O mercado automotivo do Distrito Federal espera uma nova corrida às concessionárias a partir desta semana. Com a equipe de vendedores reforçada e treinada, as lojas usarão mais uma vez a proximidade do fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) como discurso para atrair clientes e esvaziar os pátios. O movimento este mês, segundo os empresários, tem sido melhor que o de setembro, mas a maior procura é mesmo esperada para esta segunda quinzena. Se a presidente Dilma Rousseff não mudar de ideia até lá, a cobrança do IPI volta ao normal em 1º de novembro. Quem quiser aproveitar o benefício - com redução de preço de, em alguns casos, até 10% - terá de fechar negócio antes disso, ainda que o veículo saia da fábrica somente após a virada do mês. Com o aumento da demanda, o estoque das lojas está baixo: nas principais concessionárias, não há disponibilidade imediata da maioria dos modelos. A redução do IPI aqueceu as vendas e alargou o prazo de entrega para entre 10 e 40 dias. Mesmo com a espera, a procura aumentou na última semana. As lojas que abriram as portas no feriado de 12 de outubro comemoraram a decisão. "Nossa percepção é que a maioria tenha, de novo, deixado para comprar de última hora", disse o vice-presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do DF (Sincodiv-DF), Hélio Aveiro. Em setembro, foram vendidas 10.079 unidades, queda de 28,6% na comparação com agosto, quando o setor comercializou 14.106 veículos e obteve o melhor resultado para o mês desde o início da série histórica do Sincodiv-DF. Apesar do recuo, o desempenho superou em 9,3% o observado no mesmo mês do ano passado, quando 9.225 carros deixaram o pátio das lojas do DF. A estimativa é vender, em outubro, algo em torno de 12 mil unidades. O casal Augusto Cézar Contreiras, 51 anos, e Jucélia Maria de Almeida, 48, antecipou a troca do carro para garantir a tabela com IPI reduzido. Após cinco dias de negociação em três concessionárias, confirmaram a compra na manhã de ontem. "Foi determinante", afirmou ele, que deu o veículo antigo como entrada e parcelou o restante em três anos. O benefício do governo federal garantiu ao casal, segundo o vendedor, desconto de cerca de R$ 10 mil. A partir de novembro, mesmo sem o chamariz do IPI reduzido, o mercado automotivo pretende manter bons resultados, motivados, sobretudo, pelo pagamento do 13º salário. "Estamos planejando promoções, mas não vamos conseguir manter os mesmos preços", adiantou Lidiane Moura, supervisora de vendas de uma concessionária no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), onde o prazo de entrega dos carros tem ultrapassado 30 dias. Grávida de sete meses, a professora Romilda de Almeida, 42, aproveitou a folga de ontem para, acompanhada do marido, o servidor público Reginaldo Gomes, 42, fechar a compra de um novo veículo para a família. "A gente quis aproveitar os últimos dias do IPI reduzido. Vamos virar o ano de carro novo", comentou Romilda. "Se não fosse agora, com esse desconto, íamos ficar mais uns cinco anos com o carro velho na garagem", emendou ele. Em meio à euforia do IPI, o coordenador do curso de economia da Upis, Bento Félix, orienta os consumidores a se informarem sobre o "real desconto" provocado pelo benefício em vigor. "Os preços, na maioria dos casos, se estabilizaram, o que já é um ganho. Mas isso precisa ficar claro para o cliente", ponderou o professor, que acredita na possibilidade de nova prorrogação do imposto reduzido por parte do governo federal. Prorrogação A redução do IPI foi prorrogada no fim de agosto para incentivar o consumo e, com isso, tentar elevar o Produto Interno Bruto (PIB) do país diante do agravamento da crise internacional. O prazo inicial para o vencimento do benefício era no início de setembro. Liderança A Fiat liderou o ranking das marcas mais vendidas no mês, segundo o Sincodiv, com 2.356 unidades, contra 3.264 em agosto. O recuo foi de 27,8%. A Volkswagen apareceu em seguida, com 2.106 unidades emplacadas e decréscimo de 11,9% em relação ao mês anterior. Movimento mensal Unidades vendidas Janeiro 8.899 Fevereiro 8.041 Março 9.202 Abril 8.027 Maio 8.594 Junho 11.834 Julho 12.024 Agosto 14.106 Setembro 10.079
16 de outubro - Dia Mundial da Alimentação
