A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mudou as regras para o uso de termos, como light, baixo, rico e não contém, nos rótulos de alimentos. Chamados tecnicamente de alegações nutricionais, tratam-se de informações para descrever o nível (absoluto ou relativo) de determinados nutrientes ou o valor energético dos alimentos. A palavra light, por exemplo, só poderá ser utilizada se o produto tiver algum nutriente com valor reduzido em relação à versão convencional (alimento de referência). O termo era permitido tanto em alimentos com redução de algum nutriente quanto naqueles com baixo teor de algum nutriente, sem comparar com os produtos de referência. Segundo a Anvisa, os consumidores e profissionais de saúde encontravam dificuldades em reconhecer as diferenças entre os produtos com a indicação light. Leia mais notícias em Brasil Em relação aos termos fonte de proteína e alto teor de proteínas, foram estipulados critérios para quantidade e qualidade mínimas. De acordo com a agência reguladora, a ideia é coibir o uso das informações de forma enganosa, por exemplo, em alimentos com quantidade de proteínas incompletas ou de baixa qualidade. A nova resolução da Anvisa, a RDC 54/2012, alterou também a base de cálculo para o uso dessas informações. Atualmente, a base é 100g ou ml do alimento para fazer o cálculo. Com a mudança, o cálculo deverá ser feito a partir de uma porção do alimento. Segundo a agência reguladora, a nova base de cálculo impede confusão na hora de comparar produtos, além de facilitar ao consumidor saber a quantidade exata de ingestão de determinado nutriente. As empresas têm até o dia 1º de janeiro de 2014 para adequar os rótulos. Os fabricantes não são obrigados a divulgar as alegações nutricionais. Os produtos fabricados no período de adaptação poderão ser comercializados até o fim de seu prazo de validade. Com a nova resolução, o Brasil passa a ter os mesmos regulamentos técnicos de rotulagem nutricional do Mercosul, o que facilita a livre circulação dos alimentos entre os países do bloco. As novas normas também valem para as informações desse tipo veiculadas em anúncios nos meios de comunicação.
Modo de cultivo e origem do alimento determinam a qualidade da mesa
São Paulo - Na Escola Classe 15 de Ceilândia, uma horta de 400m2, onde as crianças colhem alface, rúcula, espinafre, pimenta, rabanete e ervas medicinais, tem rendido importantes prêmios, como do Green Move Festival. O projeto chamado Cantinho Verde, que teve início em 2008, é o resultado concreto de um movimento mundial pela conscientização sobre como o alimento é produzido. Principal defensora do uso de ingredientes frescos, locais e sazonais, a norte-americana Alice Waters, em sua primeira visita ao Brasil, na semana passada, não viu a horta de Ceilândia, mas percorreu outra em uma escola de São Paulo, onde veio abrir a Semana Mesa SP 2012, nona edição do evento realizado pelo Senac, em seu auditório de Santo Amaro, em parceria com a revista Prazeres da Mesa, que teve como tema Descobrindo as Américas. Surpresa: em um ninho de verdade, Acurio reproduziu cascas de ovos feitas de açúcar e gemas, de gelatina de maçã Há 40 anos, Alice Waters iniciou o que ela gosta de chamar de "revolução deliciosa" ao abrir, em 1971, o restaurante Chez Panisse, em Berkeley, na Califórnia. Lá, ela só usa produtos orgânicos comprados diretamente do produtor, sem intermediários. Com isso, criou-se uma rede de fornecedores que inclui pescadores, queijeiros, hortelões e outros. Sua cruzada lhe valeu o cargo de vice-presidente do Slow Food Internacional, movimento criado na Itália pelo jornalista e sociólogo Carlo Perini, que dirige a organização.
Professor reiventa alfabetização para crianças carentes e leva o "Nobel"
Doha (Qatar) - O mundo está em crise? Está. Estados, economias, instituições, modelos, crenças veem as bases ruírem. O desafio: buscar respostas capazes de apontar saídas e construir novos paradigmas. O maior deles é o da educação. Há que criar alternativas inovadoras aptas a oferecer formação de qualidade a baixo custo. No século 21, contingentes até há pouco marginalizados pedem inclusão. Para ultrapassar os obstáculos impostos pela exclusão, não basta oferecer-lhes alternativas. Impõem-se alternativas de qualidade. Muitos se empenham na busca. O Prêmio Wise de Educação, considerado o Nobel do setor, seleciona o melhor projeto levado avante nos cinco continentes. O de 2012 foi concedido a Madhav Chavan. Com doutorado nos Estados Unidos, Chavan retornou à Índia em 1986 e lecionou química na Universidade de Mumbai. Ficou chocado com as dificuldades da população carente e se dispôs a fazer algo. Para educar e alfabetizar milhões de pessoas com custo mínimo, desenvolveu uma fórmula científica simples - que inclui monitoramento e avaliação quantitativa e qualitativa (adesão, instalações e resultado do aprendizado). Uniu forças com o governo local e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Movia-o uma certeza: a educação era a maior barreira ao desenvolvimento do país. Para ultrapassá-la, urgia garantir o acesso a escola que oferecesse ensino de excelência.
