O Banco do Brasil (BB) anunciou ontem uma oferta de troca de até US$ 1,5 bilhão em títulos perpétuos de dívida externa emitidos em 2009, com o objetivo fortalecer seu capital. Caso os investidores aceitem a permuta, os novos bônus, também sem vencimento, serão integralmente contabilizados dentro das novas regras de Basileia 3.
O Banco do Brasil (BB) anunciou ontem uma oferta de troca de até US$ 1,5 bilhão em títulos perpétuos de dívida externa emitidos em 2009, com o objetivo fortalecer seu capital. Caso os investidores aceitem a permuta, os novos bônus, também sem vencimento, serão integralmente contabilizados dentro das novas regras de Basileia 3.
Os bônus antigos foram emitidos em linha com a regulamentação de Basileia 2 e, por isso, desde 2013 o peso deles dentro do capital do BB vinha se reduzindo, seguindo as normas do Banco Central. Até agora, 20% deles já não podiam ser enquadrados como capital de nível 1 do banco, sendo que em janeiro de 2015 esse percentual subiria para 30%.
As normas de Basileia 3 exigem que, para compor o capital dos bancos, os títulos de dívida sejam mais parecidos com ações, podendo ser cancelados ou convertidos em ações se o capital da instituição cair abaixo de determinado patamar.
De acordo com o comunicado, o BB se dispôs a adquirir "todo e qualquer" volume desses bônus antigos, cujo total em circulação é de US$ 1,5 bilhão atualmente, mas impôs como valor mínimo ao fechamento da troca uma adesão de US$ 500 milhões.
O anúncio da operação foi feito por meio de comunicado enviado a participantes do mercado. Procurado pelo Valor, o BB disse que não comentaria o assunto. Na última teleconferência de resultados, o banco já havia sinalizado que pretendia fazer algumas trocas de dívida para fortalecer sua estrutura de capital.
O incentivo à aceitação é a relação de troca. Os investidores que aderirem à oferta, que se encerra em 21 de outubro, receberão o equivalente a US$ 1,15 mil em novos bônus por cada US$ 1 mil que oferecerem em títulos antigos. Para os que aderirem antes, até 6 de outubro, o BB oferece condições melhores, pagando o equivalente a US$ 1,18 mil por cada US$ 1 mil em títulos antigos.
O cupom proposto é de 8,5%, podendo variar conforme o apetite dos investidores. É uma taxa igual àquela paga pelo papel emitido em 2009, mas embute um prêmio em relação ao rendimento pelo qual o título vinha sendo negociado no mercado secundário. O título também prevê uma renegociação da taxa em cinco anos.
Ontem, os bônus do BB subiram em reação à notícia. Ao fim da tarde, os perpétuos que são alvo da troca eram negociados a 117% do valor de face, acima dos 115% vistos no dia anterior.
Em junho, o BB vendeu US$ 2,5 bilhões em bônus perpétuos, com um cupom de 9%, que só podia ser renegociado em dez anos. Foi o sucesso dessa operação, que teve uma demanda de US$ 12,3 bilhões, que levou o banco a lançar essa oferta de troca. A estrutura do novo papel será igual a desses títulos emitidos em junho, sendo a única diferença o prazo para renegociação do cupom.
Segundo uma fonte, nenhum outro banco emitiu bônus elegível a compor capital de nível 1 sob as regras antigas de Basileia, por isso trocas semelhantes não ocorrerão.