As perdas dos sites de comércio eletrônico com fraudes cresceram no mesmo ritmo que as vendas do segmento, embora as tentativas de golpe tenham aumentado de forma muito mais expressiva neste ano. É o que aponta um estudo inédito, realizado pela FControl, empresa de segurança na internet do grupo Buscapé. De janeiro a outubro, as perdas com fraudes representaram 0,4% das operações efetuadas no comércio eletrônico. Esse índice é igual ao registrado no mesmo intervalo do ano passado. Já o número de tentativas de fraude correspondeu a 3,2% do volume de operações registradas nesse período. Nos dez primeiros meses do ano passado, o percentual era de 1,9%. O estudo da FControl baseou-se em dados de mercado compilados pela consultoria e-bit, também do Buscapé. A e-bit não divulgou qual foi o desempenho do comércio eletrônico até outubro. No primeiro semestre, as vendas on-line de produtos aumentaram 18,4% em volume, para 29,6 milhões de encomendas, e 21% em receita, para R$ 10,2 bilhões. Para o ano, a consultoria projeta um incremento de 20%, para R$ 22,5 bilhões. "As fraudes acompanharam o crescimento do comércio eletrônico, mas a manutenção do percentual indica que os varejistas estão mais preparados para impedir as tentativas crescentes", disse Marcelo Theodoro, diretor de serviços financeiros do grupo BuscaPé. Conforme o estudo, o valor médio das fraudes foi de R$ 595, 72% superior ao valor médio das compras on-line. Em anos anteriores, o valor das fraudes também situou-se entre 70% e 75% acima do valor médio das compras no comércio eletrônico. Entre os itens mais procurados pelos fraudadores estão telefones e celulares, representando 31,2% das fraudes efetuadas no ano; produtos de informática (27,2%), eletrônicos (16,4%), eletrodomésticos (7,6%), produtos de cine e foto (4,4%) e games (4,2%). O perfil é idêntico ao verificado no ano passado. Segundo Theodoro, os cibercriminosos preferem adquirir produtos com valor agregado mais alto, mas que sejam fáceis de ser revendidos. A maioria das fraudes no comércio eletrônico foram decorrentes de transações feitas com cartões de crédito e débito. Em seus golpes, disse Theodoro, os criminosos também preferem adquirir bens intangíveis, ou que não precisem ser entregues em um endereço físico, como jogos on-line, bens virtuais (itens que permitem ao jogador obter mais funções ou poderes) e passagens aéreas. O estudo da FControl abrange apenas o comércio de produtos na internet, e não inclui serviços, como turismo e vendas de passagens. "O roubo de pontos em programas de milhagem aérea também são bastante comuns", disse o executivo. A CyberSource, companhia de gestão de pagamentos da Visa, divulga hoje uma pesquisa sobre fraudes no comércio eletrônico na América Latina, que inclui serviços. O estudo indica que as fraudes representaram 0,71% das operações do comércio eletrônico na América Latina em 2011, ou US$ 280 milhões. No Brasil, esse índice foi de 0,75% (US$ 66 milhões). "Não se trata de uma diferença significativa em termos percentuais, se for considerado que o comércio eletrônico brasileiro é mais pujante que em outros países da América Latina", disse Fernando Marques de Souza, diretor-geral da CyberSource no Brasil. De acordo com a companhia, o comércio eletrônico na América Latina movimentou US$ 43 bilhões em 2011. O Brasil respondeu por 20% desse total. Souza disse considerar o percentual de fraudes alto em comparação com economias maduras, como os Estados Unidos e o Japão. Nesses países, as fraudes representam 0,41% das transações on-line. "O percentual de fraudes na América Latina é quase 70% maior que nas economias maduras. É preocupante, considerando que os volumes transacionados são mais baixos." A pesquisa da CyberSource estima que o comércio eletrônico na América Latina vai crescer 26,7%, para US$ 54,5 bilhões. No Brasil, as estimativas do mercado são de um aumento de 23% em dólar, para US$ 10,8 bilhões (R$ 22,5 bilhões). Incluindo as operações de turismo e vendas on-line de passagens, o valor deve chegar a R$ 28 bilhões. Com a Copa das Confederações, em 2013, e da Copa do Mundo, em 2014, a receita com turismo e vendas de passagens aéreas poderá superar o faturamento com as vendas de bens físicos pela internet no Brasil. "O comércio eletrônico brasileiro está cada dia mais atrativo para os fraudadores e a expectativa é que os riscos aumentem nos próximos anos", disse Souza. José Matias, diretor de suporte técnico da McAfee para a América Latina, afirmou que os cibercriminosos atuam em três frentes: internautas, instituições financeiras e sites de comércio eletrônico. No Brasil, a preferência ainda é pelo ataque direto a instituições financeiras e pessoas físicas, por meio de e-mails falsos, invasão de computadores ou sites falsos. "O comércio eletrônico sofre poucos ataques diretos, mas é questão de tempo até que isso comece a acontecer com frequência no Brasil", disse.
