ganhos - sendo que, em 2009, este percentual era de 1,2%. Outra notícia salientada pelo instituto foi a performance do Índice de Gini para os rendimentos de trabalho no Brasil, que recuou de 0,518 em 2009 para 0,501 em 2011. O indicador mede o grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita. Quanto mais próximo de zero, menos concentrada é a distribuição dos rendimentos. O avanço da renda do trabalhador ocorreu em todas as regiões do país e em todas as categorias de emprego pesquisadas pelo IBGE. Houve um incremento de 8,3% na renda do trabalhador de 10 anos ou mais de idade entre 2009 e 2011, de R$ 1.242 para R$ 1.345 no período. Entre as regiões, o maior avanço foi apurado na região Nordeste, onde a renda média real do trabalho saltou 10,7% no período, de R$ 822 para R$ 910. O ritmo de aumento no Nordeste foi seguido de perto pela alta registrada na região Centro-Oeste, que mostrou elevação de 10,6% na renda do trabalho no mesmo período, de R$ 1.469 para R$ 1.624. Ocorreram, ainda, elevações nas rendas dos trabalhadores das regiões Sudeste (7,9%); Norte (7,7%); e Sul (4%), cujos valores de renda média originada do trabalho avançaram de R$ 1.411 para R$ 1.522; de R$ 1.021 para R$ 1.100; e de R$ 1.405 para R$ 1.461, respectivamente. De maneira geral, a evolução da renda do trabalho nas regiões obedece a uma tendência detectada pelo IBGE na Pnad: os níveis de salários mais baixos foram os que mostraram maior magnitude de crescimento entre 2009 e 2011. Cálculos do instituto mostram que a maior elevação nos rendimentos do trabalho (29,2%), entre 2009 e 2011, ocorreu entre os 10% da população ocupada com rendimentos mais baixos. Neste período de comparação, nesta faixa pesquisada de menores ganhos, a renda média do trabalhador subiu de R$ 144 para R$ 186. A Pnad também mostrou que a taxa de analfabetismo entre pessoas de 15 anos ou mais de idade recuou de 9,7% para 8,6% no país entre 2009 e 2011. Porém, mesmo com o recuo, o Brasil ainda tinha 12,9 milhões de analfabetos em 2011. A maior queda na parcela de analfabetos, no período, ocorreu na região Nordeste, cuja taxa passou de 18,8% em 2009, ano de referência da Pnad anterior; para 16,9% no levantamento anunciado hoje. Mas a redução não deve ser motivo de comemoração: o IBGE ressaltou que, mesmo apresentando quedas sucessivas nos últimos anos, a taxa de analfabetismo na região Nordeste atinge quase o dobro da média nacional.
Análise técnica vê Ibovespa rumo aos 65 mil pontos
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Bancos centrais mostram seu poder
As enormes injeções de estímulos nos mercados financeiros dadas pelos maiores bancos centrais do mundo estão criando um efeito dominó em todo o planeta. As medidas levam governos desde o Brasil até a Turquia a tomarem providências para impedir que o dinheiro decorrente do afrouxamento monetário inunde seus mercados e puxe para cima o valor de suas moedas. O Banco do Japão (BoJ) se tornou na quarta o mais recente BC a afrouxar a política monetária. A medida se segue a promessas arrojadas feitas pelos dois maiores bancos centrais do mundo de lançar programas a fundo perdido destinados a sustentar suas economias. O empenho do BoJ visa, em grande medida, estimular a economia moribunda do Japão, em parte reforçando com dinheiro os mercados financeiros, assim como pressionar para baixo o valor do iene para ajudar os exportadores do país. O banco aumentou a magnitude de seu programa de compra de ativos para 80 trilhões de ienes (US$ 1 trilhão) e o prorrogou em seis meses, para até o fim de 2013. O Banco Central Europe (BCE) disse no início do mês estar preparado para comprar títulos dos países da zona do euro que precisam de ajuda para controlar seus custos de captação. O Fed (BC dos EUA) anunciou na semana passada um programa que pretende adquirir US$ 40 bilhões ao mês em títulos referenciados em contratos de crédito imobiliário até a economia se recuperar. Muitos investidores preveem que o Banco da Inglaterra, o BC britânico, anunciará suas próprias medidas adicionais de estímulo ao crescimento. Em meio à enxurrada de notícias vindas dos BCs, os mercados financeiros estão animados, mas calmos. Os investidores observam que as ações e outros