A preferência das corretoras por indicar ações do setor financeiro para a Carteira Valor de setembro, assim como Petrobras, é suportada pela corrida presidencial. Na avaliação da Geração Futuro/Brasil Plural, que no segmento tem entre suas indicações Itaú e BB Seguridade, os bancos brasileiros são "uma boa maneira para se posicionar em época de eleições, visto que os investidores tendem a preferir ações com beta maior [ou seja, que oscilam mais que a média de mercado, para cima ou para baixo] caso a oposição continue se destacando e com chances de ganhar - independentemente do cenário macro e de crédito em 2015".
A preferência das corretoras por indicar ações do setor financeiro para a Carteira Valor de setembro, assim como Petrobras, é suportada pela corrida presidencial. Na avaliação da Geração Futuro/Brasil Plural, que no segmento tem entre suas indicações Itaú e BB Seguridade, os bancos brasileiros são "uma boa maneira para se posicionar em época de eleições, visto que os investidores tendem a preferir ações com beta maior [ou seja, que oscilam mais que a média de mercado, para cima ou para baixo] caso a oposição continue se destacando e com chances de ganhar - independentemente do cenário macro e de crédito em 2015".
Roberto Indech, responsável pela área de estratégia da Octo Investimentos, destaca que o avanço da oposição na disputa presidencial traz perspectivas de maior crescimento econômico, o que beneficiaria setores ligados à cena interna, como o financeiro. A casa, de fato, concentrou suas indicações no segmento, com Itaú, BB Seguridade, BM&FBovespa e Cetip - essa última, contudo, ficou de fora do portfólio geral -, além de Estácio, no setor de educação.
Os bancos privados, ainda segundo Indech, poderiam ser beneficiados com uma menor intervenção do governo, caso haja uma vitória da oposição. E BM&FBovespa, afirma, tende a ganhar com o aumento dos volumes negociados associado, entre outros, com a volta do investidor estrangeiro. Beneficiado pelo ambiente global de forte liquidez, em agosto, até o dia 28, o saldo líquido de investimento externo na bolsa estava positivo em R$ 2,174 bilhões, elevando para R$ 17,8 bilhões as compras acumuladas em 2014.
A Geração Futuro/Brasil Plural destaca, ainda, que os fundamentos dos bancos brasileiros melhoraram e os preços estão mais razoáveis, com o múltiplo Preço/Lucro (P/L, que dá ideia do tempo para reaver o investimento) de aproximadamente 11 vezes para 2014. No caso específico de Itaú, os analistas Eduardo Nishio, Vito Ferreira e Thiago Kapulskis afirmam que os resultados referentes ao segundo trimestre foram mais fortes que o esperado, apoiando a tese de que o banco deve ter bons resultados no ano, com margens financeiras resilientes sustentadas por um ambiente de maiores spreads, melhora na qualidade dos ativos, e foco em áreas de negócio que requerem menos capital.
Ainda no setor de bancos, destaque para o Bradesco. Na visão da Votorantim Corretora, mesmo em um cenário macroeconômico desafiador, o Bradesco tem apresentado aumento no retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), o que melhora a condição de investimento nas ações do banco. "Na nossa visão, o banco vai continuar com foco grande na qualidade dos ativos, nas receitas com tarifas e controle de custos, a fim de garantir a expansão dos lucros".
No caso de BB Seguridade, o modelo de negócio com foco em áreas que requerem menos capital e o fato de a empresa atuar em um mercado com amplo espaço para crescimento e rede de distribuição de produtos composta por agências do Banco do Brasil justificam a indicação, segundo os analistas da Geração Futuro/Brasil Plural. A expectativa é de que a empresa continue a entregar resultados robustos, com crescimento de lucros de 34%, ROE de 42% e altos dividendos.
Indech, da Octo, lembra que a BB Seguridade anunciou que vai distribuir aos acionistas R$ 1,2 bilhão na forma de dividendos (ou R$ 0,60 por ação), o que corresponde a 80% do resultado registrado no primeiro semestre.
Fora do universo financeiro, destaque para o setor de educação, que permanece representado na Carteira Valor, só que agora com uma empresa, a Estácio Participações. A Geração Futuro/Brasil Plural, em relatório assinado por Ruben Couto, Guilherme Assis e Victor Falzoni, afirma que continua acreditando nos fundamentos do mercado de educação brasileiro. Em relação à Estácio, os analistas ressaltam que as metas de longo prazo recentemente propostas pela diretoria da empresa mostram uma interessante relação risco/retorno. A aquisição da Uniseb também traz um cenário otimista para a companhia.
Na avaliação de Indech, da Octo, as ações da Estácio têm maior potencial de valorização do que, por exemplo, sua concorrente Kroton, que deixou o portfólio. A Estácio, na visão do estrategista, apresentou resultados positivos, apesar de abaixo do consenso de mercado.
Outro destaque da Carteira Valor é BRF, com quatro indicações. A Citi Corretora, que defendeu a manutenção de uma estratégia defensiva para a bolsa neste mês, incluiu a empresa entre suas recomendações. Em relatório assinado por Cauê Pinheiro, Yuri Medeiros e Larissa Nappo, a instituição destaca a expectativa de que a empresa entregue bons resultados neste ano, por conta da recuperação das margens de exportação como resultado do foco agora comercial e não industrial; da possibilidade de venda das operações com lácteos (que conta com baixa rentabilidade) e da continuidade de ganhos de sinergia (com a fusão Sadia e Perdigão).
A Ativa Corretora também decidiu colocar BRF entre as suas recomendações, por conta, entre outros fatores, do grande potencial de geração de caixa. "A companhia está em um processo de diversificação geográfica de suas plantas de abate, devendo ganhar mercados não tão maduros e mitigar seus riscos. Acreditamos que esta estratégia será bem-sucedida, principalmente pela ótima gestão da empresa", ressalta. Além disso, a corretora afirma que a venda de duas plantas de abate para a Minerva em troca de ações poderá gerar "uma aproximação interessante".
Vale também faz parte do portfólio da Ativa para setembro. Os papéis da mineradora são os únicas no portfólio que tiveram prejuízo em agosto, de 11%. "As ações da companhia seguem precificando um cenário de deterioração do mercado além do que avaliamos", considera a equipe de análise da casa. Apesar do cenário ainda bastante desafiador para o negócio, continua, a empresa tem conseguido entregar um bom desempenho operacional, com uma política efetiva de controle de custos e despesas. A Ativa destaca ainda que a mineradora tem "uma boa estratégia comercial, em um ambiente volátil dos preços das commodities".
A Planner manteve a recomendação de compra para Vale, mas reduziu o preço justo da ação de R$ 36 para R$ 33, levando em conta o panorama atual de queda dos preços do minério, que já ultrapassa 30% no ano. Pelo lado negativo, a corretora aponta o aumento da produção na Austrália, o fraco crescimento da siderurgia chinesa e os elevados estoques. Por outro lado, os analistas consideram que as grandes mineradoras, inclusive a Vale, continuam aumentando suas vendas para a China, substituindo os produtores locais de maior custo. "Assim, parte da queda nos preços é compensada pelo aumento dos volumes vendidos", afirmam em relatório.