Aproximadamente um bilhão de pessoas passam fome em todo o mundo, revelam estimativas recentes da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Como forma de fortalecer a consciência política sobre esse problema, comemora-se, dia 16 de outubro, o Dia Mundial da Alimentação. Este ano, o tema será "Cooperativas Agrícolas Alimentam o Mundo". No Brasil, a Semana Mundial da Alimentação traz o feijão em sua logomarca. O produto representa a unificação entre as diferentes culturas que convivem no País e a riqueza de variedades e usos na preparação de alimentos. Alimentação saudável Para ser saudável, a alimentação precisa ter, além das características do feijão mencionadas acima, outros atributos, como ser acessível, não ser cara, valorizar preparações alimentares usadas tradicionalmente, ter harmonia em quantidade e qualidade, ser naturalmente colorida e segura sanitariamente. A nutricionista Zaíra Tronco Salerno, da CliniCASSI Brasília Sul (DF), explica que o corpo apresenta diferentes respostas em função das escolhas alimentares. "Uma alimentação equilibrada oferece condições ao organismo para sintetizar melhor os alimentos consumidos, o que ajuda a evitar o adoecimento", diz. O Guia Alimentar do Ministério da Saúde reúne informações importantes para uma alimentação adequada. Acompanhe, a seguir, cinco dos dez passos da publicação, com dicas práticas para o dia a dia. 1→ Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia. 2→ Coma diariamente pelo menos três porções de legumes e verduras como parte das refeições e três porções ou mais de frutas nas sobremesas e lanches. 3→ Consuma diariamente três porções de leite e derivados e uma porção de carnes, aves, peixes ou ovos. Retire a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação. 4→ Evite refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos doces, sobremesas e doces. 5→ Diminua a quantidade de sal na comida e evite alimentos industrializados com muito sal (sódio), como hambúrguer, salsicha, linguiça, presunto, salgadinhos, molhos e temperos prontos. Participantes com alguma doença crônica precisam de orientação nutricional específica. Segundo a nutricionista Zaíra, a recomendação geral é que pessoas com dislipidemia controlem a ingestão de gordura saturada, trans e alimentos de origem animal. Os diabéticos precisam aumentar o consumo de fibras e manter sob controle a ingestão de carboidratos simples, presentes em massas, açúcares, pães brancos e doces em geral, por exemplo. Já os hipertensos devem evitar alimentos com muito sódio. Para mais informações e orientações específicas, procure a CliniCASSI mais próxima. Visualize qual dos 65 Serviços Próprios da Caixa de Assistência está mais perto de você pelo link Localize a CASSI.
Presentes para o lar
O consumo está transformando os lares da classe D. Na cozinha da dona de casa Maria Sueli Araújo Rodrigues, 42 anos, há geladeira, forno elétrico e sanduicheira recém-comprados. Na área ao lado, uma máquina de lavar com menos de dois meses de uso. Ela mora em uma casa alugada no Itapoã com três filhos e o marido. A renda fixa da família de Sueli, R$ 700, é fruto do trabalho do filho de 21 anos. O esposo, que é pedreiro, faz bicos para incrementar os ganhos. "Com a máquina de lavar, a roupa dele, que chega muito suja, fica limpinha. Agora, quero comprar um sofá e camas para os quartos. A televisão, vou trocar", revela. Prioridades Também do Itapoã, Edivaldo Ferreira Almeida, 55 anos, e sua mulher, Eliene da Silva Almeida, 37, moram com os seis filhos em uma casa que construíram. Aposentado por acidente de trabalho, ele recebe R$ 620 de benefício previdenciário. A esposa, que é manicure, ganha mais R$ 450, dos quais dois terços são gastos para pagar o curso de técnica em enfermagem. Os dois filhos mais velhos do casal fazem estágio e ganham juntos mais R$ 500. "As crianças compraram um computador recentemente. Espero ganhar mais quando estiver formada para terminar de mobiliar a casa e fazer uma pintura", conta Eliene. O casal Raimundo Nonato Bandeira Braz, 38 anos, e Graziela Bandeira Braz, 36, de São Sebastião, começou a trocar os eletrodomésticos de casa após quitar as prestações dos móveis para o quarto da filha Maria Eduarda, de dois meses. Eles aproveitaram a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para comprar dois fogões: um para a casa e outro para presentear um casal de amigos. "Ganho R$ 1,6 mil como sushiman e sempre faço as compras parceladas, para as prestações caberem no bolso. Hoje é mais fácil ter acesso a crédito. Depois de pagar esses eletrodomésticos vamos comprar um sofá novo." (AT) » Exigência Segundo o sócio-diretor da Data Popular Renato Meirelles, os clientes da classe D são exigentes. Fazem pesquisas de preços baseadas na divulgação boca a boca e em marcas famosas que são padrão de referência. "Como eles têm o dinheiro contado, não podem ser surpreendidos com produtos de baixa qualidade", diz.
