Instabilidade na economia traz revisão de estratégia

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Em um cenário econômico em que as expectativas de crescimento não coincidiram com a realidade dos últimos três anos, o apetite pelo risco na decisão de tomada de crédito tem diminuído entre as empresas de grande porte. Mais conservadoras, as grandes empresas com atuação no Brasil têm seguido um planejamento mais criterioso para acessar as fontes de recursos na medida adequada ao tamanho de seus projetos. Há uma preferência por produtos de crédito que ofereçam prazos mais longos mesclados a custos mais atraentes.

Em um cenário econômico em que as expectativas de crescimento não coincidiram com a realidade dos últimos três anos, o apetite pelo risco na decisão de tomada de crédito tem diminuído entre as empresas de grande porte. Mais conservadoras, as grandes empresas com atuação no Brasil têm seguido um planejamento mais criterioso para acessar as fontes de recursos na medida adequada ao tamanho de seus projetos. Há uma preferência por produtos de crédito que ofereçam prazos mais longos mesclados a custos mais atraentes.

Neste cenário, o papel do segmento "corporate" nos setores de crédito das instituições financeiras tem sido fundamental para atrair clientes e evitar o crescimento da inadimplência. João Consiglio, vice- presidente de corporate do Santander, diz que, de um modo geral, as grandes empresas estão reduzindo seus planos de investimentos diante da perspectiva de crescimento econômico menor.

De acordo com os resultados do Santander referentes ao primeiro trimestre de 2014, a carteira de crédito de grandes empresas totalizou R$ 79,130 bilhões, com crescimento de 16,4% em doze meses, mas houve redução de 1,6% nos três primeiros meses. A evolução dessa carteira, em doze e três meses, foi impactada pela variação cambial. A análise é de que, sem as oscilações cambiais, haveria um crescimento de 12,3% em doze meses e redução de 0,3% no trimestre.

"Quando falamos em crédito para pessoa jurídica, em especial, nos segmentos entre médio e grande portes, trata-se de um recurso destinado a investimentos e formação de estoques em função do cenário de venda. A maioria se preparou para um crescimento maior nos últimos três anos. Como a expectativa alta não se confirmou, esse cenário provocou uma redução na vontade dos agentes econômicos de tomar risco", diz Consiglio. Com isso, as equipes do segmento de crédito dos bancos ficaram ainda mais atentas ao surgimentos de produtos e linhas de crédito. A meta é criar opções com o risco no tamanho adequado aos projetos de seus clientes.

Edson Costa, diretor do Banco do Brasil, observa que, nos últimos anos, houve uma mudança no comportamento das grandes empresas ao tomar crédito. Segundo Costa, de um modo geral, elas deixaram de trabalhar no curto prazo e se sentiram mais confortáveis para tomar crédito com prazos mais alongados. Ele explica que o BB vem utilizando, cada vez mais, instrumentos que permitam o acesso ao crédito com redução de custo para o tomador final, como o Fundo de Garantia de Operações.

De acordo com os resultados apresentados pelo BB no primeiro trimestre deste ano, entre as operações de crédito negociadas com grandes empresas, houve destaque para TVM (Títulos e Valores Mobiliários) e Garantias com Pessoa Jurídica. Elas atingiram, respectivamente, no final do primeiro trimestre de 2014, saldos de R$ 40,7 bilhões e R$ 19,1 bilhões, com crescimento em 12 meses de 25,1% e 13,1%. Entre os segmentos onde houve um crescimento maior do crédito, Costa destaca a área de construção civil e de incorporadoras.

"A equipe de crédito do segmento de pessoa jurídica faz um levantamento minucioso do mercado para fazer uma abordagem mais direta nas empresas e oferecer um composto de prazos mais longos e custos mais atraentes. Nesse trabalho, verificamos que, na maioria das vezes, as empresas não têm um conhecimento muito detalhado do portfolio de crédito disponível", diz Costa.

Giovanni Alves, superintendente Nacional de Negócios com Grandes Empresas na Caixa Econômica Federal, diz que a crise financeira mundial de 2008 trouxe para a CEF a oportunidade de expandir o volume de crédito a pessoa jurídica, sobretudo as de maior porte. Segundo Alves, em 2008, a CEF tinha 1% do mercado de crédito para pessoa jurídica, e hoje detém 8,5% desse segmento.

"Com a retração do crédito nas instituições privadas no auge da crise de 2008, a CEF teve uma oportunidade de expandir o relacionamento com empresas tanto de médio quanto de grande porte na área de crédito, setor em que, historicamente, a instituição era voltada para o atendimento à pessoa física e a micros e pequenas empresas. Nosso desafio hoje é expandir essa carteira e atuar como um parceiro financeiro das grandes empresas".

Pedro Marcelo Luzardo, sócio do Modal, diz que entre os clientes do banco, o segmento de middle-market sinaliza interesse maior por operações de crédito mais estruturadas, com prazos alongados. "Eles já buscam opções além do crédito formatado em desconto de recebíveis e duplicatas", afirma.

 

 

Fonte: Valor econômico 

 

 

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