Entre 2007 e 2012, a dívida das estatais com o Tesouro subiu de R$ 10 bilhões para R$ 400 bilhões. A maior parte desse aumento decorreu de empréstimos concedidos pelo Tesouro ao BNDES. Não dispondo de folga fiscal para conceder tais empréstimos, o Tesouro emitiu novos títulos federais que foram entregues ao banco. Após vender ao mercado financeiro aqueles títulos, o banco utilizou os recursos obtidos para conceder empréstimos para empresas privadas realizarem investimentos. Os recursos reais entregues às empresas não foram fornecidos pelo Tesouro ou pelo BNDES, mas pelos poupadores que, após absterem-se de consumir a totalidade de sua renda, canalizaram a sobra para as empresas por intermédio do mercado financeiro/Tesouro/BNDES. Por que os poupadores não destinaram às empresas seus recursos excedentes por intermédio do mercado privado, sem que o Tesouro e o BNDES entrassem no circuito? A resposta oficial é que, sem a intervenção pública, os recursos não teriam sido canalizados para investimentos. Mas isso implica que tais recursos teriam sido direcionados para financiar o consumo daqueles que não poupam. Esse diagnóstico, no entanto, é incompatível com a queda do investimento observada nos últimos trimestres, apesar da maciça intervenção pública acima descrita. Além disso, no mesmo período, observou-se um aumento da inadimplência nos bancos privados, fenômeno que os levou a reduzir o financiamento ao consumo - a ponto de o governo estimulá-lo com isenções fiscais. Questionado sobre os riscos da elevação da dívida bruta do Tesouro provocada pela operação descrita acima, uma autoridade do primeiro escalão federal comentou que "o BNDES tem a menor inadimplência de todo o setor financeiro - 0,6%. O BANCO DO BRASIL e a Caixa Econômica também possuem inadimplência de cerca de 2%, metade da dos principais bancos privados." A baixa inadimplência dos bancos oficiais seria uma garantia de que o risco para o contribuinte de perda patrimonial associada aos referidos empréstimos é desprezível. Com exceção do custo fiscal do diferencial de juros, a operação seria neutra para o Tesouro. No futuro, superado o desaquecimento atual, as empresas pagariam os empréstimos ao BNDES que quitaria sua dívida junto ao Tesouro. Se o passado for um bom previsor do futuro, a retração do setor privado estimulará a ampliação estatal Quer se concorde ou não com a explicação da referida autoridade, o fato é que ela levanta um tema pouco discutido pelos analistas econômicos. O que explica o fato de a inadimplência dos bancos oficiais ser mais baixa do que a dos privados? É improvável que os bancos públicos sejam mais eficientes que os privados ao avaliar o risco de crédito. Uma segunda explicação - que preferimos desconsiderar - seria a existência de uma falha na mensuração da inadimplência dos bancos oficiais que refinanciariam, por alguma razão obscura, devedores incapacitados de honrar dívidas antigas reduzindo a medida de inadimplência. Embora não acreditemos ser este fator relevante, há que se levar em conta que no passado esse expediente já foi utilizado. Entre 2000 e 2001 os financiamentos em atraso do Fundo Constitucional do Nordeste, administrado pelo Banco do Nordeste (BNB), saltaram de 0,52% para 31,29% dos recursos aplicados, para R$ 2,7 bilhões em valores nominais. Não porque tenha ocorrido uma súbita onda de inadimplência na região, mas porque o Banco Central obrigou o BNB a lançar as "operações em atraso, passíveis de negociação" como de fato em atraso. Até então elas eram refinanciadas e não contabilizadas como inadimplentes. Uma terceira e mais provável explicação está no dilema enfrentado por uma empresa devedora, diante de uma dificuldade de caixa. Tendo que escolher entre honrar um empréstimo junto a um banco que lhe fornece crédito subsidiado, e outro que lhe cobra uma taxa de mercado, ela sabe que as portas para novos financiamentos se fecharão no primeiro banco, caso ele sofra sua inadimplência. A decisão empresarial mais sensata, então, é priorizar o serviço da dívida de menor custo, preservando essa fonte barata de recursos para futuros empréstimos, e atrasar o serviço da dívida mais cara que será objeto de renegociações e brigas judiciais futuras. O comportamento das empresas com dificuldade de caixa descrito acima implica que, num ambiente econômico em que alguns bancos concedem empréstimos a taxas subsidiadas, o risco corrido pelos demais bancos é maior do que seria na ausência dos subsídios. Conhecendo os incentivos econômicos à inadimplência, a taxa dos financiamentos não subsidiados embutirá um prêmio de risco de modo a estimular a concessão de empréstimos. Parte dos financiamentos será objeto de renegociação, mas a maior taxa compensa as perdas. O equilíbrio de mercado é uma segmentação na qual os bancos com taxas subsidiadas terão menor inadimplência. A ampliação da presença estatal na intermediação financeira brasileira, desencadeada a partir da crise dos subprime de 2008, além de não conseguir elevar o investimento e de ampliar o custo fiscal dos subsídios ao crédito, tem elevado o risco corrido pelos bancos privados. Estes, a fim de se protegerem, tendem a ser mais seletivos na concessão de financiamentos aos investimentos. Se o passado for um bom previsor do futuro, a retração do setor privado deverá estimular a ampliação estatal. Essa espiral, que poderá agradar setores mais nacionalistas e de esquerda, provavelmente não implicará em aumento do investimento da economia como um todo, mas simples realocação entre os dois setores. *Pedro Cavalcanti Ferreira e Renato Fragelli Cardoso são professores da Escola de Pós-graduação em Economia (EPGE-FGV).
BB lança modalidade para produtores rurais
O BANCO DO BRASIL lançou um linha de crédito para cobrir despesas complementares e inesperadas de produtores rurais. A linha - BB Agronegócio Giro - é movimentada por meio da conta-corrente, com possibilidade de renovação automática. As taxas de juros variam de 1,15% a 2,36% ao ano e as liberações e amortizações ocorrem quando requeridas pelo cliente. Segundo o BB, a nova linha atende à demanda dos produtores rurais por uma linha acionada rapidamente.
Facilidade na hora de declarar
A Receita Federal divulgou ontem as regras para declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física 2013. A maior novidade deste ano é a possibilidade de o contribuinte importar da declaração passada dados de pagamentos feitos e que se repetem, como escola, dentista ou médico. O programa para o preenchimento da declaração estará disponível para ser baixado (download) a partir da segunda-feira no site da Receita na internet (www.receita.fazenda.gov.br). PRAZO O contribuinte deve enviar a declaração a partir do dia 1º de março até 30 de abril. A entrega pode ser feita pela internet ou por meio de um disquete nas agências do BANCO DO BRASIL e da Caixa Econômica Federal. As empresas têm até dia 28 deste mês para liberar o comprovante de rendimentos. A Receita espera receber 26 milhões de declarações neste ano. Em 2012, foram cerca de 25 milhões. "O número de declarantes aumenta porque há crescimento de empregos e ajuste dos valores recebidos pelas pessoas", afirmou o supervisor nacional do Programa do Imposto de Renda, Joaquim Adir. ARQUIVO A multa para quem não apresentar a declaração é de, no mínimo, R$ 165,74 e, no máximo, 20% do Imposto de Renda devido. A maior parte das regras segue inalterada em relação ao ano passado, mas o contribuinte que guardou o arquivo da última declaração terá uma facilidade. O programa apresentará a opção de importar dados da declaração do ano anterior relativos a pagamentos efetuados. DESCONTO Ao abrir o programa, segundo Adir, existirá a opção de puxar dados de escolas, médicos e planos de saúde, por exemplo. Será necessário atualizar apenas o valor desembolsado. "Isso ajuda porque todo ano temos os mesmos tipos de gastos", explicou o técnico. O contribuinte que optar pela declaração simplificada terá desconto de 20% da renda tributável. O limite é de R$ 14.542,60, que é 4,5% maior do que no ano passado, quando o valor foi de R$ 13.916,36. _______ 26 MILHÕES é o número de declarações que a Receita espera este ano _______ Saiba mais »A Receita Federal informou que o contribuinte também pode antecipar, total ou parcialmente, o pagamento do imposto ou das quotas, não sendo necessário, nesse caso, apresentar Declaração de Ajuste Anual retificadora. »O pagamento do imposto pode ser efetuado mediante transferência eletrônica, Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) ou débito automático em conta corrente.
