Pesquisa mostra que a falta de luz solar pode causar depressão

Ao longo da história, a natureza ditou o ritmo de convivência do ser humano com o meio ambiente. Nessa lógica, o natural sempre foi levantar-se com os primeiros raios de sol e recolher-se com a escuridão. Mas hoje a noite ganha claridade apenas com o apertar de um botão e impulsiona o ser humano a se manter ativo madrugada a dentro trabalhando ou em frente aos computadores postando fotos e mensagens para os conhecidos. No entanto, de acordo com um estudo conduzido pelo biólogo Samer Hattar, da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, quando a exposição anormal à luz vira rotineira, há um risco maior de desenvolvimento de quadros de depressão e de falhas cognitivas. A pesquisa, realizada com camundongos, foi publicada na edição de hoje da revista científica Nature.

Urologistas discutem políticas públicas para combate a doenças masculinas

Urologistas das Américas do Sul e Central preparam nesta quinta-feira (15/11), durante o 1º Fórum Sul-Americano de Saúde do Homem, um documento com sugestões de políticas públicas para o combate a doenças masculinas, que será entregue à Organização das Nações Unidas (ONU) e aos órgãos de saúde da região. O evento, promovido pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), ocorre na semana em que se lembra o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, segunda causa mais comum de morte por câncer entre os homens brasileiros. De acordo com Instituto Nacional do Câncer (Inca), a doença deve atingir, somente neste ano, cerca de 60 mil homens. O desconhecimento e o preconceito são o maior obstáculo no tratamento de doenças masculinas nas Américas do Sul e Central, diz o presidente da SBU, Aguinaldo Nardi, que defende campanhas frequentes para estimular o homem a fazer checkups com frequência. Leia mais notícias em Ciência e Saúde "O homem latino, de maneira geral, acha que é herói, que nada vai acontecer com ele, e tem um preconceito brutal com o exame de próstata, que é feito por meio do toque retal, O exame dura menos de dez segundos e não fere a masculinidade de ninguém", explica Nardi. Por isso, a mortalidade entre os homens da região por esse tipo de câncer é muito maior do que na Europa e nos Estados Unidos, acrescenta o médico. Segundo ele, no evento de hoje, juntos, os países podem discutir meios de conscientizar os homens da importância da prevenção. De acordo com Nardi, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado proporcionam a cura em 90% dos casos de câncer de próstata. Segundo ele, é recomendável fazer o exame de toque retal a partir dos 45 anos. Quando há casos na família, os exames devem ser feitos antes, aos 40 anos. A recomendação do Ministério da Saúde é fazer o exame na faixa de 50 a 75 anos, devido ao fato de ser baixo o índice da doença entre homens com menos de 50 anos. Os urologistas que participam do fórum defendem que os hospitais públicos de seus países sejam equipados com as novas tecnologias disponíveis no mercado, como a robótica, e que os sistemas de saúde pública aumentem a oferta de remédios específicos para doenças relacionadas ao sexo masculino. Também são comuns entre os homens a hiperplasia da próstata, a disfunção erétil, a deficiência androgênica do envelhecimento masculino (redução gradual da testosterona no sangue), a varicocele (varizes nas veias da região do escroto), a fimose (impossibilidade de retrair a pele do pênis para expor a glande), o câncer de pele e o de pênis. "No caso do câncer de pênis, cerca de mil homens têm o pênis amputado no país, por ano, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. O Paraguai, o Uruguai e o Peru também têm alto nível de incidência desse tipo de câncer."