Selic testa recorde de estabilidade
O mercado abre a semana com uma teste no horizonte: o Brasil terá pela primeira vez uma taxa básica de juros inalterada por oito reuniões consecutivas do Comitê de Política Monetária (Copom)? Afinal, embora o Boletim Focus do Banco Central aponte que a Selic fechará o próximo ano em 8%, acima da taxa atual de 7,25%, há economistas que acreditam na manutenção. Mas desde que o Copom passou a ser usado pelo Banco Central para definir a taxa básica de juros, em junho de 1996, a maior sequência foi de sete encontros sucessivos sem alteração - entre abril e novembro de 1997, quando a Selic ainda era mensal (1,78% ao mês). No ciclo de afrouxamento que parece ter se encerrado na semana passada, a taxa foi alterada nos últimos 15 encontros do Copom. E o país já atravessou 18 reuniões consecutivas em que a Selic foi trocada sempre, entre agosto de 2005 e setembro de 2007. Por que agora seria diferente? Para o economista do HSBC Brasil, Jancsó Constantin, há um desejo de política econômica com a frustração de crescimento abaixo do esperado. Para ele, o juro real neutro - que permite à economia crescer sem gerar pressão inflacionária - caiu no Brasil. "Eu não tenho dúvida que o juro de equilíbrio baixou". O economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, diz que essa taxa caiu de 10%, uma década atrás, para uma faixa entre 4,5% e 5,5% atualmente. Acima, portanto, da taxa real atual, na casa de 2%, que o BC vem tolerando. "A taxa de juros real, apesar de abaixo da taxa neutra [do país] é compatível com o fato de a taxa de juros mundial também estar abaixo da neutra", avalia Oliveira. O ex-economista-chefe da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Roberto Troster, sócio da consultoria que leva seu nome, diz que quanto maior a meta de inflação, maior a taxa neutra de juro. "Depende ainda de condições institucionais, como indexação e prazos de ativos que podem ser alteradas", diz Troster, para quem a Selic sobe ano que vem para 9% quando as pressões inflacionárias levarem os índices de preços para acima dos 6%. Mas além de um cenário macroeconômico que permite juros reais abaixo da taxa neutra no mundo, outro fator que pode permitir uma Selic congelada é a postura da própria autoridade monetária. Há entre economistas a percepção de que o BC do presidente Alexandre Tombini é diferente dos anteriores. Para o economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani, a autoridade monetária é mais sensível a variáveis como atividade e emprego. O economista-chefe da Concórdia Corretora, Flávio Combat, concorda: "em algum momento o estatuto do BC será alterado para incorporar formalmente outras obrigações". Profissionais de mercado são quase unânimes em dizer que o BC segue guiado primordialmente pela inflação. O que muda é o prazo com o qual trabalha para conduzir a política monetária. "Isso ocorre quando o BC admite que flutuações de curto prazo provoquem uma convergência não linear da inflação para o centro da meta", diz Caio Megale, economista do Itaú Unibanco. Combat, da Concórdia, acredita que o horizonte mais largo usado pelo Banco Central terá um limite em 2014. "Expansão da demanda interna num ritmo de crescimento superior ao da oferta e taxa de câmbio em patamar desvalorizado dificultando a cobertura de excesso de demanda local por importações, e pressão de commodities vão levar a Selic a subir no começo de 2014". Mesmo os profissionais que admitem pressões inflacionárias no horizonte dizem que o BC vai usar outros instrumentos antes de sacar a alta da Selic. "O BC tem revelado preferência por outros instrumentos de atuação, além de juros", afirma Megale, que projeta Selic voltando a subir no segundo semestre de 2013 até chegar a 8,5% em dezembro.