Dólar ruma para R$ 2,10 à espera do BC
Esta quarta-feira marca o retorno consistente das operações cambiais no Brasil, após dias de volume abaixo da média - especialmente ontem - por conta de feriados na semana passada e na terça-feira. A melhora no giro financeiro deve vir acompanhada pelo aumento da expectativa de uma intervenção do Banco Central (BC) caso a moeda mantenha o ajuste de alta e ameace tocar o teto da banda informal considerada pelo mercado, atualmente entre R$ 2,00 e R$ 2,10. Ontem, a sessão foi de liquidez extremamente reduzida, já que as operações à vista ocorreram sem a referência do mercado futuro de dólar da Bolsa de Mercadorias & Futuros - fechada pelo feriado do Dia da Consciência Negra, em São Paulo. Com giro limitado, o dólar fechou em leve alta de 0,05%, a R$ 2,083, renovando a máxima desde o dia 15 de maio de 2009, quando a divisa bateu em R$ 2,11. No entanto, cresce a corrente de investidores que apostam numa tolerância maior do governo, especialmente após o tom objetivo utilizado pela presidente Dilma Rousseff ao falar do nível do câmbio, em entrevista exclusiva ao Valor. Na entrevista, Dilma disse que o governo está "em busca de um câmbio que não seja esse de um dólar desvalorizado e o real supervalorizado". Na avaliação do estrategista-sênior de câmbio do Scotiabank, Eduardo Suarez,, o mercado vai continuar testando a disposição da autoridade monetária para impedir que o real se enfraqueça ainda mais. "Até agora, o BC permaneceu quieto conforme nos aproximamos da taxa de R$ 2,09, um nível importante. Enquanto se espera por mais orientação sobre a nova banda, acreditamos ser prudente ficar à margem do mercado." Apesar de em pouco mais de uma semana o dólar ter saído de R$ 2,03 para mais de R$ 2,08, alguns profissionais apostam que uma solução do impasse fiscal nos Estados Unidos deve afastar a moeda americana do patamar de R$ 2,10, devolvendo a cotação da divisa para mais próxima da faixa de R$ 2,05. "Voltamos a ficar muito atrelado ao exterior. E vejo que lá nos Estados Unidos, passado esse imbróglio fiscal, as coisas vão se assentar. Os dados da economia americana estão vindo bons e não dá para ignorar isso", disse o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues. "O dólar pode até testar os R$ 2,10, mas não vejo esse movimento como sustentável. Deve voltar [a cair] um pouco mais até o fim do ano." Hoje o mercado acompanha os números mais atualizados sobre o fluxo cambial no Brasil referentes à semana passada. Os dados devem dar uma mostra da liquidez do mercado e se o BC em algum momento pode ser levado a atuar na oferta para suprir alguma falta da divisa no mercado. Em novembro, até dia 9, o fluxo estava positivo em US$ 2,305 bilhões. Esse saldo, no entanto, ainda deixa os bancos com posições vendidas em dólar à vista de pouco mais de US$ 1,3 bilhão, segundo estimativas. Nesses níveis, os agentes diminuem as apostas em uma atuação do BC, ofertando dólares no mercado à vista. No fim de outubro, essa perspectiva cresceu porque os bancos terminaram o mês com posições vendidas de US$ 3,66 bilhões.