Proteção versus liberdade na educação dos filhos
O excesso de zelo pode impedir que a criança desenvolva estratégias para resolver situações simples do cotidiano. Por outro lado, é necessário dar liberdade para que se aprenda a conviver em harmonia e a ser autônomo. Para especialistas, o segredo é tentar encontrar o equilíbrio entre o cuidado e o excesso de controle. Em um mundo repleto de demandas e exigências e, ainda, violento, muitos pais acabam por exagerar no zelo com seus filhos em nome de proteção e amor. Porém, ao errar a dose, os responsáveis, que acreditam estar passando segurança à sua prole, podem provocar, sem querer, insegurança nas crianças e adolescentes. Para Maria Cristina Montingelli, coordenadora do Ensino Fundamental I, do colégio Sion Curitiba (PR), o limite entre o cuidado e o excesso de controle é tênue, principalmente nos dias atuais, devido à presença da violência urbana. "É preciso que os responsáveis usem o bom senso, o que é algo subjetivo, mas existe o senso comum. Por isso, recomendo que os pais observem os colegas, os hábitos das crianças e adolescentes que tenham a mesma faixa etária dos seus filhos, que reflitam e dividam opiniões entre os pares com os outros pais", orienta Maria Cristina. Excesso de zelo Para Leila Mendes, mestre em educação e coordenadora pedagógica do Colégio Qi, no Rio de Janeiro (RJ), o excesso de zelo pode impedir que a criança desenvolva estratégias para resolver situações simples do cotidiano, na medida em que há um outro - o pai, mãe ou avó, por exemplo - que toma a iniciativa, o que impossibilita a criança de pensar em como vai lidar com a situação-problema. Para a educadora, é vivendo e agindo que aprendemos a resolver os desafios que a vida nos impõe. Diálogo Maria Cristina recomenda muita conversa com outros pais, com os filhos e com a rede social - comunidade, escola, igreja - em geral. "Trocar ideias, realizar leituras sobre educação, provocar conversas e observar os filhos são essenciais para os pais perceberem se estão exagerando ou não. Não se pode zelar demais nem ser descuidado. A criança precisa se sentir amparada e ter integração com a família e, ao mesmo tempo, ser incentivada a ter autonomia para a vida", comenta a coordenadora do colégio Sion. Ao ser perguntada se existe um limite saudável para o controle, Leila Mendes diz que o controle é necessário em casos específicos. "O acompanhamento e o diálogo constantes dos pais com os filhos são fundamentais. É isto que contribuirá para que a criança saia de seu egocentrismo, construa uma consciência social e possa se inserir na cultura", analisa. Para ela, a liberdade consiste em aprender a conviver em harmonia nos grupos sociais dos quais fazemos parte, ou seja, aprender a ser autônomo. Idade e controle Maria Cristina acredita que o grau de liberdade deve ocorrer conforme o grau de maturidade e responsabilidade do filho, e lembra que cada caso é um caso. Nesse sentido, as experiências vividas e a maneira como os filhos respondem às situações devem ser levadas em conta pelos pais. A mestre em educação Leila Mendes comenta que o importante é que o limite faça parte da vida da criança desde cedo, afinal não se pode ter tudo. "A criança pequena tende a querer satisfazer todos os seus desejos e é natural que assim o seja. Cabe aos pais, e depois à escola, colocar os limites, dizer não, mostrar o ponto de vista do outro. O desafio da educação é justo esse, inserir a criança na cultura. Ao colocarmos limites, estamos ajudando a criança a lidar com a realidade, a resolver seus problemas, possibilitando o amadurecimento", pondera. Consequências Quando os pais exageram no controle nem imaginam que em um futuro próximo podem prejudicar a vida dos filhos. "Dependendo do traço de personalidade da criança/adolescente, o filho pode ser tornar inseguro, se sentir incapaz, revoltado e, ainda, ter comportamento permanente de risco para dar vazão às demandas reprimidas", diz Maria Cristina.
