Exposição no Museu dos Correios também traz parte da coleção de obras de arte do autor
Exposição no Museu dos Correios também traz parte da coleção de obras de arte do autor
A vida epistolar de Mario de Andrade era intensa. O modernista, autor de Macunaíma, poeta, crítico e folclorista, gostava de se corresponder com os amigos. E como todos circulavam pela literatura e pelas artes, é de se imaginar que o apreço era recíproco. A se tirar pelo volume de papéis produzidos, Mario e os amigos eram, na verdade, aficcionados. O Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP), guardião da obra do escritor, mantém mais de 20 mil cartas assinadas por Mario e seus correspondentes. Foi nesse mar de escrita — algumas podiam ter mais de 10 páginas — que a curadora Denise Mattar mergulhou para montar o roteiro da exposição Mario de Andrade — Cartas do modernismo, em cartaz a partir desta quinta (30/10) no Museu dos Correios.
Denise pesquisa o modernismo nas artes plásticas desde 1997, sendo natural procurar na correspondência de Mario o maior número de referências possíveis às artes plásticas, por isso o foco da exposição é que tipo de ideias o modernista trocava com seus colegas pintores. No entanto, a curadora não podia fazer vista grossa para a literatura, linguagem artística pela qual Mario se expressava por excelência e tema que predominava na correspondência com outros escritores.
A exposição traz tanto cartas trocadas entre o modernista e personalidades como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Di Cavalbcanti, Cícero Dias, Lasar Segall e Portinari, como a correspondência com Carlos Drummond de Andrade, Câmara Cascudo e Manuel Bandeira. Um conjunto capaz de desenhar um perfil de Mario de Andrade.
Além dos escritos, a própria coleção de arte de Mario, grande comprador e excelente negociador, integra a exposição. São obras de Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Portinari, Di Cavalcanti, Ismael Nery e outros modernistas que ele admirava e com os quais costumava conviver. Apenas quatro obras das 30 trazidas a Brasília pertencem a coleções particulares. Para apresentar as cartas, Denise optou por três formatos: os livros com as páginas transcritas, os fac-símiles e tótens com gravações nas quais um ator lê o material com entonação que acompanha o estado de humor do autor. “As (cartas) para Tarsila eram apaixonadíssimas, para Anita ele falava ‘minha amiga’”, conta Denise.
SERVIÇO
Mario de Andrade — Cartas do Modernismo
Abertura 30/10, às 19h, no Museu dos Correios (SCS, Qd 4, Bloco A, Ed. Apolo). Visitação até 4 de janeiro, de terça a sexta, das 10h às 19h. Sábados, domingos e feriados, das 12h às 18h.
Fonte: Correio Braziliense