Os primeiros dados de atividade da indústria em junho reforçam a percepção de que a economia no segundo trimestre avançou de forma ainda lenta. Duas pesquisas mostraram que a confiança dos empresários do setor recuou neste mês para o menor patamar do ano, em razão da decepção com o resultado dos estímulos já concedidos, segundo economistas. Como ainda em junho não há sinais claros de retomada da atividade, ganha força a avaliação de que será necessário uma forte aceleração do crescimento no segundo semestre para que o país encerre o ano com crescimento de 2%. De acordo com o resultado preliminar, o Índice de Confiança da Sondagem da Indústria da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que vinha mostrando recuperação da confiança do setor desde novembro, ainda que gradual, passou de 103,4 pontos em maio para 102,9 pontos em junho, queda de 0,5% em relação ao resultado final do mês anterior. Se confirmado, este será o primeiro recuo do indicador desde outubro. Em outro levantamento, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) recuou 1,8 ponto entre maio e junho, para 56,1 pontos, menor nível desde dezembro de 2011. O Icei varia de zero a 100 pontos, sendo que valores acima de 50 pontos indicam otimismo no setor. Aloisio Campelo, coordenador da pesquisa da FGV, destaca que a queda da confiança recuou principalmente por causa da retração do Índice de Expectativas (IE). "Houve recalibragem das expectativas, que parece associada à dificuldade de aceleração da economia", afirma. A prévia da sondagem mostrou que após alta de 1,1% nos últimos dois meses, o IE teve queda de 1,6% em junho ante maio, retornando ao mesmo patamar observado em fevereiro. Marcelo de Ávila, economista da CNI, avalia que o otimismo registrou aumentos consecutivos no início do ano por causa das medidas do governo para estimular o crescimento do setor, mas agora os empresários avaliam que até o momento, o conjunto de ações não levou a "uma recuperação, de fato, da atividade industrial". Para Vladimir Caramaschi, economista-chefe do Crédit Agricole, a queda da confiança da indústria pode ser atribuída ao cenário externo, em que a Europa está imersa em uma grave crise e os emergentes já não mostram a mesma resistência ao desaquecimento mundial vista entre 2008 e 2009. Além disso, ressalta, há certa frustração com a demanda doméstica. "Com juros reais no patamar atual, em outras épocas o consumo estaria bombando", mas isso não ocorre hoje como resultado do comprometimento mais elevado da renda das famílias com dívidas, avalia. Nos próximos meses, diz Caramaschi, esse problema deve ser parcialmente equacionado, já que a maioria das dívidas é de curto prazo. Com a expectativa de que a inadimplência passe a ceder, o afrouxamento das condições monetárias, a desoneração tributária para alguns setores e a fraca base de comparação devem dar algum alívio para a indústria no segundo semestre, o que compõe o quadro de forte retomada da economia esperada pelo economista. Caramaschi estima que o PIB irá crescer entre 1,7% e 2% por trimestre nos últimos seis meses de 2012. Na avaliação de Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora, a queda da confiança industrial em junho reforça um quadro ainda pessimista para a produção e os investimentos no segundo trimestre e indica que a economia só deve ter um crescimento mais próximo do potencial nos últimos três meses de 2012. Por isso, diz, sua projeção de crescimento de 2,1% em 2012 já parece um teto. Ele calcula que, se no segundo trimestre a economia crescer 0,6%, será necessário que o PIB brasileiro avance no mínimo 1,5% nos últimos dois trimestres do ano para que a expansão da atividade não seja inferior a 2% em 2012. Em função do fraco desempenho da atividade industrial no início do segundo trimestre, o Credit Suisse reduziu ontem a projeção de crescimento para o Brasil neste ano de 2% para 1,5%. A estimativa da instituição para o ano incorpora a redução de 0,8% para 0,5% na projeção de crescimento para o período entre abril e junho, além de avanços de 1% e 1,5% nos trimestres seguintes, em relação aos três meses imediatamente anteriores. (Colaborou Gabriel Caprioli)
Setor de linha branca quer manter redução do IPI
A Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) pediu ao ministério da Fazenda a prorrogação da alíquota reduzida do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para linha branca como fogão, geladeira e máquina de lavar. O prazo termina no final deste mês. "Este foi o primeiro contato", disse o presidente da Eletros, Lourival Kiçula, após reunião com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. Segundo o presidente da Eletros, o governo solicitou um estudo detalhado sobre o impacto da diminuição do IPI nas vendas do setor, mas não indicou se atenderá o pleito. Em dezembro, o governo cortou o IPI da linha branca para estimular as vendas do segmento. A medida foi prorrogada em março para o final de junho. Atualmente, a alíquota de IPI que incide sobre os eletrodomésticos é de até 10%. Sem a isenção, a alíquota para fogões é de 4%, para geladeiras é de 15% e, para máquinas de lavar, 20%. No mês final de maio, o Valor informou que a Eletros defende ainda uma alíquota única de 4% de IPI para linha branca a partir de 1º de julho. Kiçula ressaltou que, com a diminuição do IPI, as vendas do setor apresentaram um crescimento entre 5% e 10% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2011. Em abril, no entanto, houve uma diminuição de 5% ante o mês de 2011, o que, segundo o presidente da Eletros, pode estar relacionado à antecipação de compras, pois o benefício acabaria em março. Em maio, houve uma recuperação e as vendas subiram 5% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Mercado de câmbio vive clima de indefinição no Brasil
As incertezas externas têm colocado parte do mercado de câmbio em clima de espera no Brasil. Com sinais pouco consistentes e, às vezes, até divergentes sobre Europa, Estados Unidos e China, empresas e investidores optam por reduzir o ritmo nos negócios. Com volumes menores, o fluxo de dólares ao Brasil não segue tendência firme. Ontem, a moeda voltou a subir e fechou a R$ 2,035, com alta de 0,25%. A falta de clareza sobre os rumos da economia global tem feito o mercado de moedas operar sem um norte. Após a entrada de US$ 843 milhões nos oito primeiros dias do mês, a tendência mudou: os números do Banco Central voltaram ao campo negativo e US$ 327 milhões deixaram o Brasil na semana passada, entre 11 e 15 de junho. A troca de sinais não surpreende analistas. "Não há rumo no cenário exterior. Cada instituição fala em um sentido e o investidor fica perdido", diz a diretora de câmbio da AGK Corretora, Miriam Tavares. Segundo ela, a cautela gera menor volume de negócios e cuidado redobrado. A maior preocupação, diz Miriam, é ficar exposto às variações cambiais. Comércio. Ao contrário do visto nos últimos 15 meses, o setor de comércio exterior amarga fluxo cambial negativo, mostram os dados do BC. Isso quer dizer que as transferências para pagar importações superaram o montante de dólares que ingressou no Brasil pela mão dos exportadores. Na semana passada, US$ 435 milhões deixaram o País para pagar importados. Mesmo com o dólar a R$ 2 - positivo para quem vende em dólar -, exportadores têm sido cautelosos. "O resultado da balança comercial tem frustrado as expectativas em boa parte pela queda de preços importantes para o Brasil, como o minério de ferro, açúcar e café", diz o economista da Rosenberg & Associados, Rafael Bistafa. "Além disso, muitos trouxeram volume grande de recursos quando o dólar bateu em R$ 2. Agora, a necessidade de mais recursos parece menor e empresas preferem esperar e deixam o dinheiro no exterior." Surpreendentemente, o fluxo de dólares com os investidores continua positivo. Na semana passada, US$ 108 milhões entraram no País em transações como compra de ações e títulos de renda fixa, empréstimos e investimento produtivo. Em junho, a conta já chega a US$ 1,12 bilhão. Os números positivos, porém, não animam o mercado, que segue cauteloso à espera de uma solução externa. No mês passado, US$ 6,3 bilhões deixaram o Brasil nessas operações, maior volume desde novembro de 2008 ainda na crise passada.
Ação da OdontoPrev acumula baixa de 8% na semana
As ações da OdontoPrev, maior operadora de plano odontológico do país, estão com giro acima da média e acumulam baixa de 8% nesta semana. O mau humor dos investidores com os papéis da empresa ocorre depois que o Bank of America Merrill Lynch divulgou um relatório informando que retirou de seu modelo de precificação das ações a possibilidade de fechamento de parceria para a venda de planos com o Banco do Brasil. Os analistas observam que a probabilidade de o negócio ser concluído é muito pequena. Sem esse acordo, as possibilidades de crescimento da OdontoPrev, em particular no atendimento ao varejo, ficam reduzidas. As conversas entre o banco e a operadora começaram há quase dois anos - em agosto de 2010 - sem que qualquer avanço tenha ocorrido. Para o mercado, a falta de notícia incomoda - segundo um analista os investidores "cansaram de esperar por este anúncio". Além disso neste ano, praticamente mês a mês, o mercado tem acompanhado que diretores da empresa vendem ações da companhia na bolsa. Em janeiro, as vendas de administradores da OdontoPrev somaram R$ 2,5 milhões; em março, R$ 3,9 milhões; em abril R$ 1 milhão; e, em maio, R$ 16,5 milhões. No início do ano, a fatia acionária de diretores na empresa era de 0,96% e foi reduzida para 0,58% no mês passado. Em maio também conselheiros da empresa venderam R$ 800 mil em ações. A Instrução 358 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estabelece que, mensalmente, as companhias abertas devem divulgar se diretores, conselheiros ou controladores negociaram ações da empresa. As movimentações desses "insiders", como são conhecidos no jargão do mercado, precisam ser públicas pois eles têm restrições à negociação por terem acesso privilegiado às informações da companhia. Pelas regras da CVM, a empresa precisa apenas divulgar a operação, sem especificar motivos ou identificar quem a efetuou. Essa movimentações podem ser vistas pelo mercado como um sinalizador do sentimento dessas pessoas em relação aos negócios das empresas. Mas essa análise imediata não necessariamente é a mais adequada, do ponto de vista das empresas e executivos. Muitas vezes as vendas ocorrem por conta de exercício de planos de opções ou mesmo porque, como qualquer outra pessoa, os executivos podem ter tido necessidades de recursos em determinado período. Procurados pelo Valor, nem a OdontoPrev nem o BB deram entrevista. O Bofa Merrill Lynch manteve recomendação neutra para a OdontoPrev e elevou seu preço-alvo de R$ 10 para R$ 12. O impacto negativo da retirada do acordo com BB dos cálculos foi estimado em 5%.
