Segundo o Ministério da Saúde, o índice no DF é de 14,8 doadores efetivos por milhão de habitantes ? 3,4 a mais do que a média do País.
Segundo o Ministério da Saúde, o índice no DF é de 14,8 doadores efetivos por milhão de habitantes ? 3,4 a mais do que a média do País.
No topo do ranking nacional em quatro dos cinco tipos de transplantes feitos na rede pública do Distrito Federal, a capital ainda tem uma fila de 246 pessoas que esperam pela doação de órgãos, revela o Registro Brasileiro de Transplantes da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). A espera é por rins, corações, córneas, medula e fígado. Ao mesmo tempo, a quantidade de doadores do DF é maior que a média do País e se aproxima da meta nacional para 2015.
Segundo o Ministério da Saúde, o índice no DF é de 14,8 doadores efetivos por milhão de habitantes – 3,4 a mais do que a média do País. Isso significa que a meta para o ano que vem, de 15, está mais próxima.
O total de transplantes no DF também tem números favoráveis, com aumento de 105% nos últimos dez anos. Se em 2002 eram 193, em 2011 esse número saltou para 306, afirma o ministério. No ano passado, foram 589 procedimentos. Desde o início de 2012 até uma semana atrás haviam sido feitos no DF 21 transplantes de rins, 58 de córneas, sete de fígado, um de medula óssea e oito de coração, de acordo com a Secretaria de Saúde.
Em 2012, 185 pessoas aguardavam doações e operações de rim, fígado, coração e córnea. No ano seguinte, englobando os transplantes de pulmão, o número passou para 251. Ainda assim, o DF apresenta o maior número de transplantes desses órgãos por milhão de habitantes do País, ficando atrás apenas nas operações de medula óssea.
No entanto, o governo projeta mudanças em breve, uma vez que o Instituto de Cardiologia do DF (ICDF) inaugurou no semestre passado uma ala exclusiva de transplante de medula óssea. “Temos que destacar a importância que o transplante tem na vida das pessoas”, alertou o secretário de Saúde, José Bonifácio Carreira Alvim.
“A fila brasiliense é consideravelmente menor em relação à média nacional e com menos tempo de espera, o que faz com que a gente consiga atender o paciente antes de ele passar a um estágio crítico”, afirma Daniela Salomão, coordenadora da Central de Captação.
Família tem o poder de decidir
Qualquer pessoa pode ser doadora, mesmo que não manifeste vontade em vida. A decisão final é da família, mas segundo o ministro da Saúde Arthur Chioro, a taxa de aceitação familiar é de 55,7%. Com campanhas, o governo pretende incentivar que as pessoas demonstrem o interesse de ter partes do corpo doadas em caso de morte.
Em vida, a pessoa pode doar um dos rins e parte do fígado, da medula óssea ou do pulmão. Parentes de até quarto grau ou cônjuges podem ser doadores, mas aqueles que não têm grau de parentesco precisam de autorização judicial para fazer a operação.
Com a constatação de morte encefálica, uma ou mais partes do corpo em condições de serem aproveitadas podem ajudar outras pessoas. Apenas nos primeiros seis meses deste ano, 12 doadores da capital tiveram órgãos transplantados – 42% deles doaram mais de um órgão.
Tatuagem
A assistente editorial Cláudia França, 44 anos, resolveu estampar na pele o desejo de ter partes de seu corpo vivas após sua morte. Ela fez uma tatuagem no antebraço esquerdo com um laço verde – símbolo da doação de órgãos.
“Fiz uma tatuagem para deixar claro e que ninguém esqueça o meu desejo. Se eu sumir e for enterrada sem identificação, quero que todos vejam na pele que sou doadora”, explica, alertando sobre a importância de disseminar o pensamento: “ A doação de órgãos é uma vida após a morte”.
Fila para o rim é maior
Dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) mostram que o transplante de rim é campeão na extensão da fila. Até o fim do primeiro semestre deste ano, havia 124 pessoas esperando por um rim, dez por um coração, 35 por um fígado e 74 por córnea.
Daniela Salomão, coordenadora da Central de Captação de Órgãos, explica que isso ocorre porque, “além de ter uma demanda maior, o paciente renal crônico consegue esperar fazendo tratamentos como hemodiálise até fazer o transplante. Então, ele consegue viver por mais tempo para esperar pela doação”.
DF é líder
A cada 153 cirurgias de transplante de coração, 15 ocorrem no DF. Líder nacional de transplantes cardíacos, a região é responsável por 10% de todas as operações do tipo no País. Nos últimos três anos, os números decolaram. Se em 2001 eram apenas nove, em 2012 a quantidade subiu para 18 e, no ano seguinte, para 29.
Líder em transplantes
O Distrito Federal faz cirurgias de transplante hepático há menos de três anos e já está no topo do ranking nacional. Nos seis primeiros meses do ano, foram 31 operações, de acordo com a Secretaria de Saúde. Waterloo Santos, 64 anos, recebeu um novo fígado aos 62 anos, em janeiro de 2012, quando foi a primeira pessoa a passar por esse tipo de procedimento no DF.
Ele descobriu um nódulo no fígado, consequência de uma hepatite e, na época, não existiam operações do tipo pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na região. O controlador ficou cerca de quatro meses na fila de São Paulo até descobrir a oportunidade aqui.
“É uma alegria enorme quando você recebe a informação de que um órgão foi doado. Só sabe quem passa, mas é uma satisfação imensa. É o princípio de uma nova vida”, relembra.
O artista e publicitário Paulo César Cavalcante dos Santos, 58, também celebra a nova fase e o novo fígado conquistado há cinco anos, depois uma década aguardando na fila pelo transplante. “Sofri um acidente de carro e contraí Hepatite C após uma transfusão. Tive de ir a Minas Gerais para fazer a operação porque aqui não existia”, lembra.
“A doação modificou minha vida completamente. Hoje, agradeço muito à família do meu doador. Voltei a ser o que eu era: jogo futebol, pratico jiu-jitsu e tenho um fígado novo. É preciso ter esperança”, destaca.
Campanha
Com o objetivo de estimular que famílias brasileiras autorizem o procedimento de retirada de órgãos dos parentes após a morte, o Ministério da Saúde em parceria com a Secretaria da Saúde lançou uma nova campanha com foco na sensibilização da população.
Intitulada Sua família é a sua voz, a iniciativa alerta sobre a importância de avisar aos familiares sobre o desejo de doar órgãos. O lançamento da campanha no DF contou com a presença de Arlita Andrade, viúva e doadora dos órgãos do cinegrafista Santiago Andrade, morto durante protesto em São Paulo e do cantor Bruno Gouveia, vocalista da banda Biquíni Cavadão, que pediu engajamento. “Vamos divulgar todas as ações dessa iniciativa”, afirmou.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília