O Tesouro Nacional aproveitou as condições favoráveis do mercado de renda fixa internacional para alongar o perfil de seus passivos externos. Ontem, captou US$ 1,5 bilhão com a emissão de bônus que vencem em 2045 e vai concluir hoje a oferta de um volume adicional desses papéis para trocar por títulos antigos de prazos mais curtos, que pagam juros mais altos. A demanda pelos novos bônus foi de aproximadamente US$ 4 bilhões, segundo fonte.
O Tesouro Nacional aproveitou as condições favoráveis do mercado de renda fixa internacional para alongar o perfil de seus passivos externos. Ontem, captou US$ 1,5 bilhão com a emissão de bônus que vencem em 2045 e vai concluir hoje a oferta de um volume adicional desses papéis para trocar por títulos antigos de prazos mais curtos, que pagam juros mais altos. A demanda pelos novos bônus foi de aproximadamente US$ 4 bilhões, segundo fonte.
Com a operação de troca, a emissão total deve ficar em torno de US$ 3,5 bilhões, informou o Tesouro ontem. A esse montante, se somará o resultado de uma oferta na Ásia, feita na madrugada de hoje. Nesse mercado, o governo poderá captar até US$ 50 milhões.
A operação vinha sendo estruturada há algum tempo e o Tesouro decidiu aproveitar os juros baixos dos Treasuries e a melhora no prêmio de risco do Brasil para sair com a oferta. O principal objetivo da operação é melhorar o custo da dívida soberana e alongar seu prazo. "Essa operação gera um alongamento da dívida e, como o papel tem cupom menor, também há melhoria do perfil de endividamento", diz uma fonte do governo.
André Silva, diretor de mercado de capitais do Deutsche Bank, que coordenou a oferta ao lado de Bank of America Merrill Lynch e Itaú BBA, afirma que as condições econômicas foram bastante favoráveis. "O livro de pedidos contou com grandes investidores institucionais demonstrando apetite para aumentar suas exposições a Brasil."
"O momento é muito bom para o Brasil", disse outro executivo que participou da oferta. "Os fundamentos melhoraram bastante e achamos que era uma boa oportunidade." A melhora na percepção pôde ser vista pela queda no prêmio de risco do Brasil. O spread do CDS (espécie de seguro contra calote) de cinco anos do país recuou de 143 pontos no início do mês para 133 ontem.
A oferta da República também se beneficiou do fraco volume de operações no mercado durante esses dias. Em função das férias de verão do hemisfério norte e do fato de diversas empresas estarem em período de divulgação de balanços, há poucas operações. "É uma janela que tem menos competição. Não há nenhuma empresa brasileira ofertando", diz uma fonte.
Os novos papéis, que vencem em janeiro de 2045, pagarão um spread de 187,5 pontos-base sobre os Treasuries (títulos do Tesouro dos EUA) de 30 anos, o que resulta em uma taxa de retorno de 5,131% ao ano. A expectativa inicial era de um spread de 200 pontos. Trata-se de um juro mais baixo do que o pago pelos papéis que foram recomprados, que vencem em 2024, 2025, 2027, 2030, 2034, 2037 e 2041 e têm cupom de 5,625% a 12,250% ao ano. Até ontem havia US$ 11,9 bilhões desses bônus em circulação.
A emissão da República de prazo mais próximo a esse foi feita em 2009, quando o Tesouro emitiu títulos com vencimento em 2041 com spread de 160 pontos-base. Ontem, esses papéis eram negociados no mercado secundário com spread de cerca de 175 pontos, segundo uma fonte. Na opinião de um operador de mercado, o custo da emissão foi bom, apesar de um pouco mais alto que o da de 2009, pois é preciso levar em conta que todas as novas emissões pagam um "prêmio" de estreia.
Uma pequena parte dos recursos levantados será utilizada para recomprar títulos de investidores que não quiseram aderir à troca pelos novos bônus. Até ontem, o volume de interessados em receber dinheiro pelos papéis era de cerca de US$ 100 milhões, de acordo com uma fonte.