Salário mínimo deve subir 50% menos no segundo mandato de Dilma

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Com a decisão de manter as atuais regras de reajuste, o ritmo de valorização do salário mínimo deve cair em mais de 50% do primeiro para o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.

 

Entre 2011 e 2014, o mínimo foi elevado em 2,9% ao ano, em média, acima da inflação –uma taxa já modesta se comparada às dos governos Lula e FHC.

Como a política em vigor vincula os ganhos à expansão da economia do país, a conjuntura desfavorável resultará em um aumento em torno de 1,2% ao ano entre 2015 e 2018, de acordo com as projeções mais consensuais no mercado.

Nesse cenário, a alta real do mínimo nos dois mandatos de Dilma dificilmente ficará muito acima dos 2%, em média, ante 4,7% no período de FHC e 5,5% no de Lula.

Em valores de hoje, é como se o piso salarial subisse dos atuais R$ 788 para R$ 807 dentro de três anos –o valor nominal, obviamente, será maior, devido à inflação.

 

  editoria de arte/folhapress  

 

 

 

Os cálculos não dependem de muita futurologia: a fórmula de reajustes, adotada desde o segundo governo Lula, estabelece ganhos equivalentes ao crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes, além da correção da inflação.

 

O aumento do próximo ano, portanto, será equivalente ao crescimento do ano passado. Há poucas dúvidas sobre a taxa, que deve ser algo entre 0% e 0,2%.

 

As perspectivas para a variação do PIB neste ano, que determinará o reajuste do salário mínimo em 2017, também não são objeto de grande divergência. As expectativas dos analistas, em tendência de queda, estão hoje em 0,5% –e o governo não tem encorajado maior otimismo.

 

Afinal, os juros do Banco Central estão em alta para esfriar o consumo e a inflação (que está perto do teto da meta, de 6,5%), enquanto os ministérios da Fazenda e do Planejamento preparam cortes de gastos e, provavelmente, elevações de tributos.

 

As dúvidas e esperanças se limitam, assim, ao desempenho econômico de 2016 e o aumento do piso salarial no último ano de Dilma.

 

Atualmente, espera-se uma ligeira recuperação, com expansão do PIB de 1,8%.

 

DISSONÂNCIA

 

Os números ajudam a entender o desconforto da administração petista com o tema –que produziu a primeira dissonância entre a presidente e a sua nova equipe.

 

Na semana passada, o ministro Nelson Barbosa (Planejamento) deu a entender que uma regra diferente de valorização do piso salarial seria proposta ao Congresso. Ele não deu detalhes do novo cálculo, mas disse que a valorização acima da inflação seria mantida.

 

Depois, por imposição do Planalto, o ministro divulgou uma nota afirmando que a fórmula atual será mantida.

 

Apesar dos reajustes baixos, os gastos do governo com programas sociais vinculados ao mínimo, especialmente aposentadorias e pensões, estão em alta devido ao envelhecimento da população. Por isso, eventuais mudanças poderiam resultar em aumentos ainda menores.

 

Desde o Plano Real, o poder de compra do salário mínimo subiu cerca de 150%. Para economistas de orientação mais ortodoxa, a necessidade de equilibrar as contas públicas impõe uma moderação dessa trajetória. 

Fonte: Folha de São Paulo

 

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