O governo definiu um orçamento de R$ 15 bilhões dos bancos públicos federais para financiar concessões de rodovias e ferrovias e, agora, trabalha para criar um modelo de incentivos para atrair os bancos privados para o negócio, incluindo recursos e garantias públicos. O objetivo é viabilizar a participação das instituições privadas em sindicatos com os bancos federais. Há um acerto informal para que o BNDES coloque R$ 8 bilhões nessas parcerias. O BANCO DO BRASIL destinaria outros R$ 3,5 bilhões, e a Caixa Econômica Federal, mais R$ 3,5 bilhões. Para se somar aos recursos próprios dos bancos públicos, o governo estuda criar um novo sistema de fontes de captação de recursos baratos para que as instituições privadas atuem no financiamento das concessões. Os bancos privados sinalizaram ao governo que querem participar, mas ponderam que não têm fontes de financiamento baratas de longo prazo para atuar nesse mercado. Não há ainda estimativas de quanto essa participação poderia alcançar. Hoje, o BNDES é o principal ator no financiamento de longo prazo, mas seu desempenho tem sido criticado pelos investidores e pelo próprio governo. Para os bancos privados participarem, seria necessário achar fontes de financiamento ao custo da TJLP, hoje em 5% ao ano. O Programa de Sustentação do Investimento (PSI) prevê a TJLP acrescida de, no máximo, 1,5% ao ano para financiar as concessões. O próximo passo será dado pelos bancos públicos na semana que vem, quando as suas áreas técnicas se reúnem para definir o modelo de sua atuação conjunta. O passo seguinte será procurar os bancos privados para participarem dos sindicatos de financiamento, junto com os federais. Para tanto, o governo trabalha para viabilizar o funding para que as instituições privadas entrem nos negócios. A solução mais adiantada é a permissão de que esses bancos saquem até R$ 15 bilhões dos depósitos compulsórios para destinar ao financiamento de infraestrutura, conforme antecipou o Valor na semana passada. Além disso, há também propostas para que o Tesouro Nacional possa repassar recursos a um consórcio de bancos diretamente. A questão é como, juridicamente, a União poderá dar dinheiro para um ente privado a juros tão baixos quanto a TJLP. A área econômica ainda está trabalhando nessa solução. Outra questão é quanto a União vai assumir do risco dos empréstimos que os bancos contratarem com as empresas que vão assumir as concessões. Há alternativas sendo cogitadas em que o BNDES oferece garantias integrais aos financiamentos, outras em que a União assume o papel de fiador em parte da operação ou ainda em que a participação federal varie de acordo com o nível de captação própria que os bancos fizerem. A outra ponta do programa de incentivos para o financiamento privado nas obras de infraestrutura são as debêntures e fundos de recebíveis de crédito (FIDC) com benefício fiscal. Além de não ser capaz de suprir sozinho a necessidade de financiamentos para a infraestrutura, o governo vê outras vantagens na participação do setor privado. Haveria uma diversificação e diluição dos riscos e uma possível melhora na qualidade técnica dessas avaliações, ao juntar a expertise dos bancos públicos e privados. Os bancos privados também aprofundariam sua experiência nesse mercado, reduzindo a pressão sobre o BNDES e a Caixa. "Os bancos privados têm interesse em emprestar para os vencedores dos leilões, que serão empresas de primeiro nível, como Camargo Correa, OAS e Odebrecht", afirmou uma fonte de um banco federal. Amanhã, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, começa um "road show" para apresentar os projetos do governo a investidores internacionais. A aposta do governo é que conseguirá atrair parceiros fora do eixo Nova York-Londres, trazendo investidores da China e do Oriente Médio.