Cientistas descobrem mutação genética vinculada a Alzheimer

Washington - Um grupo de cientistas descobriu uma estranha mutação genética que parece triplicar o risco de desenvolver Alzheimer e proporciona importantes pistas sobre como funciona esta enfermidade, incurável até o momento. Cientistas de duas equipes independentes chegaram ao mesmo resultado, publicado na quarta-feira em dois estudos da revista médica semanal New England Journal of Medicine. De acordo com as investigações, uma mutação do gene TREM2, que ajuda a controlar as respostas do sistema imunológico, é de três a quatro vezes mais frequente nos pacientes idosos com Alzheimer que nos que não sofrem a doença. A característica do Alzheimer é a acumulação de placas e emaranhados no tecido cerebral. Nos corpos normais, sem a doença, as moléculas inflamatórias do sistema imunológico ajudam a limpar esta acumulação antes de ela se converter em um problema. A função do gene TREM2 é manter a resposta inflamatória sob controle, para evitar que as moléculas inflamatórias danifiquem o tecido saudável. Leia mais notícias em Ciência e Saúde Contudo, a pesquisa preliminar indicou que a mutação do TREM2 poderia pôr o gene para funcionar em pleno vapor, impedindo as moléculas inflamatórias de fazer seu trabalho. "Enquanto a mutação genética que encontramos é extremamente rara, seu efeito no sistema imunológico é um forte indicador de que este sistema pode ser chave na enfermidade", disse a pesquisadora da University College de Londres Rita Guerrero, autora principal de um dos estudos. A mutação foi encontrada em menos de uma em 200 pessoas no total e em menos de um em cada 50 pacientes com Alzheimer, o que significa que não é provável que, por si só, seja suficiente para causar a enfermidade. Acredita-se que uma combinação de fatores ambientais e hereditários contribuem para o desenvolvimento do Alzheimer. Contudo, os pesquisadores disseram que identificar esta mutação e seu possível papel no desenvolvimento do Alzheimer é um passo na direção correta. "Este é um passo importante para descobrir as causas ocultas da enfermidade, para que possamos desenvolver tratamentos e intervenções para pôr fim a um dos maiores problemas de saúde do século XXI", disse Peter St. George-Hyslop, da Universidade de Toronto. Outro dos principais pesquisadores, Kevin Morgan da Universidade de Nottinghan, disse que "o risco associado a esta nova variante é o maior até o momento e anuncia uma nova era na pesquisa genética (do Mal de Alzheimer)". "Finalmente estamos começando a presenciar importantes avanços que, com sorte, terão como resultado o desenvolvimento de terapias para ajudar a aliviar esta condição devastadora", acrescentou. Os cientistas disseram que, potencialmente, poderiam desenvolver novos medicamentos para controlar o gene TREM2 e impedir que interfira excessivamente na resposta inflamatória. Um dos estudos foi realizado por uma equipe internacional de pesquisadores com base na Grã-Bretanha, Canadá e Estados Unidos, utilizando uma base de dados de 25.000 pessoas. O outro foi realizado por pesquisadores da Islândia, que utilizaram dados de 2.261 idosos do país e logo confirmaram os resultados com mostras representativas da população nos Estados Unidos, Noruega, Países Baixos e Alemanha.