Consumidor pode informar falta de luz para a CEB através de mensagens SMS
A partir de agora é possível informar a Companhia Energética de Brasília (CEB) sobre a falta de energia através de mensagens de celular. Segundo a empresa, basta mandar uma mensagem para o número 27323 com as letras "SL" e o código do cliente. SL significa "sem luz"; o código do cliente pode ser encontrado na parte superior da conta de energia.
Brasil vai sediar estação de sistema de localização global da Rússia
A partir desta terça-feira (19/2), o Brasil passa a sediar a primeira estação de um sistema russo de localização global - semelhante ao modelo americano Global Positioning System (GPS) - fora do país. A unidade, instalada no campus da Universidade de Brasília (UnB), vai permitir que novos ajustes sejam feitos ao sistema Global Navigation Satellite System (Glonass) para que as informações sobre localização de pontos em qualquer parte do mundo sejam ainda mais precisas. Atualmente, o Glonass tem uma margem de erro considerada grande. A imagem captada por qualquer um dos 24 satélites do modelo russo que aponta a localização de algum objeto em qualquer local da Terra pode estar, na realidade, deslocada 7 metros para a frente, para trás ou para qualquer dos lados. Os pesquisadores brasileiros acreditam que com as novas calibragens do satélite, ou seja, com o acréscimo de novos pontos de referência, essa margem caia para 1 metro até 2020. "Para melhorar a precisão são necessários novos pontos de calibração, ou seja, locais de ajuste da posição. Com esses pontos, posso melhorar consideravelmente a precisão. E essa expansão [do sistema] na UnB permite esse tipo de ajuste", explicou Ícaro dos Santos, PhD em engenharia elétrica e um dos pesquisadores responsáveis pelo sistema no Brasil. Segundo o professor da UnB, representantes da Agência Espacial Federal Russa (Roscosmos) buscavam um local próximo à linha do Equador para a instalação da nova estação. Além da compatibilidade geográfica da universidade às expectativas da Roscosmos, as pesquisas em robótica desenvolvidas por pesquisadores da UnB aumentaram as possibilidades da parceria. Leia mais notícias em Ciência&Saúde "Eles entregaram os equipamentos, em uma doação temporária, e vão pagar todos os custos de manutenção e de adaptação", disse Ícaro dos Santos. O prédio da Faculdade de Processamento de Dados, que funcionará como base da estação, por exemplo, precisou ser adaptado e todo o investimento foi feito pela Roscosmos. "Não tivemos custos. Obviamente, oferecemos nossa expertise que pode auxiliar na instalação e calibragem do equipamento e nas pesquisas", acrescentou. Além do uso cotidiano dos dados que podem ser acessados por aparelhos celulares ou receptores de sinais de posicionamento global, as informações geradas pelo sistema serão usadas para estudos técnicos conduzidos pela equipe formada pelos professores Ícaro dos Santos e Giovani Araújo Borges, e por três alunos do curso de engenharia elétrica. A expectativa é que com dados mais precisos, seja possível aperfeiçoar pesquisas que já estão em andamento, como a que busca o aperfeiçoamento de veículos aéreos não tripulados (Vant) e o de posicionamento marítimo de embarcações em cais. "Hoje, com o sistema atual, não conseguimos guiar os barcos até o cais", explicou Ícaro, destacando a margem de erro atual. O desenvolvimento do sistema russo não vai impedir que outras tecnologias sejam utilizadas. De acordo com o engenheiro, a proposta é usar a melhor informações detectada em cada situação, alternando os dados do Glonass e do GPS. "Se você está na Rua Augusta, em São Paulo, onde há muitos prédios, por exemplo, o satélite do GPS pode estar em uma localização ruim, enquanto o do Glonass pode oferecer uma localização mais precisa nesse caso. Vamos ter dois conjuntos de satélite", explicou. Além da inauguração da estação, marcada para as 11h da manhã de hoje, representantes dos governos brasileiro e russo vão assinar convênio, no próximo dia 20, para a criação de uma estação óptica que vai complementar o trabalho dos pesquisadores. "É como se tivéssemos um laser que vai apontar para o céu e fazer o rastreamento do satélite. Isso permitirá conhecer a posição do satélite, a velocidade dele e, a partir daí, saber se está em bom posicionamento ou se requer ajuste", acrescentou Ícaro dos Santos.