Análise técnica vê Ibovespa rumo aos 65 mil pontos
Os termos frequentemente usados por adeptos da análise técnica causam estranheza aos investidores que desconhecem a metodologia. Por exemplo, na semana passada, o que levou os analistas a acreditar na alta do Ibovespa foi uma bandeira de alta que se desenhou no gráfico após a formação de um mastro. Com essas figuras, os analistas consultados explicam que a perspectiva positiva para o índice foi confirmada, apesar da queda de 1,26% no acumulado da semana, aos 61.320 pontos.
O analista-chefe da Walpires Corretora, Leandro Martins, explica que o Ibovespa protagonizou dias seguidos de forte expansão, formando dessa forma o mastro. Em seguida, teve ligeiras quedas em alguns pregões, dando origem à bandeira de alta, que aponta para uma perspectiva positiva. "A bandeira é uma figura que se forma após um forte movimento de alta que é seguido por um movimento corretivo", diz.
O analista técnico da Citi Corretora, César Crivelli, também está otimista. Mas a figura por trás desse sentimento é outra. Segundo ele, após o rompimento dos 60 mil pontos, formou-se no gráfico diário do índice um pivô de alta, que indica reversão da tendência negativa para positiva. "Desde fevereiro, o Ibovespa não conseguia formar uma figura com topos e fundos ascendentes", afirma. Na análise técnica, quando um papel registra preços mínimos e máximos crescentes, a interpretação é que a perspectiva para o ativo é positiva.
Ao aplicar as teorias do matemático Leonardo Fibonacci, Crivelli diz que, no curto prazo, o Ibovespa deve atingir os 65 mil pontos. Porém, em um prazo mais longo, daqui a alguns meses, poderá chegar a 68 mil pontos. Ele ressalta outros pontos a favor do índice: o rompimento da média aritmética de 200 dias, o que para os grafistas é um sinal bastante positivo. O aumento do volume na bolsa nos últimos pregões e o fluxo positivo de capital externo na Bovespa ajudam a consolidar a tendência. No acumulado de setembro até o dia 19, o fluxo de capital externo está positivo em R$ 2,549 bilhões, resultado de compras de R$ 41,360 bilhões e vendas de R$ 38,811 bilhões. No ano, o saldo é de R$ 5,521 bilhões.
A aposta de Crivelli é o papel ordinário (ON, com voto) da construtora MRV, que, segundo ele, vem trabalhando em um canal de alta. No acumulado da semana passada, a ação caiu 0,84%, a R$ 11,81. "A ação encostou na base desse canal, o que indica uma oportunidade de compra", afirma o analista. Para entender melhor essa teoria, caso o papel tivesse encostado no topo, e não na base, a indicação seria de venda.
O ponto de compra recomendado pelo analista é de R$ 12,20, que é uma resistência (teto que, quando ultrapassado, indica chance de alta). "Esse patamar seria o gatilho para acelerar a valorização, com perspectiva de a ação buscar o topo do canal de alta", afirma. Um primeiro objetivo seria R$ 13,60. O "stop" recomendado é de R$ 10,78, patamar que se for rompido indica reversão da tendência positiva para negativa.
Objetivo é como os adeptos da análise técnica chamam o preço que o papel deve atingir, configurando um possível patamar de venda para garantir os lucros. Já o "stop" é uma ordem de venda estabelecida previamente que tem por objetivo minimizar as perdas do investidor em caso de desvalorização do ativo. Trata-se da ferramenta disponível nos home brokers, sistemas de compra e venda de ações pela internet.
Martins, da Walpires Corretora, continua a apostar na ação ordinária (ON, com voto) da empresa de bens de consumo Hypermarcas. Ele já havia citado o papel como uma boa oportunidade no início de agosto. Na semana passada, a ação subiu 6,83%, a R$ 14,85. "O papel tem ameaçado o rompimento de R$ 15, que é um importante patamar de resistência. Se isso acontecer, a ação deve protagonizar um movimento de alta até o fim do ano", diz.
Ele lembra que há um "gap" aberto em R$ 19, formado em maio de 2011. "Gap" é como os grafistas chamam as bruscas alterações de preço entre o fechamento de um pregão e a abertura no dia seguinte, que ocasionam um "branco" no gráfico, cuja tendência é que seja preenchido. O "stop" recomendado para o papel de Hypermarcas é de R$ 14, enquanto a perspectiva é preencher o "gap" até o fim do ano, chegando a R$ 19. O objetivo de curto prazo é de R$ 16,50.
Outro papel que está na mira de Martins é o da BR Malls, do setor de shopping centers. "O papel vem renovando seu preço máximo histórico. Essa é uma ótima indicação para o investidor que queira se posicionar com um objetivo de médio ou longo prazo", explica o analista. Na semana passada, o papel subiu 6,90%, a R$ 27,58. "Na minha visão, há espaço para o papel subir para R$ 35 até o fim do ano", afirma o analista. O "stop" recomendado é de R$ 25,50.
FONTE: Valor Econômico