Portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicada nesta quinta-feira (11/4) no Diário Oficial da União institui um grupo de trabalho com o objetivo de estimular o uso racional de medicamentos por meio do foco na exigência de prescrição médica no ato da venda.
O grupo será formado por 30 membros, entre representantes da indústria farmacêutica, do mercado varejista de medicamentos, dos conselhos profissionais, das associações médicas, dos sindicatos e de universidades, entre outros.
Por meio de nota, a Anvisa destacou que, no Brasil, a venda de medicamentos sem apresentação de receita é um problema grave de saúde pública. “A cultura da automedicação e a falta de controle sobre a dispensação desses produtos em farmácias e drogarias são fatores que comprometem toda a cadeia de vigilância sobre a produção e utilização de medicamentos no país.”
Médicos defendem vacinação para enfrentar aumento de casos de coqueluche
Para a presidenta da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro, Nilma Neves, é fundamental conscientizar os médicos a incentivarem a vacinação das mulheres e futuras mães, além daqueles que vão cuidar do recém-nascido nos primeiros meses de vida. A vacina da coqueluche para crianças é dada a partir dos 2 meses, em três etapas até os 8 meses.
“É importante que a mãe esteja vacinada para evitar que o bebê seja infectado pela bactéria. Depois de nascido, todas as pessoas que cuidam desse bebê, sejam avós, babás, cuidadoras da creche, também precisam estar imunizadas”, disse a ginecologista. Ela explicou que a imunidade só está garantida depois de seis meses.
Segundo a médica, o aumento dos casos de coqueluche está associado à crença de que a imunização deve ser feita apenas nas crianças. “As pessoas perderam o hábito da vacinação. Todos nós, inclusive os idosos, precisamos nos vacinar”.
A professora de ginecologia da Universidade Federal da Bahia Vera Fonseca, que vai participar de uma palestra especificamente sobre o tema durante o evento, explicou que, em 40% dos casos, a transmissão da doença aos recém-nascidos é feita pela mãe, 20% são pelo pai e o restante por outros cuidadores do bebê.
A imunização das gestantes, de acordo com a médica, deve incluir outras vacinas para evitar o contágio dos bebês. “Há vacinas das hepatites A e B, de meningite, ou seja, uma série de vacinas, não apenas a da coqueluche”, comentou.
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A médica ressaltou que, das 4.453 pessoas infectadas com a bactéria no ano passado, no Brasil, a faixa etária mais atingida foi a de bebês com menos de seis meses, representando 85% dos casos e a maioria das mortes.
Casos de coqueluche vinham caindo desde 1990. O novo panorama da doença no país fez o governo incluir a DTPa (vacina tríplice acelular que protege contra difteria, tétano e coqueluche) no calendário de imunização da gestante. A expectativa é imunizar 4 milhões de grávidas.
Causada pela bactéria Bordetella pertussis, a coqueluche é transmitida pelo contato com gotículas de saliva. Os primeiros sintomas são tosse forte, catarro, febre baixa e falta de apetite. Principalmente nas crianças e nos idosos, a doença pode evoluir para quadros graves com complicações pulmonares, neurológicas e hemorrágicas, além de desidratação.
Fonte: Correio Braziliense
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A oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da BB Seguridade deve fazer com que a base de capital do BANCO DO BRASIL se aproxime da média dos rivais privados, afirmou a Moody"s ontem. Em relatório, a agência de classificação de risco de crédito considerou que, se a operação for precificada a R$ 15 por ação (no piso da faixa indicativa de R$ 15 a R$ 18), o BB teria um alta de cerca de 1 ponto percentual no capital de nível 1, principal componente do índice de Basileia, termômetro internacional utilizado para medir a solidez de instituições financeiras e representa a reserva de capital dos bancos em relação aos seus empréstimos. No Brasil, o Banco Central estabelece como piso que os bancos tenham um Basileia de 11%. Normalmente, os bancos operam com patamares superiores a esse índice.
BC deve minimizar riscos de inflação - Claudia Safatle
Claudia Safatle
A inflação alta - 6,59% em 12 meses - está minando a confiança dos empresários e dos consumidores e criando um ambiente ruim, avaliam importantes economistas do governo. Para o Banco Central, a hora é de "minimizar riscos" inflacionários. A situação, porém, é muito desconfortável.
O BC sabe o que fazer quando a inflação é alta e o crescimento econômico acelerado - aumenta a taxa Selic para esfriar a demanda. Também é ciente do seu trabalho quando a inflação é baixa e a atividade morna - afrouxa a política monetária para estimularu0026nbsp;a demanda.
