Governança da Petrobras em xeque com escândalos

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Não bastassem as surras de suas ações na bolsa e uma difícil equação financeira que ameaça compromissos futuros, a Petrobras foi seriamente atingida pelas revelações de seu ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, abrigadas pela delação premiada. Pelo que foi divulgado de um processo ainda em seu início, e sem comprovação outra que não as palavras de seu autor, durante oito anos a estatal foi pilhada por esquema de desvio de recursos para contribuições a partidos políticos, entre eles o PT e o PP, que se espalhava por mais de uma diretoria. Se os depoimentos de Paulo Roberto e do doleiro Alberto Yousseff forem comprovados, será desbaratado um dos maiores esquemas de roubo de dinheiro público do país, do qual também teriam participado algumas das maiores empreiteiras.

Não bastassem as surras de suas ações na bolsa e uma difícil equação financeira que ameaça compromissos futuros, a Petrobras foi seriamente atingida pelas revelações de seu ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, abrigadas pela delação premiada. Pelo que foi divulgado de um processo ainda em seu início, e sem comprovação outra que não as palavras de seu autor, durante oito anos a estatal foi pilhada por esquema de desvio de recursos para contribuições a partidos políticos, entre eles o PT e o PP, que se espalhava por mais de uma diretoria. Se os depoimentos de Paulo Roberto e do doleiro Alberto Yousseff forem comprovados, será desbaratado um dos maiores esquemas de roubo de dinheiro público do país, do qual também teriam participado algumas das maiores empreiteiras.

A governança da Petrobras está em xeque. A Securities and Exchange Commission (SEC), a xerife do mercado de capitais americana, começou a investigar, a partir das denúncias de corrupção, as responsabilidades da estatal diante de evidentes prejuízos aos investidores. A reputação das administrações da empresa poderá sofrer um dano severo, caso a Polícia Federal prove que os delatores dizem a verdade. Até hoje, os balanços da estatal passaram pelo crivo da SEC sem ressalvas e ela agora procura saber se foi, e por quem foi, ludibriada.

Diante de uma encrenca desse tamanho, e visando mais sua defesa junto à SEC do que propriamente investigar fatos, a Petrobras contratou dois escritórios de advocacia, um brasileiro e outro americano. À petroleira interessa provar, o que é razoável e possível, que entrou como vítima nesse processo (Valor, 29 de outubro). Na berlinda também estão o presidente da companhia durante o período em que Paulo Roberto atuou ilegalmente, José Gabrielli, e o diretor financeiro, Almir Barbassa, que atestaram a veracidade das informações apresentadas aos investidores e a eficácia dos controles internos. A descoberta de cobertura contábil a fraudes, que os investigadores estimam poder atingir R$ 10 bilhões, pode colocá-los em maus lençóis diante da lei americana.

Havia a suspeita de que em algum momento as indicações políticas para cargos operacionais importantes acabariam trazendo problemas graves à Petrobras. A empresa, exatamente por estar envolta em interesses políticos, praticamente não reagiu diante das suspeitas. Em parte porque isso poderia, primeiro, ferir a imagem de gestora de Dilma Rousseff, que foi presidente de seu Conselho de Administração, e, depois, por diminuir as chances de reeleição da presidente, acossada de muito perto pelos rivais nas pesquisas eleitorais.

A Petrobras contratou tardiamente defesa mirando o público externo. Mesmo após meses sob os holofotes, desde o caso do preço espetacular pago pela refinaria de Pasadena, demorou a constituir comissões internas de averiguação, que nada constataram até agora. A desmoralização da governança pode ser um fator a mais para levar a companhia a perder seu já periclitante grau de investimento.

O escândalo, além de ter potencial para criar novas crises políticas, tira o brilho das latentes melhorias financeiras e gerenciais que estão começando a aparecer.

A produção deslanchou no pré-sal e deve crescer este ano, enquanto que a queda de 25% do preço do petróleo desde junho traz algum alívio às suas contas. Uma queda de US$ 10 no barril tipo Brent traz um ganho de R$ 4,9 bilhões à Petrobras, que suprirá 21% da demanda interna com importações este ano, estima relatório do Goldman Sachs. A defasagem entre preços externos e domésticos diminuiu muito, embora a desvalorização do dólar conspire contra isso. Segundo o banco, o aumento de 1% dos preços domésticos terá impacto positivo de R$ 1,7 bilhão em seu Ebitda, enquanto que 1% de desvalorização do real subtrai dele R$ 1,4 bilhões. Entre os efeitos, o do câmbio é mais relevante porque 70% da dívida total de cerca de R$ 307 bilhões é em moeda estrangeira. O câmbio afeta apenas 25% de suas receitas, mas 75% de seus custos.

Para explorar o pré-sal, a Petrobras precisará de aumento de preços domésticos, algum corte nos investimentos ou obtenção de dinheiro externo a custo maior, o que elevaria o desconfortável nível de alavancagem. Se tudo continuar como hoje, a Petrobras terá alavancagem de 5,6 vezes em 2016 (relação entre dívida líquida e Ebitda). Encarar esses desafios em condições normais já é complicado, enfrentá-los sob investigação e um vendaval de denúncias é muito pior.

Fonte: Valor econômico 

 

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