Tombini diz que prioridade do BC é reduzir inflação
A prioridade do Banco Central é combater a inflação e não estimular o crescimento, disse seu presidente numa entrevista dias antes da reunião do Comitê de Política Monetária para definir a taxa básica de juros, apesar das dificuldades da economia brasileira de interromper um longo ciclo de crescimento lento. A economia do Brasil cresceu 1% em 2012, bem menos que os 7,5% de 2010. Ao mesmo tempo, a inflação anualizada bateu em 6,2% em meados de fevereiro, perto do máximo que o governo havia dito que permitiria. Analistas dizem que a percepção de que há políticas conflitantes para estimular a economia do país e conter a inflação causou confusão no mercado e valorizou o real consideravelmente em poucos meses. "Nossa meta é a inflação, então temos que ajustar e calibrar nossas políticas para atingir nossos objetivos", disse Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, ao The Wall Street Journal. "O crescimento não é uma meta do Banco Central." Embora poucos economistas esperem que o BC eleve a taxa de juros, que está no mínimo histórico de 7,25% ao ano, quando Tombini e outros membros do Copom se reunirem na próxima semana, alguns dizem que o banco poderia sinalizar que está cogitando elevar os juros no futuro se a inflação continuar ameaçando. "A inflação nos últimos meses se mostrou mais resistente do que gostaríamos", disse Tombini no sábado. "Estamos monitorando os desdobramentos atentamente." Os mercados provavelmente verão com bons olhos qualquer sinal de que o BC está atacando a inflação, dizem os analistas. O governo "concluiu que a percepção da credibilidade da política [econômica] estava muito baixa e começou a se esforçar para tentar resolver isso", disse David Beker, economista para o Brasil do Bank of America Merrill Lynch, em São Paulo. Essas preocupações levaram alguns investidores estrangeiros a preferir outros mercados emergentes, inclusive o México, complicando as tentativas do Brasil de elevar o investimento a caminho da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. A bolsa brasileira caiu 3% no mês até agora, sendo que havia despencado 20,5% nos últimos 12 meses, segundo a MSCI. "É por isso que o desempenho do Brasil está baixo", diz Kathryn Rooney Vera, estrategista de macroeconomia da Bulltick Capital Markets. "Política de risco é importante [devido ao] perigo do descontrole inflacionário e dos danos que ele pode causar." Tombini disse que a inflação permanece teimosamente alta por causa do aumento dos preços dos alimentos no ano passado e da desvalorização acentuada do real, que caiu 10% em relação ao dólar em 2012. Ele disse que não espera que a moeda tenha o mesmo comportamento este ano. "Não vejo o mercado afetando o real da mesma forma", disse ele. O Brasil tem estado à frente da chamada guerra cambial, em que bancos centrais do mundo todo estão tentando enfraquecer suas moedas para manter suas economias competitivas. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi um dos primeiros a usar o termo, em 2010, depois da crise financeira, e o governo vem adotando controles específicos de capital para reduzir a entrada de recursos. Mas Tombini disse que o Brasil tem problemas mais graves para resolver. "Não creio que o Brasil deva entrar nesta guerra no momento", disse. O BC brasileiro fez intervenções no mercado para manter o câmbio na faixa de R$ 2,00 a R$ 2,10 o dólar durante boa parte do segundo semestre de 2012. A moeda brasileira, contudo, vem oscilando entre cerca de R$ 1,95 e R$ 2,14 por dólar desde dezembro, o que fez alguns investidores cogitarem que o BC estaria usando o câmbio como ferramenta de política monetária para ajudar a economia a se recuperar e para combater a inflação. Tombini disse que esta é uma ideia equivocada. "Nada disso é a realidade", disse ele. "[A] taxa de câmbio não é um instrumento nem para combater inflação nem para promover um crescimento econômico sustentável." O BC pode intervir no mercado de câmbio para impedir uma volatilidade excessiva da moeda, acrescentou ele. Taxas de juros baixíssimas no mundo desenvolvido e programas de compras de ativos de alguns importantes bancos centrais, inclusive o americano, resultaram numa enxurrada de liquidez nos mercados financeiros globais - provocando grandes fluxos de capital para países de juros altos, como o Brasil. Apesar dessas iniciativas, "o crescimento [mundial] continuará lento por um tempo", disse Tombini, acrescentando, porém, que ele vê menos riscos de um choque na economia mundial. Autoridades em todo o mundo, entretanto, terão que garantir que a reversão dessas políticas de relaxamento monetário e o enxugamento do excesso de liquidez ocorram sem problemas. "A preocupação daqui para frente será como o mundo vai sair desta [...] nova ordem", disse ele. (Colaborou Matthew Cowley.)
Neurocientistas identificam área cerebral relacionada ao autismo
Com novas investigações sobre o cérebro, os neurocientistas estão descobrindo que parte do que se afirmava sobre os transtornos de espectro autista estava errada. Pesquisadores do Centro Martinos de Imagem Biomédica do Hospital Geral de Massachusetts publicaram um artigo na revista Pnas descrevendo a relação entre a conexão dos neurônios e uma das principais características desses males: a dificuldade de se relacionar socialmente. Leia mais notícias em Ciência&Saúde Usando resultados de uma avançada técnica de imagem, os cientistas constataram que, em indivíduos portadores do problema, a coordenação da atividade neuronal é mais fraca na região do giro fusiforme, área do cérebro responsável pelo reconhecimento de faces. "Apesar de se saber há muitos anos que a conectividade funcional entre diferentes regiões cerebrais é reduzida nos transtornos de espectro autista, acreditava-se que ela era mais forte quando se considera uma área específica", diz Tal Kenet, pesquisadora do Centro Martinos e principal autora do estudo.
