Os bancos privados são criticados pelo governo, especialmente pelo ministro Guido Mantega, por resistirem a ampliar a oferta de crédito a empresas e famílias desde sempre.
Os bancos privados são criticados pelo governo, especialmente pelo ministro Guido Mantega, por resistirem a ampliar a oferta de crédito a empresas e famílias desde sempre.
Mas durante a gestão petista já exageraram e foram submetidos mais de uma vez a rigorosa legislação prudencial. No fim de 2010 isso ocorreu e em caráter de emergência. O BC determinou. Os bancos haviam comprado a ideia (vendida pelo próprio governo) de que alimentar o crescimento econômico com boa dose de consumo na veia seria um sucesso e enfiaram o pé no acelerador. Expandiram a torto e a direito os financiamentos de veículos com prazos esticadíssimos. O governo pediu tempo e cuidou dos bancos. Afinal, em 2010, o governo, de A a Z, estava pra lá de ocupado com a sucessão presidencial. Mas não só.
Em 2010, as autoridades federais também estavam concentradas na gestão do crescimento que se mostrou turbinado, no embalo à taxa de 7,5% - propulsão de primeira linha à insistente inflação brasileira. Os bancos privados encolheram. E o governo voltou a chiar.
Demorou, mas na manhã de ontem o Banco Central se manifestou na ata do Copom. Dedicou um parágrafo novinho em folha ao crédito e aos bancos, indiretamente. O comitê voltou a repetir o mantra de que são "oportunas as iniciativas no sentido de moderar concessões de subsídios por intermédio de operações de crédito". Mensagem sempre entendida no mercado financeiro como um recado curto e grosso aos bancos públicos. Aos privados, veladamente, o Copom destacou que "o cenário central também contempla expansão moderada do crédito".
O comitê acrescenta que importa destacar que, após anos em forte expansão - arrefecida com a introdução de medidas macroprudenciais em finais de 2010 -, o mercado de crédito voltado ao consumo passou por uma moderação, de modo que nos últimos trimestres observaram-se, de um lado, redução de exposição por parte de bancos, de outro, desalavancagem das famílias. No agregado, portanto, infere-se que os riscos no segmento de crédito ao consumo vêm sendo mitigados.
Traduzindo: "Vamos lá moçada, emprestem!". Mas não é simples assim. Os bancos entenderam a mensagem. Terá o BC entendido, há quase dois meses, que a ideia apresentada pelo governo de estimular a indústria automobilística a partir da criação de um fundo de R$ 5 bilhões para comprar carteiras de crédito de bancos de montadoras esbarrou e levantou uma barreira para a multiplicação das operações?
Fonte: Valor econômico