Novo Ibovespa supera antigo com ajuda de bancos

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As mudanças feitas na metodologia da carteira teórica do Ibovespa há cerca de um ano deixaram o principal índice da bolsa brasileira mais rentável para os investidores. Segundo analistas, a concentração da nova carteira em ações de bancos é responsável pela diferença favorável.

As mudanças feitas na metodologia da carteira teórica do Ibovespa há cerca de um ano deixaram o principal índice da bolsa brasileira mais rentável para os investidores. Segundo analistas, a concentração da nova carteira em ações de bancos é responsável pela diferença favorável.

Simulação feita pelo Valor Data considerando três portfólios para o índice - com base na antiga metodologia, na nova e um misto das duas - mostra que a atual composição apresenta alta quase oito pontos percentuais superior à antiga no período que vai do início de 2014 até sexta-feira (15).

A carteira nova registra rentabilidade de 11,06%. A mista rendeu 7,23% nesse período. E a antiga tem o menor rendimento, de 3,20%. Para o cálculo foram consideradas as carteiras teóricas vigentes no início de setembro de 2013 (última carteira com base na metodologia antiga), no início de janeiro (carteira mista) e início de maio (novo Ibovespa).

Vale lembrar que o Ibovespa "oficial", que acumula alta de 10,59% neste ano, na verdade inclui um período de transição, de janeiro a abril, quando a carteira teórica adotada foi mista, ou seja, considerou as duas metodologias com pesos iguais. A partir de maio, o índice passou a ser "puro", apenas com o novo critério.

Quando foi anunciada, em setembro de 2013, a nova metodologia do Ibovespa foi elogiada pelo mercado, que viu nela um melhor reflexo da economia do país. O novo formato privilegia o valor de mercado das companhias, em vez da liquidez dos papéis.

O setor financeiro foi o que mais ganhou espaço com as mudanças. O segmento saiu de uma fatia de 18,3% na última carteira do ano passado para 29,7% no portfólio atual. Itaú PN passou a ser o papel de maior peso, com 9,9%, e BB Seguridade entrou na lista. Itaú foi a primeira ação do setor a liderar o Ibovespa ao menos desde 1980. O levantamento inclui ainda as ações da BM&FBovespa ON e Cetip ON.

Quase um ano depois do anúncio da revisão, os analistas elogiam o novo modelo do Ibovespa. "A nova composição é melhor, elimina imperfeições. Estruturalmente, a carteira é melhor. É mais representativa da preferência do investidor e também tem critério misto de liquidez e valor de mercado", afirma Reginaldo Alexandre, presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec).

Segundo ele, a carteira tende a representar melhor a temperatura do mercado e evita ações com problemas ou que valem centavos, sujeitas a oscilações exageradas.

Sérgio Goldman, sócio da Maximizar Gestão de Patrimônio, também acredita que a nova metodologia é melhor. Ele lembra, entretanto, que o portfólio ainda é muito concentrado em alguns setores, como o financeiro e de commodities. Esse fato, no entanto, é reflexo da concentração da própria Bovespa, que não possui companhias abertas que representem todos os setores da economia.

Além do setor financeiro, o estrategista do Citibank, Fernando Siqueira, destaca outros segmentos que sofreram mudanças significativas de participação dentro do índice e acabaram justificando a diferença de performance entre a antiga e a nova carteira.

"Bancos, empresas de varejo e consumo estão tendo um bom desempenho em 2014 e ganharam espaço no Ibovespa. Por outro lado, siderúrgicas e construtoras, que antes tinham muito peso, vão mal neste ano, mas já não representam tanto para o índice."

Os especialistas veem o rendimento melhor da nova carteira como um fato circunstancial. Os bancos, em um ano que se mostra nervoso e fortemente volátil, em função da proximidade das eleições, passaram a representar o novo segmento "queridinho" do mercado. Setores antes considerados seguros, como o de energia elétrica, passaram por estresse no ano passado com mudanças nos contratos.

"O setor [financeiro] é considerado um porto seguro. Banco, no Brasil, é visto como ação defensiva", diz Goldman. "São empresas diversificadas. Mesmo que o crédito sofra, têm receita de serviços financeiros e a própria tesouraria", afirma. Segundo ele, outra área preferida pelos investidores, como a de educação, está cara em bolsa e não tem a mesma liquidez.

Alexandre, da Apimec, acrescenta que o segmento de bancos também aproveita uma valorização após um período de depreciação na comparação com pares internacionais. Ele lembra que três fatores principais causaram queda nas cotações antes dessa recuperação: impacto da redução do crescimento econômico sobre o volume de operações, elevação temporária de inadimplência e perspectivas de perda, no Supremo Tribunal Federal (STF), do julgamento da correção da poupança em planos econômicos antigos.

A decisão do STF deve ser postergada para após as eleições. Alexandre acrescenta que, depois dos problemas, os bancos começaram a se ajustar e ficaram mais "leves". "Melhoraram as estruturas de custos e as carteiras de crédito. E apresentam bons resultados apesar de um cenário macroeconômico magro, o que estimula investidores."

Siqueira, do Citi, chama atenção para outra qualidade do novo Ibovespa: a menor volatilidade. Enquanto o critério antigo dava maior espaço às ações com grande liquidez, o novo privilegia empresas com maior valor de mercado. "As ações que se valorizam mais, ganham mais espaço. Antes você tinha papéis especulativos, como OGX e construtoras, que oscilavam muito e tinham peso grande no índice. "

Os especialistas lembram que Petrobras e Vale, que eram os carros-chefes do índice antigo, continuam com peso relevante na nova carteira. Logo, a alta de 17,5% do papel PN da estatal neste ano tem praticamente o mesmo efeito sobre o índice antigo e o novo.

Fonte: Valor econômico

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