Excesso de liquidez torna banco mais seletivo na captação

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Os bancos, quem diria, têm recusado dinheiro, especialmente de investidores de grande porte interessados na compra de seus títulos. Com o caixa cheio de recursos, as instituições financeiras estão se esquivando de receber mais aportes de fundos de pensão, fundos de investimento e grandes empresas para não comprometer a rentabilidade.

Os bancos, quem diria, têm recusado dinheiro, especialmente de investidores de grande porte interessados na compra de seus títulos. Com o caixa cheio de recursos, as instituições financeiras estão se esquivando de receber mais aportes de fundos de pensão, fundos de investimento e grandes empresas para não comprometer a rentabilidade.

"Há uma menor oferta de CDBs [Certificados de Depósito Bancário] e letras financeiras. Ou, quando a oferta se mantém, o prazo de vencimento dos títulos é maior e a taxa de remuneração menor", afirma Marcelo Mello, vice-presidente da SulAmérica Investimentos, gestora com R$ 18,4 bilhões em recursos.

Tanto do lado dos bancos quanto dos investidores, a constatação é que há um descompasso entre oferta e demanda de papéis. "Frequentemente temos tido uma oferta de caixa superior àquela que queremos", diz o diretor de uma instituição financeira de varejo de grande porte.

O principal motivo para os bancos estarem controlando a entrada de mais dinheiro é a lenta expansão do crédito, principal e mais rentável produto das instituições financeiras. Dados do Banco Central (BC) mostram que o estoque de empréstimos no país avançou 5,5% neste ano até agosto, última informação disponível. Em igual período de 2013, o avanço era de 9%.

Os bancos já projetavam um ano mais fraco para os empréstimos, mas hoje executivos se dizem surpresos com o desempenho pior do que o projetado.

Sem ter onde aplicar os recursos com a rentabilidade que almejam, os bancos escolhem agora mais criteriosamente seus depositantes. Optam por aqueles que aceitam receber papéis com uma rentabilidade mais baixa e com prazos mais longos. "Hoje temos de selecionar o dinheiro que entra", diz o diretor de um outro banco de varejo de grande porte. "Se o crédito retornar, voltaremos a captar."

Pelos dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o estoque de títulos bancários atingiu R$ 1,2 trilhão em setembro, com crescimento de 7,07% neste ano. Ao longo deste ano, porém, esse saldo de papéis tem oscilado bastante, chegando inclusive a recuar em certos meses.

Leonardo Breder, sócio e gestor de renda fixa da asset Brasil Plural, afirma que "os bancos se retraíram em relação ao crédito e estão escolhendo muito bem os empréstimos disponibilizados". "Com isso, não há grande necessidade de serem agressivos na captação", acrescenta o executivo da Brasil Plural, que tem R$ 8,5 bilhões em ativos sob gestão.

O alvo preferencial das instituições financeiras na hora de captar é o investidor de varejo, aquele sem tanto poder de barganha porque tem poucos recursos para aplicar.

"Desde que o custo de captação seja abaixo do CDI [Certificado de Depósito Interfinanceiro], temos política de continuar crescendo. Só temos restrições com captação acima da taxa do CDI", diz João Gazzana, diretor financeiro do Banrisul, cuja captação é voltada para as pessoas físicas.

Os CDBs, por exemplo, estão se transformando cada vez mais em um produto destinado basicamente a pessoas físicas e a pequenas empresas. Nos fundos da Brasil Plural, já não há mais CDBs - caso que está se tornando comum em diversas gestoras de recursos.

O recuo na oferta de CDBs se acentuou com a chegada de novas regras para o recolhimento compulsório sobre depósitos a prazo dos bancos, editadas pelo Banco Central (BC) no fim de julho e, depois, intensificadas no mês seguinte.

Em agosto, a emissão de CDBs caiu 9,9% em relação a julho, para R$ 192,5 bilhões. Pelas novas normas, 60% de seus recolhimentos podem ficar sem remuneração, sendo que antes a totalidade era corrigida pela taxa básica de juros (Selic). Em setembro, voltou a subir para R$ 204,6 bilhões.

Para aplicadores institucionais, os bancos têm oferecido letras financeiras, papéis com vencimento mínimo de dois anos, mas com mais liquidez no mercado secundário que os CDBs. Arturo Profili, gestor da Capitânia, com R$ 1,4 bilhão em recursos, relata que tem havido muita sondagem por parte dos bancos para a venda de letras subordinadas com prazo de cinco anos.

Ávidos por papéis, os investidores de grande porte têm aceitado taxas mais magras. O Valor apurou, por exemplo, que a taxa de remuneração das letras financeiras com vencimento em dois anos de um banco de médio porte caiu de 109% para 106,5% do CDI ao ano.

Em outro banco privado de menor porte, as taxas passaram de 107,5% para 106,5% para o mesmo tipo de papel. Para papéis de grandes bancos, um gestor também relatou a redução de um ponto percentual na remuneração.

"Temos reduzido o custo do passivo", diz o diretor de um banco de varejo de grande porte. O executivo de uma outra grande instituição afirma que capta atualmente a taxas um ponto percentual mais baixas que um ano atrás.

Apesar da remuneração mais magra que têm conseguido, a regra nos bancos é que o volume de depósitos fique em equilíbrio com o avanço do crédito.

Fonte: Valor econômico

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