Judiciário para por 48 horas
Servidores fazem pressão em favor de projeto de lei que reestrutura a carreira. Movimento pode prejudicar o registro de candidaturas às eleições municipais Os servidores do Judiciário e do Ministério Público da União (MPU) no Distrito Federal aprovaram uma paralisação de 48 horas entre terça-feira e quarta-feira da semana que vem. O plano original dos sindicato era o de uma greve por tempo indeterminado a partir de hoje, mas os trabalhadores recuaram na expectativa de que seja apresentado na Comissão de Tributação e Finanças da Câmara o relatório do Projeto de Lei nº 6.613/2009, que trata da restruturação de carreira. "A conversa que tivemos é para que o relatório seja apresentado na terça-feira e o projeto seja votado na quarta", explicou Jailton Assis, coordenador do sindicato no Distrito Federal. Os sindicatos filiados à Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do Ministério Público da União (Fenajufe) já haviam cruzado os braços por 24 horas no último dia 12, ato que foi repetido ontem, em Brasília. A Fenajufe também orientou os sindicatos da base a fazerem greve em 4 e 5 de julho, com foco na Justiça Eleitoral. A escolha desses dias levou em conta o fato de que, nesse período, termina o prazo para o registro das candidaturas às eleições municipais de outubro. A promessa dos sindicalistas é de que a mobilização dos servidores irá comprometer o pleito. Ainda como parte da estratégia de aproveitar o processo eleitoral nos municípios, a Federação vai elaborar um documento destinado aos partidos políticos em que a categoria pedirá manifestações de apoio à agilidade nas negociações entre os três poderes. Outra orientação é para que toda quarta-feira seja marcada com protestos pela aprovação do plano de cargos e salários da categoria. Nesses dias, além das manifestações nas capitais, os sindicatos deverão enviar representantes a Brasília para acompanhar as sessões da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara e pressionar os parlamentares. Executivo Os servidores do Executivo também protestaram ontem com uma passeata no Centro do Rio de Janeiro, em conjunto com diversos outros movimentos sociais. Por enquanto, seis ministérios já aderiram à greve por tempo indeterminado: Saúde, Previdência, Trabalho, Justiça, Relações Exteriores e Desenvolvimento Agrário (MDA). Além desses, também cruzaram os braços funcionários do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Arquivo Nacional. Após três dias, a greve do Executivo ainda não resultou em nenhuma contraproposta por parte do governo. A Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) assegura que a mobilização vai crescer nos próximos dias, até atingir todos os órgãos. Até o momento, entretanto, a maior parte do funcionalismo continua a dar expediente normal, a despeito da convocação para a greve.
Asma afeta 10% da população brasileira
Hoje é o Dia Mundial de Combate à Asma, e especialistas alertam que é no inverno que as crises da doença mais aparecem. Além disso, lembram que mais de 180 mil pessoas foram internadas me 2011 no Brasil por causa da doença. A doença é a quarta causa de hospitalização do Brasil, segundo o Ministério da Saúde, e acomete 10% da população brasileira. A asma é uma doença crônica que ataca as vias respiratórias, dificultando a respiração e podendo levar à morte. Segundo o pneumologista Leonardo Palermo, do Hospital Israelita Albert Sabin, no inverno, o clima é mais seco e as pessoas ficam em ambientes fechados, o que facilita as infecções virais. Ele alerta que ficar em ambiente fechado por muito tempo representa contato constante com poeira, ácaros e mofo, o que é prejudicial para as vias respiratórias. "Além disso, a pessoa fica mais suscetível a vírus que causam gripe e resfriado", explica. De acordo com o pneumologista do Centro de Medicina Nuclear da Guanabara Júlio Cezar Rodrigues, a gripe não causa asma, mas pode piorar o quadro de quem tem predisposição para a doença. "A gripe inflama o sistema respiratório e facilita crises, com tosse, falta de ar, cansaço e chiados no peito", diz. Apesar de não ter cura, a asma tem tratamento. O Ministério da Saúde oferece gratuitamente três medicamentos para asma pelo programa "Saúde não Tem Preço": brometo de ipratrópio, dirpoprionato de beclometasona e sulfato de salbutamol. Previna-se Use roupas de cama antialérgicas. Lave-as uma vez por semana e coloque-a no sol. Evite manter cobertores guardados por muito tempo. Eles acumulam ácaros, poeira e mofo. As vacinas de gripe e pneumonia são recomendadas em alguns casos para os asmáticos crônicos. Beba líquidos. A hidratação ajuda a fluidificar secreção respiratória. Evite o banho quente. A água quente causa choque térmico ao sair do banheiro no inverno. (Fonte: O Dia)