A Vale anunciou ontem resultados operacionais melhores do que os esperados para o segundo trimestre do ano. Bancos e corretoras consideraram bons os números e disseram esperar reação positiva do mercado. A receita líquida somou R$ 22 bilhões no trimestre, em linha com o mesmo período de 2013. O lucro, antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) atingiu R$ 9,1 bilhões de abril a junho, com queda de 10% sobre o segundo trimestre do ano passado. Em média, dez bancos ouvidos pelo Valor esperavam queda de 23% no Ebitda, em dólares. O lucro líquido foi de R$ 3,18 bilhões, quase três vezes maior do que o lucro de R$ 832 milhões do segundo trimestre de 2013...
A Vale anunciou ontem resultados operacionais melhores do que os esperados para o segundo trimestre do ano. Bancos e corretoras consideraram bons os números e disseram esperar reação positiva do mercado. A receita líquida somou R$ 22 bilhões no trimestre, em linha com o mesmo período de 2013. O lucro, antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) atingiu R$ 9,1 bilhões de abril a junho, com queda de 10% sobre o segundo trimestre do ano passado. Em média, dez bancos ouvidos pelo Valor esperavam queda de 23% no Ebitda, em dólares. O lucro líquido foi de R$ 3,18 bilhões, quase três vezes maior do que o lucro de R$ 832 milhões do segundo trimestre de 2013.
O lucro líquido do segundo trimestre refletiu baixas contábeis ("impairments") relacionadas ao projeto de minério de ferro de Simandou, na Guiné, e à paralisação do complexo de carvão de Integra Coal, na Austrália. Só o "impairment", que representa a redução do valor recuperável de ativos, de Simandou foi de R$ 1,11 bilhão. Sem excluir esses e outros efeitos contábeis, o lucro "básico" da Vale no segundo trimestre deste ano foi de R$ 4,37 bilhões. No mesmo período do ano passado, o lucro "básico" da Vale tinha sido de R$ 6,8 bilhões.
A ação preferencial da Vale fechou ontem cotada a R$ 29,13, alta de 0,69%. Em julho, o papel subiu 10,55%, mas ainda está em queda de 8,25% no acumulado do ano. Em teleconferência, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, disse que a empresa registrou forte resultado no segundo trimestre do ano com recorde de produção de minério de ferro, que atingiu 79,4 milhões de toneladas de abril a junho. "A Vale gerou fluxo de caixa livre saudável tanto que pagou dividendos de US$ 2,1 bilhões [no trimestre] e manteve nível de endividamento líquido estável, apesar de estar implantado projetos de grande dimensão", disse Ferreira.
Em relatório, o banco JP Morgan disse que os bons números foram assegurados por uma combinação de maiores volumes de venda de minério de ferro, melhoria nos preços da commodity realizados pela companhia e fortes preços para os metais básicos. O volume de vendas de minério de ferro e pelotas foi de 76,9 milhões de toneladas no segundo trimestre, com alta de 6,6% sobre as 72,1 milhões de toneladas do mesmo período do ano passado. Já o preço médio realizado pela Vale para finos de minério de ferro situou-se em US$ 81 por tonelada, superando algumas estimativas, embora US$ 18,1 por tonelada abaixo do preço médio de US$ 99,21 realizado de abril a junho do ano passado.
No acumulado do semestre, a Vale registrou receita líquida de R$ 44,5 bilhões; alta de 2,7% sobre igual período de 2013, Ebitda de R$ 18,7 bilhões; queda de 9,1% sobre janeiro-junho do ano passado, e lucro líquido de R$ 9 bilhões, 29,3% acima dos R$ 7 bilhões do primeiro semestre de 2013.
A mineradora mostrou-se otimista com as perspectivas do mercado. O diretor-executivo de ferrosos e estratégia da Vale, José Carlos Martins, afirmou que os patamares de preço do minério de ferro - US$ 102 por tonelada para o Iodex 62% no segundo trimestre - não estão tão distantes das projeções da companhia, que indicam nível de US$ 110 por tonelada como piso para as cotações. Segundo ele, a média dos preços em 2014 está em US$ 109 por tonelada e a queda do preço a curto prazo (na faixa de US$ 95 por tonelada), é reflexo de crescimento da oferta em proporção maior que a prevista.
O diretor-executivo de finanças da Vale, Luciano Siani, afirmou que a empresa continua em trajetória sustentável de custos e despesas. O executivo explicou que o recuo de 46,1% no lucro líquido do segundo trimestre (R$ 3,1 bilhões) em relação ao primeiro trimestre deste ano (R$ 5,9 bilhões) se relacionou a provisões contábeis dos ativos de Simandou, na Guiné, e de minas de carvão na Austrália.
Na Guiné, além da baixa contábil de US$ 500 milhões (R$ 1,1 bilhão) no trimestre, a Vale vem fazendo contatos com o governo local para que US$ 700 milhões investidos pela empresa em obras civis, pesquisa e compra de equipamentos sejam reconhecidos no futuro edital de licitação dos blocos que pertenciam à VBG. A VBG é uma antiga sociedade da Vale e da BSG Resources, do israelense Beny Steinmetz, que teve os direitos minerários de parte de Simandou cassados pelo governo este ano. Essas reservas serão levadas à leilão.
"Temos a convicção que o governo da Guiné vai entender esse investimento todo que lá foi feito [os US$ 700 milhões] para que seja reconhecido quando da publicação do edital do certame, que acontecerá em data ainda não sabida", disse Ferreira. Ele afirmou que a empresa está negociando que esse valor seja incluído como um crédito em favor da Vale. "Mas isso não quer dizer que a Vale desistiu do certame [de Simandou] pois nem conhecemos os termos e condições do edital." Ferreira afirmou ainda que a Vale espera uma decisão favorável ainda este ano no litígio que trava contra Steinmetz na câmara de arbitragem de Londres.
Fonte: Valor econômico