Sensores captam pensamentos por meio de movimentos da garganta
Autor da pesquisa, Charles Jorgensen usa a tecnologia da fala subvocal: a intenção é desenvolver sensores mais discretos Imagine uma conversa sem mexer os lábios, emitir qualquer tipo de som ou fazer leituras corporais. Você constrói frases em pensamento, faz leves movimentos com a garganta e a mensagem chega à outra pessoa. Quase uma telepatia, mas sem nada de parapsicologia ou explicações sobrenaturais. Pesquisa de reconhecimento de fala subvocal liderada pelo pesquisador Charles Jorgensen, da Nasa, agência espacial americana, conseguiu desenvolver um mecanismo tecnológico capaz de reconhecer os padrões da atividade elétrica do músculo da garganta e, assim, prever o tipo de som que seria liberado mesmo que a palavra não seja vocalizada. Quando um indivíduo está conversando com outra pessoa, o cérebro manda um sinal para os músculos que controlam as cordas vocais e a língua. Esses sinais, por sua vez, mandam uma informação que corresponde às palavras escutadas e são transmitidos pelo cérebro humano mesmo quando a boca está fechada. O especialista em neuroengenharia da Nasa conseguiu desenvolver uma forma para capturar esses sinais ainda que o movimento da garganta seja extremamente sutil. O sistema para computadorizar o silêncio humano ficou conhecido por fala subvocal.
Bancos privados perdem espaço para os públicos na contratação de crédito
A retração dos bancos privados na concessão de créditos fez com que os bancos públicos ganhassem maior participação nesse segmento de mercado, nos últimos quatro anos. Os bancos privados nacionais detinham 47,9% das operações de crédito, em setembro de 2008, mas apesar de o volume de crédito bancário ter dobrado de lá para cá, a participação deles nos financiamentos e empréstimos caiu para 37,1% do mercado. Os números constam de relatório do Departamento Econômico do Banco Central (BC), segundo o qual os bancos privados estrangeiros também perderam espaço. Eles eram responsáveis, então, por 21,4% dos créditos, mas a participação caiu para 16,7% no último mês de setembro. Em contrapartida, os bancos públicos, que à época detinham 30,7% do estoque de créditos, são agora detentores de 46,2% dos R$ 2,237 trilhões emprestados a terceiros - pessoas físicas e jurídicas. A alteração nas concessões de crédito tende a aumentar, uma vez que o estoque de financiamentos cresceu 15,8% nos últimos 12 meses, até setembro, de acordo com o relatório do BC. Mas, no mesmo período o Banco do Brasil registrou expansão de 20,5%, e o vice-presidente de Pessoa Física da Caixa Econômica Federal, Fábia Lenza, estimou crescimento muito maior este ano. Ele disse que só no mês de outubro, a Caixa contratou R$ 16,63 bilhões em créditos. Leia mais notícias em Brasil Além da retração natural dos bancos privados na concessão de créditos, depois da crise financeira generalizada com a falência do banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers, em setembro de 2008, dois fatores contribuíram significativamente para a mudança no perfil creditício do país: o crédito consignado, com desconto direto do salário, e o aumento dos financiamentos imobiliários. Dois segmentos em que os bancos públicos têm atuação mais forte; principalmente a Caixa Econômica Federal, gestora dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O aumento da carteira de crédito foi impulsionada, basicamente, pelo crescimento do emprego e da renda nos últimos anos, de acordo com o diretor de Fiscalização do BC, Anthero Meirelles. Mas ele destacou, também, as contribuições da redução da taxa básica de juros (Selic), de agosto do ano passado para cá, e a política gradativa de queda dos juros bancários, a partir do último mês de abril, capitaneada pelos bancos públicos. Ressaltou, ainda, a expansão do crédito imobiliário, impactado também pelo Programa Minha Casa, Minha Vida.