Dor de dente atinge 25% da população brasileira, indica pesquisa
Belo Horizonte - Dor de dente sempre foi sinal de incômodo. A novidade do tema é a identificação do grupo de pessoas com maior probabilidade de desenvolver o sintoma, que atinge um quarto da população brasileira e 40% dos adultos dentados. Indivíduos pardos ou negros, com baixa escolaridade e renda são os que apresentam maiores efeitos da dor que tem origem nos tecidos inervados do dente ou nas estruturas adjacentes. Trata-se de um fenômeno complexo que envolve componentes neurológicos, fisiológicos e psicológicos, e traz como principais consequências o nervosismo e a dificuldade para comer. A descrição do grupo de risco para a dor de dente é resultado da pesquisa de Aline Mendes Silva de Pinho para sua tese de doutorado em odontologia social e coletiva pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O trabalho Determinantes da dor de dente e o impacto na vida diária de indivíduos residentes em Betim (MG) revela como esse tipo de dor ainda causa sofrimento, constrangimentos psicológicos e privações sociais, acarretando prejuízos em nível individual e coletivo que geram impacto negativo no desempenho de atividades diárias e na qualidade de vida dos adultos brasileiros.
BB: saúde do trabalhador bancário é tema de mesa redonda nesta segunda 19
Entre as diversas atividades da I Semana Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho (Sipat) unificada do Banco do Brasil, merece destaque a mesa redonda `Saúde do Trabalhador Bancário´, que contará com a participação do psicólogo Vitor Barros Rego, coordenador do projeto Clínica do Trabalho do Sindicato dos Bancários de Brasília em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), Henio Braga Junior (Cassi-DF) e Lia Mara F. P. Knebel (SESMT-DF). O debate será realizado no auditório do 20º andar do Edifício Sede III, a partir das 15h. Vitor Barros é autor do livro `Adoecimento Psíquico no Trabalho Bancário: da prestação de serviços à (de)pressão por vendas´. A obra revela os bastidores dos problemas enfrentados pela categoria no ambiente de trabalho e suas consequências para a saúde. Por meio do trabalho realizado junto à Secretaria de Saúde do Sindicato e por meio da Clínica do Trabalho, Vitor acompanha há alguns anos uma série de casos de bancários de Brasília vítimas de doenças ocupacionais e que foram afastados por conta disso. O livro se baseia na Psicodinâmica do Trabalho e em mais de três mil horas de depoimentos de atendimento a esses bancários. "O adoecimento no trabalho é tratado como um fenômeno social e deve ser levado em consideração não somente por quem adoeceu, mas por toda a organização de trabalho que adoece. O livro propõe que o trabalho bancário seja falado, discutido, debatido para que não fique só no discurso de responsabilidade social divulgado pela empresas do ramo financeiro", afirma o psicólogo. Veja um dos depoimentos do livro. Uma bancária conta sobre o dia a dia estressante dentro do banco na busca pelo atingimento das metas. "Só para desabafar: uma vez bancário, bancário para a vida toda. Fico observando o quanto são pessoas repreendidas e reprimidas, do quanto se abstêm da sua qualidade de vida. Verdadeiras máquinas ambulantes. Horas e horas, dias e dias, anos e anos de tensão intensa tentando satisfazer o insaciável. Luta sem fim, busca do irrealizável, do impossível. Penso que seja por isso ser tão difícil nos libertarmos, pois continuamos sempre na busca do que só existe em um sonho: um bancário realizado".
