Do total de depósito compulsório liberado ontem, a maior parte (cerca de 66%, segundo estimativa do mercado) diz respeito ao capital de bancos privados. A parcela menor (34%) beneficia os bancos públicos.
Do total de depósito compulsório liberado ontem, a maior parte (cerca de 66%, segundo estimativa do mercado) diz respeito ao capital de bancos privados. A parcela menor (34%) beneficia os bancos públicos.
O Banco Central (BC) rejeita a crítica de que liberou compulsório para ajudar os bancos federais - Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. "As medidas não privilegiam intencionalmente o banco A, B ou C. O efeito sobre o sistema é uniforme", assegurou uma fonte.
Técnicos alegam que os bancos privados possuem maior volume de depósito a prazo recolhido compulsoriamente pelo BC. No caso de financiamento de veículos e de operações no exterior, segmentos beneficiados pelo alívio anunciado ontem, a presença dos privados é superior à dos estatais. Já no caso de empréstimos consignados, a participação das instituições federais no volume total é de 47,9%.
No primeiro caso, a medida estimula uma maior concessão de crédito, uma vez que os bancos só terão o benefício da diminuição do compulsório se aumentarem em 20% a média das operações diárias de financiamento de veículos. No segmento de operações externas, o BC alterou o fator de ponderação de risco para a compra de títulos soberanos por parte de bancos nacionais que operam lá fora.
No crédito consignado, o BC também reduziu o fator de ponderação de risco para as operações com funcionários públicos que tenham estabilidade no emprego. "Os bancos privados estão operando maciçamente nesse mercado", observou uma fonte.
O governo alega que as medidas proporcionarão uma "economia de capital", abrindo espaço para a geração de crédito, embora isso não seja automático. Neste momento, a demanda por crédito está limitada. "O que estamos tentando fazer é distribuir liquidez, tirar a areia que colocamos na engrenagem em dezembro de 2010", explicou uma autoridade.
O BC não vê contradição entre a liberação de compulsório e a taxa de juros restritiva (a Selic está em 11% ao ano). Não seria um contrassenso estimular a população a tomar crédito quando se sabe que os juros estão altos? A resposta é que há elementos mitigadores de risco, como os baixos índices de confiança de consumidores e empresários e atividade econômica enfraquecida. "Não faz sentido manter mais cunhas em cima dessa situação."
Fonte: Valor econômico