investimentos de maior risco apresentaram grandes recuperações ao longo do terceiro trimestre, movidos, em parte, pelas expectativas de uma política monetária mais folgada, o que amorteceu a reação às notícias. O índice Standard & Poor"s 500 subiu 1,65% desde a quarta-feira passada, o dia anterior ao anúncio, pelo Fed, de seu mais recente afrouxamento. Em vista da aparente desaceleração da economia mundial, preocupações com a inflação ou com bolhas dos preços dos ativos decorrentes do empenho dos bancos centrais de injetar dinheiro no sistema financeiro foram, na maioria, postas em banho-maria. Mas, se o nível de atividade da economia se intensificar, essas preocupações poderão ser retomadas em pouco tempo, principalmente no que diz respeito às commodities ou a investimentos de maior retorno. E, em vista de o Fed e outros BCs de peso parecerem comprometidos com longos períodos de dinheiro decorrente do afrouxamento monetário, os investidores preveem que os efeitos de seus atos durarão por meses ou anos. Os esforços dos maiores BCs mundiais para estimular o crescimento de suas próprias economias já estão repercutindo nos mercados financeiros. Os investidores estão migrando a países e ativos que oferecem juros mais altos do que as taxas baixíssimas oferecidas no Japão, nos Estados Unidos e em partes da Europa. Isso está levando outros BCs a empregarem suas próprias medidas, em parte para manter baixas suas taxas de juros ou para tornar suas moedas menos atraentes. Uma moeda mais depreciada torna as exportações de um país financeiramente mais acessíveis no exterior. Ao mesmo tempo, torna as exportações de outros países mais caras. Essa dinâmica eleva o estímulo para que as autoridades de política monetária desvalorizem suas próprias moedas para que seus países continuem competitivos nos mercados mundiais. Como ocorreu em episódios passados de afrouxamento monetário adotados pelos principais bancos centrais de mercados desenvolvidos, muitos investidores estão afluindo para os mercados emergentes que oferecem retornos mais altos e economias de modo geral mais saudáveis. "Todo esse dinheiro gerado pelo Fed vai bater em países estrangeiros", disse Komal Sri-Kumar, estrategista-chefe mundial da gestora de investimentos TCW. "Os mercados emergentes vão ficar tentados a reduzir as taxas de juros... para neutralizar a possibilidade de suas moedas se valorizarem demais." O governo brasileiro tomou medidas na segunda-feira para evitar que as possíveis ondas resultantes do afrouxamento do Fed impulsionem sua moeda, promovendo os chamados swaps cambiais reversos para impedir a valorização do real. Também na segunda, o governo do Peru ajustou a estratégia de intervenções para enfraquecer sua moeda, o sol peruano, e na terça a Turquia anunciou corte maior do que o esperado nos juros. Diferentemente das ocasiões anteriores, que criaram temores de uma "guerra cambial", com ondas de dinheiro dirigindo-se aos países emergentes, há quem acredite que desta vez não haverá reações. Autoridades na Coreia do Sul, Tailândia, Cingapura e Filipinas mostraram-se cautelosas com a alta de suas moedas depois do anúncio do Fed, embora todas tenham declarado estar preparadas para suavizar as oscilações dos mercados se os fluxos de capitais se tornarem excessivos. Investidores, como Alessio de Longis, gestor de carteiras na Oppenheimer Funds, firma com US$ 182 bilhões sob administração, vêm comprando moedas de países como Polônia, Noruega, México e Canadá, cujos bancos centrais parecem menos propensos a tomar medidas para desvalorizar suas moedas em relação ao dólar. Na rodada anterior de afrouxamento monetário quantitativo do Fed, o dólar desvalorizou-se de forma significativa em relação à maioria das moedas. O índice The Wall Street Journal Dollar, que compara o valor do dólar em relação a uma cesta de moedas importantes, caiu 18% nos 13 meses posteriores a junho de 2010, desde que começaram a aumentar as expectativas de que haveria mais estímulos do Fed até o fim do programa de compras de US$ 600 bilhões em bônus no verão americano seguinte. No mesmo período, o índice desvalorizou-se 20% e 18%, respectivamente, em relação ao real e ao won sul-coreano. O declínio do dólar mostrou-se menos