Uma nova imagem para os bancos

Com a imagem dos bancos bastante desgastada perante a população e em meio às inúmeras cruzadas do governo sobre o setor, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) passará em breve por uma reestruturação. Desde meados do ano a consultoria Ernst & Young está encarregada da reformulação da entidade. Em vez de apenas rebater críticas ao setor, a intenção é trabalhar para solucionar problemas do sistema antes que eles se tornem um caso de governo. Um dos temas que devem ganhar força na entidade é a autorregulação. A ideia é criar uma estrutura que tenha papel similar ao da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), responsável pela autorregulação de fundos de investimento e ofertas públicas. O projeto está em fase final de discussão. A expectativa é que a reforma comece no início do próximo ano. Em meio a uma crise de representatividade do setor, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) passará em breve por uma reestruturação. A mudança acontece pouco menos de dois anos depois de os bancos terem optado pela profissionalização da entidade, com a chegada de Murilo Portugal à presidência. Desde meados deste ano, a consultoria Ernst & Young está encarregada da reformulação da entidade, segundo o Valor apurou, em um projeto liderado por Portugal, primeiro presidente da Febraban desde o fim do tradicional sistema de rodízio entre banqueiros. Procurada pela reportagem, a Febraban não comentou o assunto. Com a imagem dos bancos bastante desgastada perante a população, principalmente em meio à cruzada iniciada pela presidente Dilma Rousseff, primeiro contra os altos juros bancários e, depois, contra as tarifas, a Febraban quer passar a ser mais pró-ativa em relação aos problemas do setor. Em vez de só rebater críticas e tentar se defender, a entidade deve começar a trabalhar para solucionar alguns problemas do sistema antes que eles se tornem um caso de governo. "É até uma questão de demonstrar boa vontade", diz um banqueiro envolvido no projeto. Para fazer isso, o diagnóstico da Ernst & Young é que a Febraban deve se dedicar a menos assuntos, mas com o objetivo de concentrar os esforços em resolvê-los. Hoje existem mais de 30 comitês dentro da entidade, sem que exista, por exemplo, nenhuma hierarquia entre eles. A entidade também se dedica à montagem de inúmeros cursos que, na avaliação de alguns banqueiros, poderiam ser contratados com terceiros. Dentro dessa nova configuração, um dos temas que deve ganhar mais corpo na entidade é a autorregulação do setor bancário. A ideia é criar uma estrutura que tenha um papel semelhante ao desempenhado atualmente pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), responsável pela autorregulação de ofertas públicas e de fundos de investimento. Outro ponto central do projeto é o fortalecimento do quadro de pessoas técnicas. A Febraban tem hoje cerca de cem funcionários próprios e depende de cerca de 2.500 voluntários dos bancos associados. É uma equipe pequena quando comparada a outras entidades. Na Anbima, existem 336 funcionários próprios. Com um quadro técnico mais robusto, avalia-se que a Febraban poderia, por exemplo, responder mais prontamente - e com mais propriedade - aos questionamentos recebidos de fora. Na avaliação de um banqueiro, isso teria tornado a recente queda de braço com o governo, por exemplo, menos traumática. Os bancos estão agora na fase final de discussão do projeto. A expectativa é que já no início do ano que vem a Febraban possa dar início à reforma. O principal ponto de debate neste momento gira em torno do novo orçamento da entidade. Apesar de o projeto prever que a Febraban passará a se dedicar a menos assuntos, o fortalecimento das áreas técnicas a tornaria mais custosa aos associados. É algo que não tem agradado as instituições financeiras, sendo motivo de novas rodadas de negociações entre os executivos. Essa não é a primeira vez que a Febraban passa por uma reformulação. Além da profissionalização que ocorreu no ano passado, em 2006, uma consultoria externa foi contratada para reformar a entidade. Segundo o Valor apurou, porém, as mudanças que devem acontecer em breve terão uma dimensão muito maior que as anteriores. Agora, a reformulação também se dá em um momento considerado pelos próprios banqueiros como bastante delicado para a Febraban. Fundada em 1967, a entidade sempre foi reconhecida como uma das federações mais fortes do país. Depois, porém, de uma tentativa desastrosa de negociação entre Portugal e a área econômica do governo em torno da redução dos spreads bancários em abril deste ano, a Febraban perdeu espaço como interlocutora perante as autoridades. Hoje, a maior parte das discussões com o governo é feita diretamente pelos banqueiros. "Minha sensação é que a Febraban perdeu a legitimidade", afirma um banqueiro que faz parte da diretoria da associação. Não são poucas as vezes, por exemplo, em que a Febraban, sem saber, inicia um debate que já foi começado de forma individual por algum banco. Esse diálogo direto tem se tornado mais fácil até pela própria concentração bancária, que está no auge dos últimos dez anos, como mostram dados do Banco Central. Mesmo com os atritos, dois bancos ouvidos pelo Valor negam a possibilidade de que o comando da Febraban possa ser mudado agora. O contrato de Portugal tem duração de três anos.