Caixa e BB são responsáveis por 72% do avanço dos empréstimos
Sozinha, a Caixa Econômica Federal engordou em quase R$ 100 bilhões o estoque de crédito do país nos últimos 12 meses, contabilizados a partir de setembro de 2011. Dos R$ 243 bilhões de expansão do volume de empréstimos e financiamentos dos cinco maiores bancos do Brasil, a Caixa foi responsável por R$ 97,5 bilhões. Outro importante quinhão ficou com o Banco do Brasil, cuja carteira engordou R$ 78,2 bilhões. Apesar de menor do que o avanço da Caixa, a cifra do Banco do Brasil supera a evolução dos três maiores bancos privados do país. Juntos, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander tiveram um crescimento de R$ 67,4 bilhões no estoque de empréstimos e financiamentos. A agressividade dos bancos públicos ainda não modificou o ranking de bancos por ativos neste ano. O BB já era líder e continua, enquanto a Caixa segue em quarto lugar, atrás de Itaú e Bradesco. No ano passado a Caixa já havia ultrapassado o Santander. Sustentado pelas instituições públicas, o estoque de crédito dos cinco maiores bancos do país avançou 17,2% em 12 meses, para R$ 1,67 trilhão em setembro. Nem de longe, porém, essa expansão de dois dígitos se refletiu no resultado das instituições, sejam elas públicas ou privadas. Os cinco bancos somaram um lucro de R$ 10,9 bilhões no terceiro trimestre deste ano, com queda de 6,5% na comparação com igual intervalo de 2011. Sem exceção, todos também viram o retorno sobre o patrimônio líquido - importante indicador de rentabilidade avaliado por investidores - cair. Despesas com provisões para devedores duvidosos e juros em queda foram os fatores que mais atingiram os bancos. Só Bradesco e Caixa conseguiram exibir resultados maiores. O lucro líquido do banco da Cidade de Deus atingiu R$ 2,86 bilhões, com alta de 1,7% em um ano. Na Caixa, a expansão de 43% da carteira de crédito se traduziu em um avanço bem mais parco do lucro, de 4,6%, para R$ 1,35 bilhão. A pressão do governo pela redução do custo do crédito impediu um crescimento maior do resultado líquido. "As taxas [de juros] estão caindo, mas tentamos compensar com o volume de crédito", afirma Raphael Rezende Neto, vice-presidente de controle e risco da Caixa. Só em contas correntes, o banco abriu 3,36 milhões de novos cadastros em 12 meses, impulsionados principalmente pela propaganda dos juros mais baixos do programa Caixa Melhor Crédito. O avanço dos bancos públicos frente aos privados não é um fato novo. Resta saber até onde ou quando o movimento seguirá. A Caixa ainda prevê ganhar participação no mercado de crédito até o fim do ano, encerrando 2012 com uma fatia de 15% ou 0,5 ponto percentual a mais do que em setembro. Um ano atrás, a Caixa tinha 11,76%. Em meados deste ano, a Caixa tirou do Bradesco a posição de terceira maior carteira de crédito do país. Ainda em fase de reuniões de planejamento para 2013, a Caixa evita fazer projeções. No entanto, Márcio Percival, vice-presidente de finanças da Caixa, dá pistas de que a velocidade do ano que vem não deve esmorecer. "O ritmo de 40% é um parâmetro importante para a Caixa. Vem sendo seguido pelo banco há alguns anos", diz. Em recente reunião com jornalistas, executivos do BB foram mais cautelosos em relação ao cenário de expansão dos bancos públicos em 2013. "O que prevemos é que a concorrência no ano que vem deve ser mais acirrada", disse Ivan Monteiro, vice-presidente financeiro. Um fator que pode limitar a expansão de Banco de Brasil e Caixa no ano que vem é a inadimplência. Por enquanto, o indicador dá sinais de acomodação, mas ainda é cedo para se afirmar que essa é a tendência daqui para a frente. No terceiro trimestre, enquanto os atrasos acima de 90 dias do Itaú Unibanco e do Bradesco recuaram marginalmente, na Caixa e no Banco do Brasil a inadimplência teve um leve aumento. O Santander, porém, acabou sendo o ponto fora da curva nos privados, com inadimplência avançando 0,2 ponto percentual na comparação com período imediatamente anterior por causa dos calotes das pessoas físicas. Caso a inadimplência continue a avançar, esse pode ser um dos limitadores do apetite dos bancos públicos no ano que vem, na medida em que uma expansão dos calotes costuma resultar em uma velocidade mais moderada de concessões. Ainda assim, como não cansam de repetir os bancos públicos, seus índices de atraso são hoje quase metade do de seus pares privados. Independentemente da trajetória da inadimplência, as despesas com provisão para devedores duvidosos tiveram mais um trimestre de crescimento expressivo. O avanço foi de 18,3% contando as cinco instituições como um todo, comparado a igual período de 2011. Juntas, elas provisionaram cerca de R$ 18,2 bilhões para créditos de má-qualidade. Depois da expansão do crédito neste ano, a Caixa também pode voltar a precisar de uma nova injeção de capital. Mesmo depois da recente capitalização de R$ 1,5 bilhão feita pelo governo, o banco está com o índice de Basileia em 12,6%. Está acima do patamar mínimo de capitalização de 11% fixado pelo Banco Central, mas com uma folga não tão grande, a depender do ritmo de crescimento.
