Reguladores preparam novas exigências para os bancos

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Reguladores globais chegaram a um acordo nesta quarta-feira sobre uma nova exigência que vão impor aos maiores bancos do mundo para que, em caso de quebra, tenham capital suficiente para evitar que a fatura seja paga pelos contribuintes.

Reguladores globais chegaram a um acordo nesta quarta-feira sobre uma nova exigência que vão impor aos maiores bancos do mundo para que, em caso de quebra, tenham capital suficiente para evitar que a fatura seja paga pelos contribuintes.

O Fórum de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês) já tinha feito uma lista inicial de 29 grandes bancos internacionais cuja "quebra" poderia ter efeito sobre o sistema financeiro global. Eles têm de cumprir exigência adicional para aumentar seu capital numa proporção de 1% a 2,5% de seus ativos ponderados pelo risco, a partir de 2019. Isso além dos 7% de capital próprio que o Acordo de Basileia exige de todos os bancos.

O Valor apurou que agora, reunido em Cairns (Austrália), o FSB, depois de meses de discussões, decidiu seguir em frente com uma demanda adicional chamada de "capacidade total de absorção de perdas" (TLAC, na sigla em inglês). Por ela, o banco precisará ter um percentual de dívida que possa ser rapidamente convertida em capital. No total, os maiores bancos do mundo deveriam ter colchões de proteção de dívida e outros instrumentos que podem chegar a 16% e 20% de seus ativos ponderados pelo risco, de acordo com discussões iniciais entre os reguladores.

No entanto, a calibragem da exigência, como sua aprovação formal, deve ocorrer no ano que vem, depois de consulta pública que o FSB vai fazer sobre o tema. Além disso, será feito estudo quantitativo sobre o efeito da medida na economia, uma forma de atender reclamações de grandes instituições, que alegam que as regulamentações podem ter impacto no crescimento econômico, já que reduziria a capacidade de financiamento.

Será feita também uma análise sobre a diferente situação dos 29 bancos grandes demais para quebrar. Havia distintas visões entre as maiores economias do mundo sobre o que fazer. Alguns países queriam regras mais duras. Outros, mais flexíveis. O Japão alega que tem um fundo para liquidação, financiado pelos próprios bancos. Para aceitar a nova regra quer que os recursos desse fundo sejam levados em conta.

O presidente do Banco da Inglaterra e do FSB, Mark Carney, fez uma viagem relâmpago a Cairns para a reunião e voltou a Londres para acompanhar nesta quinta o resultado da votação na Escócia sobre a independência (ou não) do país. Mas Carney participará por vídeo, de Londres, da reunião de ministros e de presidentes de bancos centrais do G-20, sábado e domingo, quando a exigência adicional estará em discussão de novo.

"A essa altura não tem ninguém mais contra", diz o secretário de assuntos internacionais do Ministério da Fazenda, Carlos Márcio Cozendey, que substitui o ministro Guido Mantega, que ficou em Brasília, no evento.

Embora o Brasil não tenha nenhum desses grandes bancos, a medida tem consequência indireta para o país, já que dois desses bancos internacionais - HSBC e Santander - têm operações grandes no mercado brasileiro, o que exigirá estreita cooperação entre os reguladores.

Uma questão que ainda está em aberto é justamente como serão aplicadas decisões transfronteiriças, no caso de liquidação desses grandes bancos. Ou seja, como uma decisão de liquidação de uma instituição num país vai valer em outras jurisdições.

 

 Fonte: Valor econômico

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