Esperança na luta contra o câncer

Portadores de câncer ganharam um direito e uma esperança. Em 30 de outubro, o Senado Federal aprovou, em caráter terminativo, substitutivo da Câmara dos Deputados (SCD nº 32/1997) garantindo prioridade no tratamento aos pacientes diagnosticados com câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em prazo máximo de até dois meses. Esse direito é fundamental, porque aumenta a esperança na cura. Hoje, o tratamento pode demorar seis meses para ser iniciado. Isso prolonga e agrava o sofrimento do paciente e da família após a confirmação da doença. Quando o projeto for sancionado pela presidente Dilma Rousseff, o SUS terá de agilizar o acesso à terapia. A proposta do ex-senador Osmar Dias, que tive a honra de relatar, no Senado, tem enorme alcance social, pois, quanto mais cedo for iniciado o tratamento com cirurgia, radioterapia ou quimioterapia, dependendo da recomendação do oncologista, maiores são as chances de cura. Para o diretor-geral do Instituto Nacional de Câncer (Inca), oncologista Luiz Antônio Santini, "a iniciativa beneficia os pacientes do SUS e melhora a eficácia e a prestação de serviços no tratamento da doença". O diretor-geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (Icesp), oncologista Paulo Hoff, usa números alarmantes para chamar a atenção para o problema. São registrados, por ano, 500 mil novos casos de todos os tipos da doença no Brasil. Somente em relação ao câncer de mama, 1 milhão de pessoas desenvolve a doença, anualmente no mundo, conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, as estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indicam que, até o fim de 2012, pelo menos 52,6 mil novos casos de tumores na mama devem ser registrados. São 35 mulheres brasileiras morrendo, todos os dias, no país, por causa dessa doença, como alerta a líder da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), mastologista Maira Caleffi. Dados da entidade indicam que o diagnóstico antecipado aumenta em 95% as chances de cura. São números preocupantes, que comprovam a importância das ações voltadas ao diagnóstico precoce e à prevenção. Outro projeto que pode aumentar a esperança dos pacientes, de minha autoria, o Projeto de Lei nº 3.998/2012 inclui, nas coberturas obrigatórias dos planos de saúde, a quimioterapia oral no tratamento da doença, em domicílio. O PL está na Câmara dos Deputados. É iniciativa legislativa inspirada na sugestão do Instituto Oncoguia e objetiva facilitar o tratamento, com rapidez. O projeto recebeu apoio das entidades médicas e tem o aval do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Essa parceria fortalece a confiança de que outra boa notícia para os pacientes de câncer está a caminho. Há solidariedade ao projeto também na Câmara. O câncer é, com certeza, uma das preocupações no Congresso. Atualmente, 530 ações relativas à doença, incluindo projetos, requerimentos e pedidos de audiências públicas tramitam nas duas casas legislativas. São propostas que concedem benefícios fiscais, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na compra de automóvel adaptado para quem sofreu limitações físicas e sequelas após o câncer de mama (linfedema). O PL nº 241/2011, também de minha autoria, foi proposta pela Femama. O PL nº 645/2011, iniciativa coletiva da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), presidida pelo senador Jayme Campos (DEM-MT), criando incentivos fiscais a pessoas físicas e jurídicas interessadas em apoiar instituições filantrópicas ou privadas dedicadas ao tratamento de câncer, foi resultado de audiência pública com entidades de combate ao câncer. O governo desestimulou o projeto, mas, felizmente, voltou atrás e apresentou idêntico benefício na Medida Provisória nº 563. A MP, transformada na Lei nº 12.715/2012, cria o Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronom), permitindo que empresas e pessoas físicas apliquem parte do Imposto de Renda devido na prestação de assistência na oncologia ou em doações para pesquisas. Em parceria com a advogada Antonieta Barbosa, meu gabinete produziu a cartilha sobre os direitos dos portadores de câncer, inspirada em trechos do livro Câncer - Direito e cidadania, de autoria dessa advogada pernambucana que percorreu os labirintos da legislação para desenhar o mapa da cidadania dos pacientes de câncer. São ações políticas importantes sobre tema de grande interesse da sociedade. O protagonismo do Congresso nessa matéria tem forte respaldo de entidades médicas filantrópicas públicas e privadas, apoiadoras da causa. Estimular a prevenção, promover pesquisas e facilitar o tratamento do câncer são, sem dúvida, um desafio coletivo.

