Para acalmar os professores das universidades federais em greve há quase um mês, o governo prometeu apresentar proposta de reajuste salarial na terça-feira que vem, por meio de um novo plano de carreira. O Palácio do Planalto está sendo pressionado por quase todas as categorias do serviço público federal a conceder aumentos e as paralisações começam a tomar conta do país. Por ora, além dos docentes universitários, somente os militares e, possivelmente, o pessoal do Judiciário deverão ter algum reajuste em 2013. O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, sinalizou que o governo poderá tomar como base para a negociação com os professores universitários o plano de carreira da Ciência e Tecnologia. Atualmente, um professor titular com dedicação exclusiva ganha entre R$ 4,7 mil e R$ 11,7 mil, a depender da formação acadêmica. Já um pesquisador titular da carreira de ciência e tecnologia recebe entre R$ 7,7 mil e R$ 14,1 mil, incluindo as gratificações temporária e de desempenho. Em reunião anteontem no Ministério do Planejamento com representantes dos docentes federais, Mendonça pediu prazo de 20 dias para apresentar uma contraproposta, condicionada ao fim da paralisação, o que foi rejeitado. Ele então se comprometeu a levar um "esboço" de um novo plano de carreira para os professores na próxima terça. Até lá, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) garante que a greve continua. Já chega a 55 o número de universidades que aderiram à paralisação. Na avaliação da professora Milena Martinez, integrante do comando nacional da greve, a apresentação de uma proposta baseada na ciência e tecnologia não atenderá à reivindicação da categoria. "São atividades completamente distintas. Além disso, há uma incompatibilidade nas cargas horárias das duas carreiras", disse. Quartel O governo também está estudando aumento para os militares em 2013. Um grupo formado por integrantes dos ministérios do Planejamento e da Defesa está elaborando uma proposta há três meses, mas, por enquanto, ainda não foi definido o percentual nem como será pago, se parcelado e a partir de quando. A concessão de reajuste para os militares é considerada inevitável pelo governo, que não pretende intensificar a insatisfação nos quartéis. O último foi concedido em 2006, de forma escalonada até 2008, e os salários estão defasados em relação a outras carreiras do Executivo. Com a possibilidade de um reajuste linear para todo o funcionalismo descartada, os servidores civis das demais áreas querem uma proposta oficial do governo. O secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Distrito Federal (Sindsep-DF), Oton Pereira Neves, afirmou que a greve do Executivo começará na segunda e garantiu que ela será mantida até que o governo sinalize com algum aumento. Ele não quis adiantar se os servidores aceitarão reajustes diferenciados, como os que foram concedidos entre 2008 e 2010. "Não dá para fazer nenhum tipo de avaliação com propostas não oficiais. Isso deixa a nossa categoria vulnerável", afirmou. Segundo ele, a reivindicação do funcionalismo está na mesa do governo desde janeiro: 22% de aumento linear, além da definição de uma data-base anual para negociação. "O governo se recusa a escrever qualquer tipo de proposta, é uma posição de total descaso com os servidores", criticou o secretário-geral do Sindsep-DF. Técnicos parados Não são só os professores a pedir aumento nas universidades. Os técnico-administrativos engrossaram a greve dos docentes universitários na segunda-feira. Eles querem piso salarial maior e correção de pendências da carreira desde 2007. "Nunca a adesão ao calendário de ações e propostas oficiais da entidade foi tão unânime. É perceptível como cada uma das entidades filiadas está engajada no processo de paralisação", comemorou a diretoria nacional da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Técnico-administrativos das Universidades Brasileiras (Fasubra).
Dilma defende queda de juros e medidas pró-consumo
Estimular o consumo, reduzir as taxas de juros e aumentar os investimentos governamentais fazem parte da estratégia da presidente Dilma Rousseff para enfrentar a crise internacional. Em evento, no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio, em que celebrava um empréstimo de R$ 3,6 bilhões do Banco do Brasil para o Estado, Dilma disse estranhar que algumas pessoas digam que o poder de consumo brasileiro esteja estagnado e também criticarem a continuidade da queda dos juros num momento de crise. Foi o segundo dia consecutivo em que a presidente defendeu o consumo como um elemento importante do modelo de crescimento do país. Na terça-feira, em Belo Horizonte, o tom do discurso da presidente também foi esse. "Estranho que digam que tenha acabado o poder de consumo de um povo que mal acabou de começar a consumir. É estranho aqueles que dizem que o mercado de consumo brasileiro é maduro", disse. " Nós vamos ampliar o poder de consumo sim. É um mercado ainda incipiente de crédito", afirmou. Dilma também afirmou que há "milhões de brasileiros" que ainda que não têm acesso a bens de consumo e que vão ter. "Nós somos um dos melhores mercados de varejo do mundo, por conta desta demanda reprimida". A presidente ainda acrescentou que acha natural, diante da crise, que o setor privado reduza seus investimentos, mas, para isso, pretende aumentar os recursos provenientes do Estado. "É sobre isto que estamos tratando aqui", disse ela, em referência à liberação do crédito ao Rio que será utilizado para financiar obras públicas tanto para a Copa do Mundo de Futebol e para a Olimpíada, como para estradas e moradia. O empréstimo concedido pelo Banco do Brasil ao Rio é o primeiro concedido dentro de uma nova disponibilidade do banco oficial. O governo fluminense terá cinco anos de carência e mais 20 anos para pagar em parcelas semestrais, com taxa de juros de Libor (atualmente em 1,07% ao ano) mais 3,8% ao ano. A presidente também reclamou de quem critica a queda na taxas de juros do país afirmando que ela continuará. "Não há razão técnica para o país não ter reduzido as taxas de juros que vem mantendo ao longo dos anos. Temos solidez fiscal. Somos um dos países que têm as melhores finanças públicas do mundo. Mostramos que podemos controlar a inflação por nós mesmos", afirmou Dilma, acrescentando que porém, "não vai baixar os juros por decreto". Dilma encerrou seu discurso afirmando que, diferentemente dos países europeus, não aceitou a máxima de "ou bem eu faço ajuste ou bem eu cresço. O Brasil só encontrou seu rumo porque cresceu, incluiu e ampliou. Não é um desenvolvimento para o PIB [Produto Interno Bruto ]é um desenvolvimento para as pessoas". A presidente também disse que manter um conteúdo nacional elevado e incentivar a produção local para abastecer a Petrobras é um compromisso de governo, mas não falou em percentuais. "Vamos fazer uma política inteligente, com conteúdo nacional com alguma importação. A base da nossa política não é fazer vazar emprego lá fora. Porque os brasileiros têm condições de produzir tecnologia de qualidade". Dilma acrescentou que as críticas quanto ao atraso das entregas da sonda nada tem a ver com a exigência do conteúdo nacional. "O que está atrasado são as sondas construídas no exterior", disse ela.
Bolsas perdem com dados fracos nos EUA
RIO e WASHINGTON . A queda nas vendas do varejo, pelo segundo mês consecutivo nos EUA, foi a principal causa de perdas nas bolsas internacionais ontem. Um relatório do Departamento do Comércio americano mostrou um decréscimo nas vendas de 0,2%, repetindo o resultado de abril. Também a queda de 0,8% na produção industrial na zona do euro, divulgada ontem, teve influência para o cenário de pessimismo. O dólar comercial fechou em alta de 0,33% sobre o real, a R$ 2,072 para venda. A moeda americana chegou a cair 0,58%, a R$ 2,053, em reação às declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que admitiu, pela primeira vez, em entrevista ao GLOBO, que poderia rever o uso do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre empréstimos do exterior para conter a alta do dólar. - As bolsas lá fora caíram bastante e isso deixou o mercado de dólar mais nervoso. Mas essa notícia de que o governo está querendo tirar o IOF para empréstimos mostra preocupação com o nível da moeda e ajuda a derrubar o preço - avalia Ures Folchini, vice-presidente de tesouraria do Banco WestLB do Brasil. O fluxo cambial do país, depois de fechar maio no vermelho, em US$ 2,7 bilhões, voltou a ficar positivo em junho. O saldo entre a entrada e a saída de dólares até o dia 8 foi de US$ 843 milhões. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou o pregão de ontem descolada do exterior. O Ibovespa, índice referência do mercado brasileiro, teve alta de 1,09%, em sessão instável. Tiveram destaque as altas de Petrobras PN, da construtora PDG ON, e de BMFBovespa ON. Em Wall Street, Dow Jones recuou 0,62%; S&P 500, 0,7%; e Nasdaq, 0,86%. Na Europa, Londres subiu 0,18%; Paris retrocedeu 0,55%; Frankfurt teve perda de 0,14%; Madri, avanço de 1,42%; e Milão recuou 0,65%. Para o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, em meio a tal cenário de incertezas, a Europa não deve adiar o lançamento de seu novo plano de recuperação, porque não há muito tempo hábil para defender a moeda comum. Geithner, no entanto, expressou confiança de que a tarefa será cumprida: - Os europeus nos dizem privadamente que farão o necessário para manter a união (monetária) - disse, em palestra no think tank Council on Foreign Relations, na capital americana.
Juros do cartão de crédito resistem
A taxa média mensal de juros para a pessoa física atingiu o menor nível desde 1995, quando teve início a série pesquisada pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). A taxa mensal verificada foi de 6,18% em maio, ante 6,25% em abril. Mas as taxas do cartão de crédito resistem ao movimento de corte geral. A redução de maio foi a quarta apurada este ano e, segundo a Anefac, foi impulsionada pelo corte da taxa Selic - que, no fim de maio, passou de 9% ao ano para 8,5% - e pela redução dos juros promovida pelos principais bancos do País, o que criou uma maior competição no mercado entre as instituições financeiras. "A taxa de juros continua caindo. Essa redução foi provocada pela queda da Selic, pela maior competição entre os bancos e também pela expectativa de que o Banco Central vai continuar reduzindo a Selic", disse Miguel de Oliveira, vice-presidente da Anefac. "A tendência é de que a taxa continue caindo." Das seis linhas de crédito pesquisadas pela Anefac, a única que permaneceu inalterada foi a do cartão de crédito (10,26% ao mês). A taxa segue no mesmo nível há pelo menos um ano. "Eu posso atribuir essa manutenção da taxa a pouca competição. É um setor extremamente concentrado", afirma Oliveira. O cartão de crédito tem sido o grande vilão das famílias brasileiras endividadas. Pesquisa divulgada na terça-feira pela Confederação Nacional das Indústria (CNI), em parceria com o Ibope, mostrou que, dos brasileiros endividados, a maioria tem pendência no cartão de crédito (32%). Em seguida, estão dívidas em carnê, caderneta ou fiado direto com a loja (28%). Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviço (Abecs), o Brasil encerrou o primeiro trimestre com quase 179 milhões de cartões de crédito, uma alta de 13% ante o mesmo período de 2011. "O cartão de crédito tem historicamente o juro mais alto, porque a inadimplência é maior. Há um custo operacional maior nesse segmento", afirmou Alexandre Chaia, professor de Finanças do Insper. Para ele, as taxas do cartão de crédito deverão seguir os outros produtos e também ter uma redução. "A tendência é cair. Eu só não acho que vai cair tanto quanto o governo espera", disse o professor do Insper. Ele ressalta que o segmento de cartão de crédito manteve as taxas inalteradas porque não houve tanta pressão do governo. A pesquisa da Anefac também apontou que a segunda maior taxa é a do cheque especial (8,24% ao mês). Houve uma queda em relação a abril, mas a taxa ainda é maior do que a verificada em maio do ano passado. . Troca da dívida. A principal recomendação dos especialistas é que quem está endividado no cartão de crédito ou cheque especial faça a troca da dívida. Ou seja, o cliente pode adquirir um empréstimo no banco com taxas menores para cobrir a dívida do cartão de crédito.
Senado aprova política nacional de combate à pirataria de remédios e cosméticos
Brasília - O Senado superou hoje (13) a primeira etapa da criação de uma política nacional de combate à pirataria de produtos submetidos à Vigilância Sanitária. O foco principal é integrar as diversas ações governamentais de enfrentamento da pirataria de produtos que devem passar pelo crivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Projeto de lei nesse sentido, de autoria do senador Humberto Costa (PT-PE), foi aprovado em caráter terminativo na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Agora, a matéria seguirá para a análise da Câmara dos Deputados. Segundo levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS), citado pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco), na América Latina, no Sudeste da Ásia e na África estima-se que 30% dos produtos à venda no mercado e usados pela população têm origem fraudulenta. A Anvisa, por sua vez, estima esse percentual em 20% no Brasil. Os dados foram apresentados pela relatora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). Ela lembrou que a OMS estima em 25% o percentual de falsificação ou adulteração de medicamentos vendidos em países em desenvolvimento como Brasil, Turquia, Rússia e Índia. A relatora citou, por exemplo, a pirataria de cosméticos, que tem características peculiares. "A produção ilegal ocorre dentro das fronteiras do país, em fabriquetas de fundo de quintal ou em pequenos laboratórios". Ela acrescentou que a produção está mais próxima dos locais de consumo, o que dificulta a interceptação dos produtos. A senadora citou que as denúncias veiculadas recentemente de uso de formol (formaldeído) em cremes para o cabelo trouxeram à tona um pouco da realidade da fabricação e do uso ilegal de cosméticos no Brasil.
UnB cai 14 posições em ranking das melhores universidades latino-americanas
A Universidade de Brasília (UnB) caiu 14 posições - de 11ª para 25ª - em um ranking que avalia instituições latino-americanas de ensino superior. A lista foi elaborada pelo grupo britânico Quacquarelli Symonds, que produz o Top Universities, uma das principais classificações do gênero do mundo. A administração central da UnB alega que houve falhas no momento da coleta de informações com as próprias escolas, o que provocou o resultado ruim. Em 2011, o grupo fez a primeira avaliação específica para a América Latina. Este ano, a Universidade de São Paulo (USP) alcançou a primeira posição, repetindo o resultado do ano anterior. Leia mais notícias em Cidades O Brasil tem 65 universidades entre as 250 da lista, sendo oito delas entre as 20 primeiras. No ano passado, a UnB atingiu 78,2 pontos de um total de 100. Nesta edição, o desempenho foi de 71,83. A USP tirou nota máxima na avaliação do Top Universities. O ranking usa sete critérios com pesos diferentes, incluindo reputação acadêmica, número de artigos por docente e professores com doutorado. Confira o ranking. QS Latin University Ratings Posição Universidade Pontuação 1° Universidade de São Paulo (USP) 100 2° Pontificia Universidad Católica de Chile 99,98 3° Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) 97,55 4° Universidad de Chile 93,73 5° Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM) 92,83 6° Universidad de los Andes - Colômbia 90,37 7° Tecnológico de Monterrey (ITESM) México 85,81 8° Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 85,41 9° Universidad de Concepción - Chile 83,76 10° Universidad de Santiago de Chile (USACH) 82,8 11° Universidad de Buenos Aires - Argentina 82,48 12° Universidad Nacional de Colombia 82,24 13° Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) 81,61 14° Universidade Federal do Rio Grande Do Sul (UFRGS) 78,55 15° Universidade Federal de São Paulo 78,49 16° Instituto Politécnico Nacional (IPN) - México 78,44 17° Universidade Estadual Paulista (Uesp) 77,43 18° Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro 76,56 19° Instituto Tecnológico Autónomo de México (ITAM) 74,68 20° Pontificia Universidad Católica Argentina Santa María de los Buenos Aires (UCA) - Argentina 73,94 21° Universidad Autónoma Metropolitana (UAM) - México 73,58 22° Universidad Nacional de Córdoba - Argentina 72,48 23° Pontificia Universidad Javeriana - Colombia 72,18 24° Universidad Nacional de la Plata - Argentina 71,92 25° Universidade de Brasília (UnB) 71,83