A bolsa brasileira inicia a quarta-feira sob o impacto dos números da pesquisa Ibope sobre a corrida presidencial. Investidores também avaliam o desempenho dos candidatos no primeiro debate na televisão, promovido ontem à noite pela Rede Bandeirantes.
A bolsa brasileira inicia a quarta-feira sob o impacto dos números da pesquisa Ibope sobre a corrida presidencial. Investidores também avaliam o desempenho dos candidatos no primeiro debate na televisão, promovido ontem à noite pela Rede Bandeirantes.
O Ibope mostrou um salto na preferência de votos de Marina Silva (PSB), tanto no primeiro quanto no segundo turnos, inclusive com vitória por 41%, contra 35% de Dilma Rousseff.
"Marina Silva está conseguindo atrair os votos dos indecisos. E, além disso, está capturando alguns eleitores de Aécio Neves (PSDB), que migraram em busca do voto útil", analisa o economista-chefe da INVX Global, Eduardo Velho.
Para ele, esse movimento de migração pelo voto útil - em favor de um candidato com maior chance de vitória - tende a aumentar até a eleição. "A população com maior instrução, que em geral vota no Aécio, deve buscar o voto útil, especialmente no segundo turno, para evitar a reeleição de Dilma."
Eduardo Velho diz acreditar que a única possibilidade desse cenário se reverter daqui para frente seria um mau desempenho de Marina Silva nos debates e entrevistas. "Temos o debate da Band [ontem] e a sabatina no Jornal Nacional [hoje à noite]. Vamos ver como ela [Marina] se sai."
Ontem o mercado brasileiro passou o dia operando em cima de rumores sobre os números da pesquisa Ibope, que só foram conhecidos oficialmente após o fechamento da Bovespa.
A reação mais forte do mercado ocorreu na hora do almoço, quando a coluna Radar, do site da revista "Veja", vazou supostos números da pesquisa e destacou que Marina apareceria com dois dígitos à frente de Dilma no segundo turno.
Por conta da notícia, o Ibope divulgou nota refutando as informações. Segundo o instituto, o suposto vazamento "trata-se de especulação", visto que a pesquisa ainda não tinha sido finalizada.
O Ibovespa fechou em alta de 0,14%, aos 59.821 pontos, depois de atingir máxima nos 60.092 pontos (0,60%). O volume financeiro foi expressivo, com R$ 7,249 bilhões. Entre as principais ações do índice, Petrobras PN (0,90%, a R$ 21,84) foi o papel que mais sofreu com a especulação, oscilando de baixa de 1,2% a alta de 2,2%.
No topo do Ibovespa, o destaque foi Oi PN (10,74%). As ações da operadora de telefonia acompanharam o comportamento dos papéis da Portugal Telecom, que subiram 6,3% em Lisboa. A companhia esclareceu que no fim de 2013 tinha € 750 milhões em dívida emitida pela Espírito Santo Internacional (ESI).
Na ponta negativa ficou Cemig PN (-5,66%). Em meio à expectativa de que Aécio Neves perdesse terreno para Marina Silva, o J.P. Morgan rebaixou a recomendação das ações PN da Cemig, de "neutra" para "venda".
Em relatório, os analistas Marcos Severine e Henrique Peretti explicaram que a expectativa era que Aécio apoiasse a renovação das concessões de três hidrelétricas - Jaguara, São Simão e Mirada -, que estão sob o controle do atual governo federal. "Em nossa visão, a recente entrada de Marina Silva na eleição tornou essa perspectiva muito mais incerta. Portanto, fomos compelidos a reavaliar os riscos associados à ação."