A rotina dos profissionais que lidam com a luta extrema pela sobrevivência
Todo dia ela faz tudo sempre igual, mas completamente diferente. Há mais de duas décadas, a pediatra Débora Nunes, 51 anos, acorda, põe o jaleco branco e, quando chega ao hospital, passa pela porta que sinaliza o acesso restrito. Ela entra calada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica e neonatal do Hospital Anchieta, em Brasília, e passa em cada leito para ver seus pequenos pacientes. Apesar da rotina, a médica intensivista nunca sabe que tipo de paciente chegará ao local onde a luta pela sobrevivência é levada ao extremo. O desconhecido, entretanto, não existe só para a equipe de profissionais de saúde envolvida na terapia intensiva. Para mães, pais, avós e colegas, ter passe livre ao local de acesso restrito é quase sempre apavorante. Em um único ambiente, são vários leitos divididos por cortinas que conferem uma certa privacidade ao paciente. A divisão visual, entretanto, não se replica à sonora. Os bipes das máquinas são constantes, os choros, as risadas, são todos ruídos compartilhados. O fluxo de pessoas também é intenso. De tempo em tempo, há a visita das equipes compostas por médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, infectologistas e tantas outras especialidades. Leia mais notícias de Saúde "Na primeira entrada na UTI, existe um impacto grande, a pessoa fica um pouco paralisada, não sabe direito para onde olhar. Ela tem medo de olhar o familiar internado daquele jeito, ela ouve o bipe do monitor, vê o respirador, vê que é muita gente circulando", relata Débora. Para o estresse dos familiares, o remédio que a intensivista dá é carinho e atenção. Um dos seus primeiros desafios é conquistar a confiança dos pais e deixá-los seguros de que a equipe profissional está ali para olhar as máquinas e os bipes. A função dos familiares é olhar para o bebê e acreditar no seu potencial de recuperação.
Vinho tinto previne contra a perda de audição
RIO - O resveratrol, composto químico encontrado em uvas vermelhas e no vinho tinto, além de proteger o coração e evitar o câncer, pode, também, prevenir a perda de audição. Em um estudo conduzido no Hospital Henry Ford, em Detroit, nos Estados Unidos, ratos saudáveis ficaram menos propensos a sofrer com o barulho que induz à perda de audição quando tomavam resveratrol antes da exposição aos ruídos por um longo período. - Nosso último estudo mostrou os efeitos do resveratrol na resposta do corpo aos ferimentos, algo que, segundo se acredita, é a causa dos muitos problemas de saúde, incluindo mal de Alzheimer, câncer, envelhecimento e perda de audição - explica Michael Seidman, coordenador do estudo publicado na revista "Otolaryngology-Head and Neck Surgery". A perda de audição afeta metade das pessoas acima dos 60 anos, mas muitos sofrem com o problema a partir dos 40 ou 50 anos. - Mostramos que o resveratrol pode reduzir o declínio da audição e cognição - diz Seidman. Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/saude/vinho-tinto-previne-contra-perda-de-audicao-7641432#ixzz2LukjNRVZ © 1996 - 2013. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.
Após derrubar juros, BB e Caixa batem recordes e ganham mercado
Os bancos públicos federais, Banco do Brasil e Caixa, ganharam a disputa por mercado contra os maiores bancos privados do país, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander, após a queda da taxa básica de juros. O governo pressionou os bancos estatais a aumentarem a oferta de crédito e a baixar os juros para incentivar o consumo, em meio à desaceleração da economia. Tanto o Branco do Brasil quanto a Caixa registraram lucros recordes no ano passado, de R$ 12,2 bi e R$ 6,1 bi, respectivamente. Enquanto isso, Itaú, Bradesco e Santander viram seus ganhos diminuírem o ritmo no mesmo período. Com queda de 7%, o Itaú ainda foi o banco que mais lucrou no país, R$ 13,594 bilhões. Logo atrás vem o Bradesco, com ganhos de R$ 11,381 bilhões, o único entre os privados que aumentou o lucro no período (alta de 3%). Já o Santander teve um recuo de 5%, chegando a R$ 6,329 bilhões. Carteira de crédito Outro fator importante nessa disputa, a carteira de crédito, também mostra ampla vantagem dos bancos públicos. A Caixa Econômica Federal anuciou que sua carteira cresceu 42% no ano passado, avanço quase cinco vezes maior do que a taxa média de seus principais concorrentes privados. A carteira de crédito do Banco do Brasil, incluindo operações no exterior, cresceu 24,9% em 2012.