pronunciado nas vésperas do anúncio da semana passada. O índice WSJ Dollar está em queda de 6% (na quarta) em relação ao pico de 2012, atingido em julho. O atual cenário é bem diferente do fim de 2010, quando o Fed lançou seu segundo grande programa de compra de bônus, chamado de QE2, para afrouxamento monetário. Na época, o forte crescimento nos países emergentes ajudou a atrair investidores das economias avançadas. As medidas do Fed desencadearam altas reclamações, por parte do Brasil, China e outras potências emergentes, de que um aumento no fluxo de "dinheiro especulativo" aos países desestabilizaria suas economias e alimentaria a indesejada inflação. Em contraste, a criação de empregos nos EUA teve forte desaceleração desde o início do ano. A região do euro já está em recessão, prejudicada pelo agravamento da situação econômica nos países do Sul da Europa, como Espanha e Itália, que se espalhou para seus vizinhos do norte. A maioria das economias emergentes, por sua vez, enfrenta problemas em seus setores de exportação, como consequência das mazelas na Europa. Quase toda grande economia no mundo está vendo seu setor industrial contrair-se, segundo as pesquisas mais recentes de institutos de gerentes de compras. Recentes análises do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre os efeitos da QE2 descartaram muitas das preocupações levantadas originalmente pelo programa de compra de bônus. "Acho que, olhando em retrospectiva, os brasileiros e os chineses, que estiveram entre os maiores críticos da QE2, mudaram sua forma de ver", afirmou Joseph Gagnon, pesquisador sênior do Peterson Institute for International Economics e ex-economista do Fed. Há menos probabilidade de que os países emergentes reclamem desta vez, depois de terem tomado suas próprias medidas para impulsionar as exportações. A China pode limitar a valorização de sua moeda, apesar dos apelos dos EUA para deixar o yuan subir, mas o país "não correrá o risco de um confronto direto com Washington com as eleições se aproximando", disse o economista Simon Evenett, da Universidade de St. Gallen, na Suíça. E o Brasil "perdeu muita credibilidade" ao já ter desvalorizado sua moeda, afirmou. (Tradução de Sabino Ahumada e Rachel Warszawski)
Bancos querem fim do parcelamento no cartão
Os bancos querem suspender o parcelamento, sem juros, de compras efetuadas por meio de cartões de crédito. Essa será uma das condições impostas ao governo pelas instituições financeiras para que reduzam os encargos cobrados no crédito rotativo, que, em média, estão em 10,7% ao mês ou 238% ao ano. Segundo representantes do setor, o parcelamento é definido livremente pelos lojistas e os prazos, de até 24 meses, para pagamento impõem um custo pesado às administradoras de cartões. Para convencer o governo de que não estão restringindo benefícios aos consumidores, os bancos sinalizarão, em encontros com representantes do Banco Central e do Ministério da Fazenda nos próximos dias, que os juros do rotativo podem cair, gradualmente, para cerca de 6% ao mês. O sistema financeiro passou a se movimentar nos últimos dias para estancar as críticas disparadas pelo governo contra os cartões de crédito. Primeiro foi a presidente Dilma Rousseff, em rede nacional de rádio e tevê, a gritar contra os juros excessivos cobrados pelos bancos nesse sistema de pagamento. Ela foi taxativa: "Não vou descansar enquanto os juros dos cartões não caírem para níveis civilizados". Depois, foi a vez do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ressaltar os exageros praticados pelo sistema financeiro. Por último, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou serem inaceitáveis os "juros escorchantes" dos cartões. Os bancos decidiram se antecipar a uma pesada intervenção do governo no mercado, "baixando juros por decreto", e procuraram os diretores do BC Aldo Mendes (Política Monetária) e Luiz Pereira (Regulação do Sistema Financeiro e de Assuntos Internacionais), além de integrantes da equipe do secretário executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, para negociar. "Já indicamos a esses interlocutores, com os quais temos nos reunidos com frequência, a nossa disposição para conversar. Admitimos que há exageros e