BC quer ter palavra final em processos do setor financeiro
A disputa entre Banco Central (BC) e Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre quem tem a palavra final no caso de atos de concentração no setor financeiro atenuou o tom, mas parece distante de uma solução. Com isso cresce a chance e, de certa forma a urgência, de uma decisão política para o caso. "Os agentes regulados estão, de fato, órfãos de uma definição que possa conferir maior segurança jurídica", diz fonte do governo. Segundo apurou o Valor, a posição do Banco Central é de deter exclusivamente a prerrogativa para avaliar fusões, aquisições e reestruturações no setor financeiro. Não apenas pela questão concorrencial, mas por ser o órgão com a capacidade plena de avaliar os desdobramentos sobre a estabilidade do sistema financeiro que tais operações podem ter. Ao fundamentar sua decisão, o Banco Central argumenta que antes da crise de 2008, a visão era que, de certa forma, as questões envolvendo a defesa da concorrência teriam peso maior ou igual às questões prudenciais. Com a crise, o foco mudou e a avaliação com relação às garantias à estabilidade do sistema ganhou peso. A própria Comissão Europeia modificou seus parâmetros de avaliação para que constasse claramente a importância da solidez do sistema financeiro nas avaliações concorrenciais. Do outro lado, entre as propostas sugeridas pelo Cade, parece prosperar aquela em que o órgão atua em "conjunto" com o BC para prevenir e reprimir as condutas contra a ordem econômica e contra a concorrência. Mas mesmo com essa proposta de atuação conjunta, caberia ao BC analisar todos os pedidos de ato de concentração, proferindo decisão definitiva quando o negócio em questão envolver a estabilidade do sistema financeiro. Não havendo necessidade desse tipo de manifestação definitiva pelo BC, o processo seria remetido ao Cade para avaliação das questões concorrenciais. Segundo essa fonte do governo, essa proposta apresenta avanço sobre o projeto de lei que tramita desde 2002 para tentar regular o tema, mas não agrada completamente ao BC, pois perpetua a existência de duas entidades cuidando da análise concorrencial no sistema financeiro, com espaço para divergências e custosa insegurança jurídica. Por ora, o Projeto de Lei 265 que trata do tema está suspenso, enquanto Cade, BC, Ministério da Fazenda, Casa Civil e Ministério da Justiça discutem o tema. O projeto também daria ao BC a prerrogativa de suspender ou manter uma avaliação de fusão ou aquisição conforme seja verificada "relevância sistêmica" das partes envolvidas. O ponto em desacordo aqui é a externalidade negativa gerada no mercado por alguma avaliação do BC. A preocupação é que o mercado leia "risco sistêmico" no lugar de "relevância sistêmica", levando a consequências imponderáveis, como corridas bancárias ou seca de crédito nas instituições que, porventura, estejam em processo de fusão, aquisição ou reestruturação. "Olhando no retrovisor, uns seis meses atrás, havia uma contenda, uma ferida exposta entre BC e Cade e cada qual atuava com sua visão. Hoje, há um diálogo institucional de alto nível buscando um modelo estatal ideal, mas apesar desse diálogo, as visões técnicas de Cade e BC, cada qual com suas razões específicas, dificultam a formação de um consenso", diz a fonte. Além das conversas com o BC, o Cade também tenta estreitar os termos de um acordo de cooperação fechado em 2008 com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No entanto, os termos desse novo acordo ainda não foram definidos.