Servidores parados
maioria dos servidores federais voltou ao trabalho. Os efeitos da greve nacional - considerada a maior dos últimos 10 anos - foram duramente sentidos pela população, embora ainda não exista um balanço consolidado dos prejuízos por parte do governo. Embora parte significativa das 35 categorias mobilizadas tenha aceitado o reajuste linear de 15,8% dividido em três anos proposto pelo Planalto, oito delas disseram não. Nesse grupo, há os que continuam de braços cruzados e os que ainda tentam convencer governo e Congresso a ampliar os aumentos salariais. Na avaliação do presidente do Sindicato Nacional de Agências Reguladoras (Sinagências), de João Maria Medeiros de Oliveira, a melhora no cenário internacional permitirá chegar, em 2013, a números próximos aos pedidos. Mas representantes do governo deixam claro que não haverá revisão. "Se for assim, teremos greve ano que vem", prevê Oliveira. Sergio Belsito, presidente do Sindicato Nacional dos Servidores do Banco Central (Sinal), reclama que o governo não repôs perdas. "A inflação acumulada é de 24%", diz a presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), Rosângela Rassy. Os agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal continuam em greve e não pensam em voltar enquanto as reivindicações não forem avaliadas pelo governo. » Turma da resistência Agências reguladoras Criação da carreira federal, equiparação salarial com carreiras exclusivas de Estado e reestruturação dos cargos dos níveis intermediário e superior. Banco Central, CVM e Susep Reposição das perdas com a inflação, equiparação dos salários e dos plano de carreira Incra Plano de Carreira e reestruturação do quadro de pessoal Polícia Federal Reestruturação da carreira e concurso público Auditores fiscais da Receita e do Trabalho Reposição de perdas salariais Analistas de Infraestrutura Reenquadramento da carreira no ciclo de gestão, com reajuste em torno de 30% Judiciário Reajuste salarial
Há divergências sobre a queda do dólar
Após comprar a briga da queda de juros, a próxima briga do governo será no câmbio. O dólar está praticamente fixo em R$ 2 há quase seis meses, depois de beirar R$ 1,55 em julho do ano passado, e o governo federal dá sinais de que ainda não está satisfeito com o atual patamar. Economistas ouvidos pelo Estado se dividem quando o assunto é a trajetória do real em 2013. Enquanto para Armínio Fraga e Gustavo Franco, ex-presidentes do Banco Central (BC), a mudança na taxa de câmbio ocorreu devido ao estresse mundial, e, portanto, o real pode voltar a se valorizar quando a situação econômica melhorar, os principais conselheiros da presidente Dilma Rousseff pensam diferente. Para Antônio Delfim Netto, a mudança no câmbio foi principalmente dirigida pela equipe econômica. A mudança na cotação do dólar corrigiu, segundo ele, um "pecado capital" do próprio governo petista, que permitiu a hipervalorização do real, destruindo a competitividade da indústria nacional. "O câmbio valorizado foi mantido por tempo demais, promovendo um efeito devastador." Delfim Netto e Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp e também conselheiro presidencial, avaliam que uma das principais medidas do governo foi intervir diretamente no mercado de câmbio, instituindo a cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre o excesso em posição "vendida" em derivativos cambias - o que representa a aposta em um título que prevê a valorização do real. "Último peru". "Por conta das elevadas taxas de juros, o Brasil foi durante muito tempo o último peru disponível fora do Dia de Ação de Graças. Todo mundo vinha para cá", diz Delfim Netto. Ele diz que, mesmo na mínima histórica (7,25% ao ano), a taxa básica de juros, a Selic, "ainda é o último peru". Mas pondera: "Estamos terminando a festa". Para Gustavo Franco, no entanto, acreditar na eficácia do IOF é "uma ilusão". Para ele, o dólar atingiu R$ 2 por conta "de um problema muito sério na Europa, que começou exatamente em agosto do ano passado, curiosamente quando o real passou a se desvalorizar". A desvalorização do real encarece bens importados, o que pode ter efeito na inflação. Para Fraga, os piores problemas com preços ficaram em 2011. "Não acredito que o BC atual tenha qualquer intenção de abandonar o sistema de metas de inflação, mas há também a percepção de que o BC está mais disposto a correr riscos com a inflação, em busca de auxiliar o governo e elevar o ritmo do crescimento." /J.V.