distorções no mercado de cartões, mas estamos dispostos a corrigi-los. E isso passa pelo fim do parcelamento sem juros, que compromete capital por um longo período, e pela redução das taxas do rotativo", disse um executivo envolvido com o tema. "Mas que fique claro: não vamos mexer no prazo de até 40 dias para pagamento das faturas, sem juros. Isso será mantido, beneficiando quase 80% dos usuários de cartões", acrescentou. Renda comprometida Na avaliação dos bancos, se quiserem continuar oferecendo parcelamento de suas vendas, os lojistas terão de recorrer a financeiras, que cobram taxas entre 3% e 4% ao mês, ou usarem recursos próprios para atender os desejos dos consumidores. "Queremos dar clareza a todas as operações, pois sabemos a importância do cartão de crédito como instrumento de pagamento. Estamos falando da segunda modalidade de financiamento do país, atrás apenas do crédito à compra de automóveis", destacou outro dirigente de banco. "Muita gente não sabe, mas o BC não inclui os débitos parcelados no cartão no cálculo do nível de endividamento das famílias. Ou seja, o comprometimento de 43% passaria de 50%", acrescentou. Os responsáveis pelas áreas de cartões de crédito dos bancos já apresentaram ao BC e à Fazenda dados mostrando que o crédito rotativo, o mais caro do país, representa apenas 8% do total das operações. Dos que estão pendurados, rolando as dívidas todos os meses, 30% já caíram na inadimplência, não pagam mais nada por total incapacidade. Os bancos não querem, porém, que o BC aumente o limite mínimo para pagamento das dívidas, hoje em 15%, possibilidade que foi aventada por Alexandre Tombini em recente depoimento no Senado. Acreditam que precisam ter mais débitos pagando juros, mesmo que menores, para financiar os 40 dias sem encargos dos que pagam integralmente as contas todos os meses. » Transparência nas faturas Para mostrar que estão em sintonia com o governo e dispostos a negociar, os bancos têm discutido com o Banco Central e o Ministério da Justiça até os modelos das faturas enviadas aos clientes, como forma de atender à exigência de transparência nas informações. O Palácio do Planalto não está, porém, satisfeito com o comportamento do sistema. Tanto que já botou o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal em ação, para forçar a concorrência a reduzir os juros dos cartões de crédito.
Carro terá que ser 12% mais econômico para ter incentivo
BRASÍLIA E SÃO PAULO Após se reunirem com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), técnicos do governo fecharam ontem os últimos detalhes do decreto com as regras do novo regime automotivo, que vai vigorar de 2013 a 2017. Um ponto forte é a exigência de maior eficiência energética das montadoras, que terão de cumprir meta de redução de 12% do consumo de combustível por quilômetro rodado em cinco anos para ter direito a incentivos fiscais. Segundo uma fonte, as empresas que superarem a meta, obtendo redução de 15% no consumo, terão desconto adicional de um ponto percentual do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Quem conseguir queda de 18% terá decréscimo de dois pontos percentuais. O bônus virá a partir de 2018. Até o início da noite de ontem, a expectativa de fontes envolvidas no assunto era que o decreto fosse publicado ainda hoje no Diário Oficial da União. As montadoras terão ainda de investir em peças e tecnologias nacionais para conseguirem os incentivos fiscais - o principal é uma queda de 30 pontos percentuais do IPI. Carros importados por empresas não instaladas no Brasil continuarão recolhendo normalmente o tributo. Será estabelecida uma cota anual para automóveis estrangeiros, de cerca de cinco mil unidades. O novo regime é denominado Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores, ou simplesmente Inovar-Auto. As negociações entre governo e fabricantes começaram há três meses. Um pacote para as motocicletas A exemplo das montadoras de veículos, os fabricantes de motos também negociam com o governo um pacote com incentivos ao setor. O objetivo é conter demissões e interromper a queda de 17,5% nas vendas e de 16% na produção de motocicletas registrada de janeiro a agosto, na comparação com igual período de 2011. A medida deve contemplar