A Bovespa voltou a apresentar volatilidade ontem, ainda refletindo a indefinição do quadro eleitoral após a morte de Eduardo Campos. Porém, as oscilações foram mais discretas do que na quarta-feira quando os investidores estavam sob o impacto da tragédia envolvendo o candidato do PSB à Presidência da República.
A Bovespa voltou a apresentar volatilidade ontem, ainda refletindo a indefinição do quadro eleitoral após a morte de Eduardo Campos. Porém, as oscilações foram mais discretas do que na quarta-feira quando os investidores estavam sob o impacto da tragédia envolvendo o candidato do PSB à Presidência da República.
"O volume caiu um pouco e a volatilidade diminuiu, mas o mercado deve continuar instável nos próximos dias, à espera de uma definição da disputa presidencial", comentou o analista técnico da Clear Corretora, Raphael Figueredo. "Há muitas dúvidas no ar. Não sabemos ainda se Marina Silva vai realmente assumir a candidatura no lugar de Campos. O fato é que o mercado ficará ainda mais sensível às próximas pesquisas."
Para o economista-chefe da Órama Investimentos, Álvaro Bandeira, "a morte trágica de Campos embaralha tudo". Ele avalia que, em linhas gerais, uma candidatura de Marina Silva poderia ser ruim para o mercado financeiro.
"Quem sai perdendo é o Aécio Neves", afirmou. Bandeira acredita que Marina tem mais chances de seguir para o segundo turno contra Dilma Rousseff e de vencer a atual presidente. Mas o economista questiona as preferências do mercado em relação à suposta nova candidata.
O Banco Mizuho afirmou em relatório que a morte de Campos é certamente um fator de mudança nas eleições presidenciais. "Em nossa visão, o acidente trágico com Campos traz um fator emocional às eleições presidenciais que pode tornar a candidatura de Marina Silva ainda mais competitiva, o que, se de um lado eleva as chances de segundo turno, por outro aumenta a probabilidade de Dilma Rousseff ser reeleita", afirma o banco.
O cenário externo colaborou ontem para evitar um maior nervosismo por aqui. As bolsas europeias fecharam em alta e Wall Street também operou no azul. "Dados macro recentes sugerem que algumas das mais importantes economias no mundo não estão tão fortes assim", apontou a Guide Investimentos em relatório. "As bolsas sobem impulsionadas pela expectativa - cada vez mais forte - de políticas monetárias ainda mais frouxas mundo afora."
O Ibovespa fechou em alta de 0,36%, aos 55.780 pontos, com volume de R$ 6,462 bilhões. Conforme Figueredo, da Clear, apesar das turbulências desta semana, o Ibovespa respeitou até agora o importante suporte gráfico dos 55.200 pontos, cuja perda poderia representar o início de uma reversão da tendência de alta observada nos últimos meses. "O mercado teve toda chance de 'derramar sangue' na quarta-feira, mas não o fez", lembra o analista técnico.
Mantido o cenário, o índice pode se recuperar em direção aos 57 mil pontos, tendo os 63 mil pontos como horizonte de médio prazo. Por outro lado, se o clima azedar, a primeira parada do mercado será nos 54 mil pontos e, na sequência, os 53.400, calcula Figueredo.
Entre os carros-chefes do Ibovespa, Vale PNA (-2,15%, a R$ 27,26) e Petrobras PN (-0,48%, a R$ 18,60) concentraram as perdas. Já os bancos subiram - Bradesco PN (2,97%, a R$ 35,65) e Itaú PN (1,67%, a R$ 35,23) - na esteira do resultado de Banco do Brasil ON (3,65%, a R$ 28,66).
A instituição anunciou lucro líquido ajustado de R$ 3,002 bilhões no segundo trimestre, um aumento de 1,4% ante o mesmo período do ano passado e superior às estimativas do mercado, de R$ 2,829 bilhões.