Líderes econômicos globais estão sendo instados a se unir em torno de um plano para permitir que governos deem cabo do que fazem de melhor –gastar dinheiro– com o objetivo de estimular a economia global, que continua lenta e em desaceleração.
Líderes econômicos globais estão sendo instados a se unir em torno de um plano para permitir que governos deem cabo do que fazem de melhor –gastar dinheiro– com o objetivo de estimular a economia global, que continua lenta e em desaceleração.
O esforço vem após seis anos de combate à crise se passarem sem garantia de que a economia global tenha se firmado em bases estáveis. Mesmo a Alemanha ameaça cair em recessão, a China tem perdido fôlego e os Estados Unidos temem que a desaceleração global prejudique a recuperação norte-americana.
A diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde, pediu sem rodeios nesta quinta-feira (9) que particularmente os Estados Unidos e a Alemanha abram os cofres e gastem mais em projetos de infraestrutura -uma forte reversão da recente fixação do fundo em dívida pública e "reforma estrutural" que se provou politicamente difícil de implementar.
Joshua Roberts/Reuters | ||
Diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, participa de debates sobre a economia global |
"É uma questão de fazê-lo, não simplesmente falar sobre isso", disse Lagarde.
GRANDE RECESSÃO
Suas declarações, e a união das principais nações em torno da ideia de que os governos deveriam começar a gastar novamente para impulsionar o crescimento e criar empregos, vem em meio ao reconhecimento de que a vasta resposta dos últimos seis anos não curou o mundo da ressaca da grande recessão.
Economias desenvolvidas têm realizado grandes ajustes fiscais e há poucos sinais de que haverá consenso político em Washington em apoio de mais gastos, quem dirá na Alemanha, motor da zona do euro, onde a maior prioridade é entregar a promessa de um orçamento federal que esteja no azul, ou completamente equilibrado, em 2015.
Políticas monetárias historicamente expansionistas injetaram trilhões de dólares nos mercados globais, mas boa parte desse dinheiro permanece inativo como reservas bancárias ou no caixa de empresas e uma parcela muito baixa desse montante se traduziu em investimento e gastos das famílias. Comércio e reformas estruturais, alardeados como necessários para impulsionar o crescimento global, se provaram politicamente difíceis demais para fazer a diferença.
O objetivo agora é usar uma ferramenta antiquada –os cofres públicos– para agir onde famílias, o setor privado, bancos e outros não o fizeram.
MAIS DEMANDA
"Houve uma grande queda na demanda agregada. Alguém precisa preencher esse vácuo", disse o vice-diretor-gerente do FMI Min Zhu em painel durante as reuniões de outono do FMI e do Banco Mundial, que contam com a presença de ministros das Finanças e autoridades de bancos centrais de todo o mundo.
O FMI apresentou seus conselhos em termos tipicamente prudentes, dizendo que investimentos sábios em infraestrutura poderiam melhorar o emprego e o crescimento no curto prazo, repondo seus custos ao longo do tempo ao aumentar a produtividade e o crescimento potencial de longo prazo.
Autoridades já estimaram que países em desenvolvimento como a Índia e o Brasil precisam de trilhões de dólares em gastos de capital. O Brasil é frequentemente citado como um país cujo crescimento econômico está sendo prejudicado por sistemas de portos e estradas pouco eficientes.
Economistas em painel sobre crescimento e gastos públicos citaram na quarta-feira (8) os Estados Unidos como um país desenvolvido cujas estradas, pontes e aeroportos poderiam ser melhorados, aumentando o crescimento e criando empregos no curto prazo.
"Estamos vendo crescimento baixo prolongado. Há um papel que pode ser desempenhado pela política fiscal", disse o vice-diretor-gerente do FMI Naoyuki Shinohara, acrescentando que mesmo países com dívida alta podem encontrar espaço para tomar empréstimos para bons projetos. "Há espaço fiscal a ser percebido."