Hiroshi Uyeda*
O Cooperativismo, nos moldes atuais, surgiu em 1844, em Rochdale, uma pequena aldeia na Inglaterra, movido pela necessidade de encontrar uma saída ao desemprego ocasionado pela Revolução Industrial. Mediante contribuição mensal, 28 tecelões, entre eles uma mulher, se cotizaram durante um ano, ao cabo do qual utilizaram o valor arrecadado e adquiriram gêneros de consumo de primeira necessidade em grande quantidade e por menor preço. Repassaram os artigos aos associados pelo preço de custo, com o acréscimo de pequena taxa, para formação de capital para novas compras. Todavia, sobraram mercadorias. Resolveram, então, vendê-las pelo mesmo valor a quem se associasse ao empreendimento. Ela é conhecida como Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale. Em pouco tempo o negócio cresceu.
O movimento passou para outros continentes, em contínuo crescimento. A ACI - Aliança Cooperativa Internacional, fundada em 1895, representa-o em mais de 100 países, nos 5 continentes. São mais de 1 bilhão de cooperados. É a maior ONG do mundo. A OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras, filiada à ACI, congrega mais de 6.500 cooperativas e 1 milhão de associados, em todas as Unidades Federativas e em 13 ramos econômicos: agropecuária, consumo, crédito, educacional, especiais (portadores de deficiências, presos e detentos, dependentes químicos), habitacional, infraestrutura, mineral, produção, saúde, trabalho, transporte, turismo/lazer.
Os funcionários do Banco do Brasil colaboraram na constituição de cooperativas antes da promulgação, em 1971, da legislação cooperativista brasileira. Em várias cidades foram aplicados conceitos de cooperativismo, associando-os aos do associativismo, solidariedade e ajuda mútua para constituí-las.
Bela Vista, pequena cidade localizada no sul do então Mato Grosso, atualmente Mato Grosso do Sul, fronteiriça ao Paraguai, participou desse movimento no início da década de 60. Constituíram a Cooperativa dos Funcionários do Banco do Brasil de Bela Vista, movida pela necessidade de abastecer seus associados com artigos não supridos pelo comércio local. Funcionava em pequena dependência nos fundos da agência. As aquisições eram efetuadas diretamente dos grandes armazéns e fábricas de São Paulo. Assim, tecidos, eletrodomésticos e outros artigos foram adquiridos pela Cooperativa e distribuídos, pelo preço de custo, a seus cooperados.
Tratava-se, na época, de uma iniciativa ousada e sem precedentes. Aplicou-se em Bela Vista o mais puro conceito do cooperativismo, sem qualquer participação de organizações cooperativistas estaduais ou federais.
Cooperar para o desenvolvimento local e regional. Esse era o ânimo dos funcionários do BB nos inolvidáveis anos 60 em todo o território nacional.
(*) Hiroshi Uyeda é conselheiro fiscal da AFABB-DF