Inflação alta e crescimento baixo desafiam o Copom
O pior dos mundos para a autoridade monetária é quando, como agora, a inflação está elevada e a economia fraca. Isso justificaria o uso da palavra "cautela" nos pronunciamentos do presidente da instituição, Alexandre Tombini. "Todo BC, em uma economia com inflação sob pressão e a atividade lá em baixo, tem que pensar duas vezes antes de agir", ponderou uma fonte oficial.
O Banco Central do México, por exemplo, ignorou o fato de a inflação estar sob pressão e, depois de três anos usando só a comunicação, cortou os juros pouco antes do índice de preços vazar o teto da meta, contando com a fragilidade da economia americana. O teto é 4% e a inflação chegou a 4,25%. O que no início pareceu uma barbeiragem acabou sendo uma decisão cabível porque os dados posteriores, que indicavam recuperação nos EUA, se mostraram falsamente positivos.
O presidente do BC da Rússia, Sergei Ignatiev, considerado superortodoxo, está preocupado com a desaceleração da economia e ameaça cortar os juros apesar da inflação de 7%. A cena internacional é delicada e o gigantesco afrouxamento monetário do governo do Japão - que pretende dobrar a base monetária em dois anos - ainda está sendo digerido pela área econômica do governo brasileiro.
Os dados do varejo, divulgados ontem pelo IBGE, reforçam a falta de vigor da atividade econômica. As vendas (excluindo veículos e material de construção), caíram 0,2% em fevereiro frente a igual período do ano passado e 0,4% em relação a janeiro. A expectativa era de crescimento de 1,6%. O crédito está "chocho", à exceção dos bancos públicos, e o endividamento das famílias estacionou num patamar alto, gerando perda de fôlego para a expansão do consumo.
É nesse cenário que o Comitê de Política Monetária (Copom) fará sua próxima reunião, na semana que vem, para decidir sobre os rumos da taxa Selic.
Conforme as estimativas oficiais a economia pode ter crescido, no primeiro trimestre, algo em torno de 1% e a taxa de investimento teria se expandido pelo segundo trimestre consecutivo. Esses, se confirmados, seriam dados bons que só serão conhecidos em maio. A expectativa do governo é de que o investimento, este ano, supere a variação do Produto Interno Bruto (PIB). Mas ainda são tênues as garantias de que, se houve uma melhora de janeiro a março, ela prosseguirá no segundo trimestre.
Por outro lado há a inflação. Resistente, espalhada e minando a confiança que já não está grande coisa. O IPCA de março, de 0,47%, foi dentro do que o governo imaginava. O índice de difusão e os núcleos também caíram, mas não o suficiente.
Olhando adiante, a inflação pode ceder com o recuo dos preços dos alimentos e a dissipação dos efeitos do aumento do salário mínimo. Numa visão do ano, o IPCA de abril pode ser bem melhor do que os 0,64% de abril do ano passado e o de maio até cair em relação aos 0,36% de 2012. Mas não será inferior aos 0,08% de junho, dando um novo repique no fim do semestre. Para o segundo semestre o BC espera que saiam os dados ruins do ano passado e entrem variações de preços mais moderadas.
Num golpe de sorte mais os efeitos estatísticos, a inflação cairia de 6,7% no meio do ano para 5,7% ou um pouco mais. A autoridade monetária, porém, não deve contar com a força da gravidade para fazer o seu trabalho, de controlar a inflação. Ainda mais tendo consciência de que não dispõe de qualquer ajuda da política fiscal e que o governo, vira e mexe, recorre a medidas protecionistas para encarecer as importações.
Com políticas fiscal e monetária expansionistas, hoje o que ainda segura um pouco os aumentos de preços é o pobre desempenho do PIB.
Tombini disse e repetiu nos últimos dias que não está assistindo à tudo isso inerte. Ele mudou a política monetária quando mudou a comunicação do BC ao mercado. De janeiro para cá, ao endurecer o verbo, conseguiu um aumento de 0,8 ponto percentual na taxa de juros futuros e quase perdeu todo o trabalho com as declarações da presidente Dilma Rousseff na África do Sul, de que não acredita em política de combate à inflação que derrube o crescimento.
É muito difícil segurar os juros e os preços só com palavras. Sem o passo seguinte - aumento da Selic - é provável que o mercado devolva aquela elevação. A comunicação do BC não é apenas uma preparação para o próximo passo. Ela é parte da política monetária. Mas haveria uma única hipótese de ela ser suficiente: a inflação despencar e a economia prosseguir no chão.
"É preciso dar um pé nas costas da inflação", disse uma alta fonte, demonstrando senso de urgência. O que ainda leva o BC a ponderar sobre essa decisão não é uma suposta pressão contrária da presidente. É o PIB. O Banco Central não tem meta de crescimento, mas o nível da atividade tem repercussões efetivas sobre o comportamento dos preços.