facilidades de financiamento para compra das motos via Banco do Brasil (BB). Na última sexta-feira, o Banco Central começou a preparar o terreno para o pacote, com a publicação da circular 3.609, que autorizou os bancos a deduzirem do depósito compulsório os financiamentos de motocicletas. Desde janeiro, somente 17% dos pedidos de empréstimo para compra dos veículos de duas rodas foram aprovados, segundo José Eduardo Gonçalves, diretor-executivo da Abraciclo, associação que representa os fabricantes de motocicletas no país. Como 80% das motos vendidas no Brasil são pagas em parcelas, a dificuldade para conseguir financiamento é indicada como o principal entrave ao crescimento do setor: - Interesse em comprar há, mas conseguir empréstimo é muito difícil. O próximo passo é pôr uma linha de financiamento específica para a compra de motos no BB - defendeu Wilson Périco, presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam). A negociação dos incentivos intensificou-se entre maio e junho, quando as demissões na Zona Franca de Manaus superaram nove mil, de um total de 48 mil empregados. Até o fim de agosto, as demissões chegaram a 14 mil. Os fabricantes chegaram a pedir redução do PIS/Cofins nos moldes das desonerações dadas à indústria de carros, mas a proposta não foi aceita pelo governo.
Greve dos bancários cresce 66% em três dias
O número de agências bancárias fechadas no País cresceu cerca de 66% desde o início da greve da categoria, na terça-feira. No final do primeiro dia, 5.132 agências ficaram paralisadas, de um total de 21.714. Ontem, 8.527 unidades estavam com as portas fechadas, aproximadamente 40% do total. As informações foram coletadas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). No terceiro dia de greve do ano passado, 7.672 agências fecharam as portas. Embora o número seja menor do que o deste ano, o crescimento do movimento foi superior no ano passado, na mesma base de comparação. Do primeiro dia de greve de 2011 (4.191 agências fechadas) para terceiro dia (7.672), o volume de agências fechadas cresceu 83% em 2011. Segundo o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, a variação é natural e pode ter como causa o aumento do número de agências no País. "Essas variações são normais. No ano passado, tínhamos só cerca de 19 mil agências. Agora, já estamos na casa dos 21 mil. A greve vai se consolidando e demora um pouco até atingir todos os locais", afirmou. "Aliás, estamos vendo que a greve está ainda mais forte do que a do ano passado", disse. Em 2011, a categoria ficou 21 dias parada. Hoje, o Comando Nacional dos Bancários se reúne às 14h para discutir os rumos da mobilização. "Nós mandamos uma carta à Fenaban dizendo que o comando vai estar reunido em São Paulo, pois eles podem aproveitar essa data para fazer alguma proposta, caso queiram", disse Cordeiro. A última proposta apresentada pelos banqueiros foi de reajuste linear para salários, pisos e benefícios de 6%. Os trabalhadores pedem reajuste de 10,25%, sendo 5% de aumento real. Segundo informou Cordeiro, a Federação Nacional de Bancos (Fenaban) não procurou os trabalhadores para nova negociação. A greve continua à espera de uma nova proposta dos banqueiros. Procurada, a Fenaban não quis comentar o movimento grevista. Há quem já contabilize os primeiros prejuízos por causa da paralisação do setor. O fisioterapeuta Guilherme Pereira tem uma clínica em Porto Alegre e costuma receber o pagamento dos alunos em cheque. Normalmente, ele faz o depósito em datas determinadas. "Os alunos pagam em cheque, e eu não estou conseguindo descontar. Tem três faturas de cartão de crédito por vir, e se a greve não acabar vou ter que pagar um monte em juros", afirmou. Manifestação. Trabalhadores de cinco categorias que têm campanhas salariais marcadas neste segundo semestre se reuniram ontem na Avenida Paulista, em São Paulo, para fazer uma manifestação conjunta. Estiveram presentes representantes dos metalúrgicos, bancários, químicos, petroleiros e servidores dos Correios. A principal reivindicação dos trabalhadores é o aumento real de salário. Segundo a polícia, 400 pessoas se reuniram em frente ao Bradesco. Já os sindicalistas falam que 4 mil pessoas participaram da mobilização.