Fluxos para emergentes devem desacelerar com aversão ao risco

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O sentimento de aversão ao risco que ganhou força no mercado nas últimas semanas pode prejudicar os fluxos de capital para os emergentes até o fim do ano, na opinião de especialistas. Apesar de as aplicações em portfólios desses países até o terceiro trimestre terem sido mais fortes que no ano passado, a expectativa é que desacelerem a partir de agora.

O sentimento de aversão ao risco que ganhou força no mercado nas últimas semanas pode prejudicar os fluxos de capital para os emergentes até o fim do ano, na opinião de especialistas. Apesar de as aplicações em portfólios desses países até o terceiro trimestre terem sido mais fortes que no ano passado, a expectativa é que desacelerem a partir de agora.

"O fluxo vai piorar até o fim do ano", afirma Daniel Tenengauzer, responsável pela divisão de estratégia de emergentes do RBC Capital Markets. "Os clientes em geral estão mais negativos [com os emergentes]", diz.

O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), que acompanha esses dados, projeta que no quarto trimestre investidores estrangeiros aplicarão US$ 65 bilhões em portfólios de ações e dívida de emergentes, menos que a média trimestral do ano, de US$ 81 bilhões. No caso do Brasil, a projeção para o último trimestre é de US$ 7 bilhões, também abaixo da média de US$ 12 bilhões dos trimestres anteriores.

Para analistas, a desaceleração nesses fluxos se deve ao sentimento de aversão ao risco que se instalou no mercado por conta de conflitos geopolíticos, que podem provocar saques em alguns países, e da aproximação da elevação da taxa de juros dos EUA. Levantamento feito pelo Société Générale mostra que, ao fim de setembro, apenas 21,1% dos investidores consultados se declararam otimistas com os emergentes no curtíssimo prazo. No mês anterior, a parcela era bem mais alta, de 48,2%.

No horizonte de médio prazo, que cobre três meses, a percepção também piorou. A maioria dos investidores ouvidos pelo banco se declarou pessimista com ativos emergentes nesse prazo e a parcela de otimistas caiu. A pesquisa também revelou que os participantes cortaram suas exposições de longo prazo a esses ativos, preferindo alocações mais curtas.

"O sentimento dos investidores com emergentes está muito fraco", afirma Benoit Anne, chefe de estratégia para mercados emergentes do Société Générale. "Os principais riscos aos fluxos de capital para esses países são os geopolíticos e os da política do Federal Reserve."

A expectativa dominante no mercado é que o Fed comece a elevar a taxa de juros entre junho e julho de 2015 e que o ciclo de aperto seja gradual, permitindo que o mercado se ajuste aos novos patamares de custo. Um cenário diferente, entretanto, pode causar turbulência. "Se as taxas de juros subirem antes do esperado pelo mercado, os fluxos de capital para emergentes serão negativamente afetados", afirma Robin Koepke, economista e especialista em fluxos de capitais do IIF.

Rodolfo Oliveira, economista da consultoria Tendências, explica que a taxa de juros americana é a medida do custo de oportunidade global e, portanto, quando é ajustada os ativos de risco sofrem perdas. "Esses ajustes certamente vão pesar mais em quem não se preparou para a virada."

Tenengauzer, do RBC, acrescenta que o incentivo a manter altas exposições a emergentes agora é baixo. "Muitos emergentes não têm uma história [econômica] interessante por trás", diz. "Especialmente agora que os EUA estão crescendo mais."

A desaceleração nos fluxos para emergentes, contudo, não deve ser tão drástica na opinião dos analistas. Eles lembram que outros bancos centrais de países desenvolvidos ainda estão afrouxando sua política, o que atenua as ações do Fed. "A postura expansionista de grandes BCs, como do Japão e da zona do euro, pode ajudar a evitar maior queda na liquidez global", diz Oliveira, da Tendências.

"Não acho que vá haver um grande 'sell-off' ", diz Tenengauzer, acrescentando que o mercado já está se preparando para a mudança. Para ele, em 2015 os fluxos devem melhorar, já que será superado esse capítulo de "espera" pela elevação dos juros americanos.

O IIF, de fato, espera que os fluxos para portfólio de emergentes melhorem no ano que vem. A média trimestral deve subir para US$ 82 bilhões, somando US$ 329 bilhões no ano. Em 2014, o volume total deve ser um pouco menor, de US$ 308 bilhões, mas ainda assim superior ao de 2013 (US$ 210 bilhões). Para o Brasil, o IIF projeta ingressos totais de US$ 43 bilhões em 2014 e US$ 46 bilhões em 2015. "Contudo, essas perspectivas dependem crucialmente dos cursos da política monetária dos países do G3", diz o instituto em nota.

 

 Fonte: Valor econômico

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