Dólar eleva inflação em 0,7 ponto

A inflação ao consumidor vai ficar entre 0,6 e 0,7 ponto percentual mais alta neste ano por causa da desvalorização do câmbio. A cotação média da moeda americana, que no ano passado ficou um pouco abaixo de R$ 1,70, vai fechar 2012 na casa do R$ 1,95. Há seis meses, o dólar oscila entre R$ 2 e R$ 2,10. O impacto do câmbio mais fraco sobre a inflação ocorre principalmente por meio dos preços dos alimentos, diz o economista Thiago Curado, da Tendências Consultoria. A tendência recente de alta do dólar - ontem foi o quinto dia consecutivo, acumulando valorização de 1,82% - alimenta especulações no mercado sobre os próximos passos do Banco Central e se realmente a autoridade monetária defenderá o teto informal de R$ 2,05 que impôs ao câmbio nos últimos meses. A inflação ao consumidor vai ficar entre 0,6 e 0,7 ponto percentual mais elevada neste ano por causa da desvalorização do câmbio. A cotação média da moeda, que no ano passado ficou um pouco abaixo de R$ 1,70, vai fechar 2012 na casa de R$ 1,95. Há seis meses, o dólar oscila entre R$ 2 e R$ 2,10, ficando boa parte do tempo próximo a R$ 2,05. O impacto do câmbio mais fraco sobre a inflação ocorre principalmente pelo canal dos preços de alimentos, diz o economista Thiago Curado, da Tendências Consultoria. É dele a estimativa do efeito sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do real mais fraco. Pelo modelo usado por Curado, 1 ponto porcentual de depreciação do câmbio se traduz numa alta de 0,04 ponto da inflação. O aumento do câmbio médio de R$ 1,67 em 2011 para estimados R$ 1,94 neste ano implica um IPCA 0,65 ponto percentual mais alto. Para 2012, Curado projeta uma alta de 5,4% para o indicador usado como referência para o regime de metas de inflação. Segundo ele, além dos preços de alimentos, o câmbio mais desvalorizado também se traduz em alta mais forte de alguns itens do vestuário. No caso dos bens duráveis, como automóveis e eletrodomésticos, o real depreciado não tem sido uma influência relevante no curto prazo, diz Curado. "Há uma ociosidade grande dos produtores globais de bens duráveis." Com isso, é possível que empresas estrangeiras tenham concedido descontos em seus preços em dólares, para compensar o câmbio. Outro ponto é que houve desonerações tributárias para bens como veículos e eletrodomésticos, contribuindo para derrubar os preços. A Tendências estimou qual seria hoje o câmbio real de equilíbrio com base num modelo que leva em conta os termos de troca (a relação entre preços de exportação e importação), o passivo externo líquido, dado pela soma dos resultados em conta corrente, e a taxa real de câmbio efetiva, calculada em relação a 13 parceiros comerciais do país. O número a que se chega é de algo entre R$ 1,70 e R$ 1,80. Se o câmbio estivesse nesses níveis e não na casa de R$ 2,03, diz Curado, a inflação neste ano seria de 0,6 a 0,7 ponto percentual mais baixa, um resultado muito próximo ao obtido com o cálculo do câmbio médio de 2011 e 2012. Para ele, essa comparação mostra o efeito das intervenções do governo no câmbio sobre a inflação. O ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman estima em recente estudo que, se o câmbio flutuasse livremente e andasse em linha com as moedas de países latino-americanos como Chile, Colômbia e Peru, como ocorria até 2010, o dólar estaria hoje entre R$ 1,69 e R$ 1,77. Nesse cenário, as cotações das commodities em reais estariam, em outubro, 15% menores, diz ele, sócio da Schwartsman & Associados. Com o câmbio fixo, eventuais altas dos preços de commodities, como as ocorridas entre junho e setembro, acarretam aumentos das cotações domésticas desses produtos. Quando a moeda flutuava, aumentos das commodities, que compõem grande parte da pauta de exportação brasileira, eram amortecidos ao menos em parte pela valorização do real, evitando que os preços internos subissem na mesma proporção que os externos. Nos 12 meses até outubro, os alimentos no IPCA subiram 10,4%. Para Schwartsman, fixar câmbio é um erro, algo incompatível com o regime de metas de inflação. O professor Nelson Marconi, da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, não compartilha da visão de Schwartsman e de Curado. Para ele, permitir a valorização do real para controlar a inflação seria um equívoco. Uma moeda que oscila e se valoriza demais afeta decisões de investimento, diz. "O que está pressionando os preços é a alta dos salários e do custo unitário do trabalho. Usar o câmbio para se contrapor a essa tendência é voltar à prática adotada no passado, que contribuiu para prejudicar a estrutura produtiva e os investimentos." Há diferentes modelos para se chegar a uma taxa de câmbio de equilíbrio. Em 2011, os economistas André Nassif, do BNDES e da Universidade Federal Fluminense (UFF), Carmem Feijó, da UFF, e Eliane Araújo, da Universidade Estadual de Maringá, estimaram que o câmbio deveria estar em R$ 2,90 para alcançar a taxa "ótima" real de longo prazo - a que induz à alocação de recursos para os setores de maior produtividade.

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