Preço do minério e câmbio afetam Vale

Tamanho da Letra:

O desempenho da Vale no negócio de minério de ferro, seu principal produto, levou a empresa a ter um resultado aquém do esperado pelo mercado no terceiro trimestre. A Vale registrou recorde histórico na produção de julho a setembro, mas não conseguiu vender todo o volume que saiu das minas por um problema logístico e por razões de estratégia comercial. Também pesou negativamente o preço obtido pela companhia para os finos de minério de ferro no terceiro trimestre, que ficou em US$ 68 por tonelada, 20% abaixo do segundo trimestre de 2014.

O desempenho da Vale no negócio de minério de ferro, seu principal produto, levou a empresa a ter um resultado aquém do esperado pelo mercado no terceiro trimestre. A Vale registrou recorde histórico na produção de julho a setembro, mas não conseguiu vender todo o volume que saiu das minas por um problema logístico e por razões de estratégia comercial. Também pesou negativamente o preço obtido pela companhia para os finos de minério de ferro no terceiro trimestre, que ficou em US$ 68 por tonelada, 20% abaixo do segundo trimestre de 2014.

A própria Vale reconheceu ontem, em teleconferência, que essa queda de preços é fruto de um cenário de aumento da oferta global da commodity e de uma demanda mais fraca do que o esperado. Essa combinação tem levado a uma redução contínua dos preços do minério de ferro este ano no mercado internacional e a queda acumulada no ano é próxima de 40%.

Como resultado de um menor preço realizado, a receita líquida da mineradora caiu no terceiro trimestre e atingiu R$ 20,6 bilhões, queda de 26,8% sobre igual período de 2013. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda ajustado) somou R$ 6,8 bilhões de julho a setembro, com redução de 48,5% sobre igual período do ano passado. A mineradora terminou o terceiro trimestre de 2014 com prejuízo de R$ 3,38 bilhões, resultado motivado pelo impacto da desvalorização do real frente na dívida denominada em dólares da companhia.

Na bolsa, a ação preferencial da Vale fechou cotada a R$ 20,50, recuo de 4,47% em relação à véspera. Foi a segunda maior queda do Ibovespa no dia, perdendo só para a Bradespar, que caiu 4,80%. Os analistas de bancos receberam com decepção os resultados da companhia no segmento de minério de ferro. O lado bom foi o desempenho do negócio de metais básicos, como foi destacado pelo presidente da Vale, Murilo Ferreira.

O executivo afirmou que esse segmento de negócios continua a crescer e no terceiro trimestre chegou a representar quase um terço do Ebitda da companhia em função do recorde na produção de cobre e de um crescimento na produção de níquel. O Ebitda ajustado da área de metais básicos somou R$ 1,793 bilhão ante R$ 1,34 bilhão do segundo trimestre do ano.

Ferreira disse que o prejuízo registrado pela companhia no terceiro trimestre foi contábil, sem impacto no caixa. "A Vale manteve um balanço saudável, com baixa alavancagem e uma dívida líquida que diminuiu em US$ 2,15 bilhões desde o fim de junho", afirmou o executivo. Questionado sobre rumores de que poderia assumir como ministro da Fazenda no próximo governo, Ferreira negou: "Não fui sondado, convidado ou indicado para ocupar posição no novo governo", disse Ferreira. Ele afirmou estar focado nos desafios da Vale em um novo cenário de preços para indústria de mineração. Esse novo momento indica, segundo ele, que o mundo não vive mais um "superciclo" de preços para o minério de ferro. Mesmo assim, ele disse enxergar um mercado ainda "exuberante" impulsionado pelo crescimento da China e dos países do sudeste asiático, como Indonésia, Tailândia e Vietnã.

O mercado está preocupado, porém, com os efeitos da continuidade de preços baixos para o minério de ferro, hoje na faixa de US$ 80 por tonelada no mercado à vista da China. Em relatório, o Bank of America Merrill Lynch manteve a recomendação de compra para a Vale, mas reconheceu que o cenário de preços para o minério de ferro em 2015 é motivo de preocupação. Outra dúvida do mercado é quanto a Vale vai cortar em seu programa de investimentos para o ano que vem. Ontem, o diretor-executivo de finanças da Vale, Luciano Siani, admitiu que o investimento programado para projetos neste ano, de US$ 13,8 bilhões, ficará entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões abaixo do previsto.

A Vale também deve rever para baixo a estimativa de investir US$ 12,5 bilhões no ano que vem. Um analista estimou que o número pode ficar na casa dos US$ 11 bilhões, mas o valor só será conhecido no "Vale Day", evento da mineradora na Bolsa de Nova York, tradicionalmente realizado em dezembro. Entre os analistas, há quem considere que, frente a uma geração de caixa menor, a Vale também pode reduzir o pagamento de dividendos. Ferreira afirmou que a administração da Vale está confiante de que pode continuar pagando altos dividendos e, ao mesmo tempo, manter a "prudência" em termos de alavancagem.

Ele afirmou que a Vale está envolvida na implantação de grandes projetos, como o S11D, de minério de ferro, em Carajás, no Pará, e Moatize, de carvão, em Moçambique, na África. Ele informou que em "breve" a empresa vai anunciar a venda de uma participação acionária na mina de Moatize, podendo se desfazer de uma fatia de 15% a 25%, e no Corredor Nacala, sistema formado por ferrovia e porto em Moçambique, podendo vender metade dos 70% que têm no ativo.

Fonte: Valor econômico 

 

 

Boletim Eletrônico

Inscreva-se em nosso Boletim Eletrônico para manter-se informado.

Mensagem da AFABB-DF

Associação com 21 anos (2000 - 2021) de atuação permanente na defesa e preservação dos interesses dos associados, o que determina nossa razão de ser!

Sempre mais forte com sua participação,

A AFABB-DF

Contato

 O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
 +55 61 3226 9718 | 3323 2781
 Setor Bancário Sul | Quadra 02 | Bloco A | Edifício Casa de São Paulo | Sala 603 | Brasília/DF | CEP: 70078-900