A necessidade de reinvenção dos bancos
As mudanças econômicas e sociais ocorridas no Brasil na última década, principalmente a redução da taxa básica de juros (Selic) e o sucesso das políticas sociais, que permitiram o aumento da renda e a criação de uma nova classe média, bem mais robusta, colocam os bancos brasileiros diante da necessidade premente de se reinventar. Ainda temos arraigada uma relação muito forte com a cultura inflacionária, que, no passado, proporcionou margens bastante elevadas aos bancos no Brasil em função dos floats e spreads vigentes à época. A dinâmica desse cenário, bem como o expressivo valor investido à época, fez dos bancos brasileiros referência mundial em termos de automação bancária. Talvez haja igual, mas não há, em qualquer outro lugar do mundo, tecnologia nos serviços bancários que supere a brasileira. Por outro lado, as margens oriundas desse mesmo cenário permitiram aos bancos brasileiros carregarem grande ineficiência. A esse quadro aliam-se movimentos que afetam não só o sistema financeiro brasileiro, mas também o mundial: a desintermediação financeira; novos canais de relacionamento com os clientes, nem sempre financeiros e com custos bem mais baratos que os tradicionais; o acirramento da concorrência internacional, e, ainda, a intensificação da regulação bancária, vide as inúmeras medidas implementadas pelos reguladores financeiros e Basileia 3. Há espaço para elevação do volume de crédito no país, porque a relação crédito/PIB brasileira está em 50,7% Quando verificamos as fontes de resultado de um banco fica evidente que os serviços financeiros (crédito e captação) são as fontes mais significativa de receita para os bancos brasileiros, gerando, em média, 70% do resultado, enquanto tarifas respondem por 30%. Nesse contexto é que a premência por reinvenção assola os bancos no Brasil, pois em meio a tantas transformações, a concessão de crédito tem apresentado spreads cada vez menores e passa a enfrentar maior concorrência do mercado de capitais como alternativa de preço. A boa notícia é que há espaço para elevação do volume de crédito no país. Isso porque a relação crédito/PIB brasileira está em 50,7%, enquanto nos EUA está em 187%, no Reino Unido em 155%, no Japão em 98% e no Chile em 74%. Considerando-se, ainda, o tamanho da população brasileira (194 milhões de pessoas) e que até 2016 nossa economia deverá receber mais de R$ 1,5 trilhão em investimentos para projetos de infraestrutura, incluindo copa do mundo e jogos olímpicos, a alta no volume de crédito deverá compensar, pelo menos em parte, os menores spreads. Além disso, o componente risco no custo do crédito, até então fortemente baseado na seleção adversa, deverá ser beneficiado com a regulamentação do Cadastro Positivo, que permitirá maior segurança nas concessões, contribuindo para reduzir a taxa final dos empréstimos e, assim, ampliando o leque de clientes dispostos a se alavancarem. Soma-se também o potencial de bancarização oriundo do incremento das classes A, B e C, que representavam 39% da população em 2005 e, atualmente, abrigam mais de 75% dos brasileiros. De toda forma, considerando que o segmento bancário é "comoditizado", a diferenciação dos bancos pelos clientes se fundamenta na percepção dos serviços prestados. No Brasil, essa máxima se tornou ainda mais aplicada de janeiro para cá, quando a plenitude da livre opção bancária se juntou à portabilidade do crédito, que poderá ganhar mais espaço em função do Cadastro Positivo, com o acirramento da concorrência entre credores em busca dos "bons pagadores". No tocante a tarifas, ao definir parâmetros de comparação de preços, o Banco Central estimula a competição e, por consequência, a prática de preços mais condizentes com o benefício ofertado. Diante de tudo isso, os movimentos transacionais dos bancos brasileiros deverão ser substituídos por ações relacionais com seus clientes, conectividade e conveniência, com investimentos na fidelização por meio de interações mais sólidas e preços ajustados à nova realidade do país. A maturação do sistema financeiro brasileiro também tem como consequência a sofisticação do portfólio ofertado aos clientes, com ampliação de negócios em segmentos de certa forma ainda incipientes no país, como mercado de capitais e seguros. Por exemplo, no Brasil a relação seguros/PIB é de 3,6% enquanto nos Reino Unido chega 18,3%. Na medida em que cresce o apetite financeiro brasileiro, acompanhado da elevação do grau de inovação, a formação do resultado dos bancos deve sofrer forte impacto, com parte significativa desses resultados passando a ser gerada pela ação em novos produtos. Se por um lado a maneira de gerar negócios toma novas formas, por outro, a reinvenção dos bancos brasileiros passa, necessária e principalmente, por um olhar para dentro das instituições e de todo o sistema buscando maior eficiência para manutenção dos patamares de retorno. É certo que a última década testemunhou gradativa melhora nos índices de eficiência operacional dos bancos no Brasil. Contudo, medidas mais estruturais ainda aguardam encaminhamento. Exemplo disso é que, até então, ainda não havíamos chegado a um entendimento comum para compartilhamento de terminais de autoatendimento (ATM), o que faz com que estrangeiros que ao Brasil venham não compreendam que um mesmo local abrigue 10 ATM de bancos diferentes. Quando observamos países que já passaram por tudo isso, nos deparamos com um bom norte, indicando que mesmo com spreads menores é possível patamares de retorno sobre investimentos em níveis requeridos por investidores. Claro que isso implica em profunda transformação do negócio, com a redução das taxas e a adequação de tarifas compensadas por maior eficiência, oferta adequada ao cliente de produtos e serviços com atendimento de qualidade, conveniência e educação financeira. Podemos deduzir então que as frentes de aumento de receitas por diversificação do portfólio, o aumento da inclusão bancária, novas fontes de captação, aliadas a quebra de paradigmas internos podem dar pistas do tamanho da reinvenção que o sistema bancário brasileiro deverá passar para se manter rentável e competitivo. Paulo Caffarelli é vice-presidente do Banco do Brasil