A Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, estuda reduzir o volume de recursos aplicado em participações acionárias relevantes de empresas.
A Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, estuda reduzir o volume de recursos aplicado em participações acionárias relevantes de empresas.
O diretor de investimentos da fundação, Newton Carneiro da Cunha, disse que vai propor ao conselho deliberativo, para o plano de investimentos de 2015, a migração de parte da posição em participação acionária relevante para títulos públicos e investimentos estruturados.
Cunha, que assumiu a cadeira no começo deste ano, explicou que o fundo de pensão tem uma diretriz de investimentos de cinco anos, de 2014 a 2019, mas que ela é revista todos os anos.
Sem citar nomes de empresas ou percentuais, o diretor disse que a medida será proposta para o maior plano de benefícios da fundação, o de benefício definido, que tem cerca de R$ 54 bilhões em ativos. A Petros administra outros planos, somando um patrimônio total de R$ 67,7 bilhões.
O plano Petros do Sistema Petrobras tem aproximadamente 46% de seu patrimônio alocado em renda variável, com boa parte em participações relevantes. É o caso de BRF, empresa na qual a fundação tem R$ 5,2 bilhões em ações, segundo o demonstrativo de investimentos de 2013, o último disponível no site da Petros. Em ações da Itaúsa a fundação tem outros R$ 3,9 bilhões e em papéis da Invepar, R$ 2,7 bilhões (veja o quadro acima).
Segundo Cunha, a mudança se deve à maturidade do plano, que já tem mais participantes recebendo benefícios do que funcionários ainda na ativa. Criado na década de 1970, o plano tem 50 mil participantes assistidos, que já recebem aposentadoria ou pensão, e 27 mil participantes ativos, ainda na fase de acumulação de recursos.
Quando um plano está perto de se tornar maduro é natural que os gestores de fundos de pensão reduzam o risco da carteira, uma vez que chega um determinado momento em que o fluxo de saída de recursos para pagamentos de benefícios é maior do que a entrada por meio de contribuições. Se um investimento não performar bem, também há menos tempo para recuperar a aplicação.
No ano passado, a Petros pagou R$ 3 bilhões em aposentadorias, pensões e auxílios. Na outra ponta, recebeu R$ 6 bilhões em contribuições dos participantes.
A fundação apresentou déficit de R$ 2,3 bilhões no ano passado, quando entregou um retorno negativo na gestão dos investimentos. Com uma meta de rentabilidade de 11,74%, a fundação apresentou desempenho negativo de 0,19%. O que pesou foi a perda de 8,16% na posição de renda fixa e o baixo rendimento da renda variável, de 3,94%.
A volatilidade e as perdas na renda fixa no ano passado afetaram todo o segmento de fundos de pensão, que tem grande aplicação em títulos de públicos. Mas além disso, a Petros apresenta má performance na carteira de títulos privados. As provisões para perdas da fundação fecharam 2013 em R$ 512 milhões, volume que este ano já subiu para cerca de R$ 650 milhões, apurou o Valor. Entre aplicações recentes mal sucedidas estão títulos do falido banco BVA, aplicação no fundo de recebíveis (Fidc) da Trendbank e uma série de cédulas de crédito bancário (CCB) inadimplentes.
Fonte: Valor econômico