A especulação eleitoral voltou a servir de justificativa para as principais altas da Bovespa. A bolsa brasileira repetiu ontem o movimento observado na última quinta-feira (10), no primeiro pregão após a derrota humilhante por 7 a 1 do Brasil contra a Alemanha.
A especulação eleitoral voltou a servir de justificativa para as principais altas da Bovespa. A bolsa brasileira repetiu ontem o movimento observado na última quinta-feira (10), no primeiro pregão após a derrota humilhante por 7 a 1 do Brasil contra a Alemanha.
O jogo de sábado contra a Holanda, na disputa pelo terceiro lugar, terminou com mais uma derrota amarga por 3 a 0, reforçando as apostas do mercado de que o fracasso da seleção na reta final da Copa pode custar votos à reeleição de Dilma Rousseff.
O Ibovespa terminou em alta de 1,75%, aos 55.743 pontos, maior pontuação deste ano, acumulando ganho de 8,2% em 2014. Desde 22 de outubro de 2013, quando marcou 56.460 pontos, o Ibovespa não alcançava um patamar tão alto.
Esta semana, ao menos três pesquisas eleitorais - Datafolha/Folha e Globo, Sensus/IstoÉ e Ibope/RBS - poderão captar como a população reagiu ao sucesso na realização da Copa e ao vexame da seleção. Por enquanto, os investidores preferem acreditar que o segundo fato irá pesar mais na opinião dos eleitores e, por isso, voltaram às compras das ações do chamado "kit eleições": estatais (principalmente Petrobras) e bancos.
O volume financeiro da bolsa brasileira também foi expressivo ontem, de R$ 8,488 bilhões. Pão de Açúcar PN (R$ 1,331 bilhão) e Petrobras PN (R$ 1,285 bilhão) foram as responsáveis pelo giro elevado.
Entre os papéis do "kit eleições", Petrobras PN (4,48%) liderou os ganhos, acompanhado de Eletrobras ON (4,45%), Bradesco ON (4,06%), Petrobras ON (3,88%), Bradesco PN (3,61%), Eletrobras PNB (2,78%), Banco do Brasil ON (2,62%) e Itaú PN (2,29%).
Além do efeito eleitoral, Petrobras também subiu com relatório do Goldman Sachs, que elevou a empresa à lista das empresas preferidas do setor na América Latina, ao retirar a canadense Pacific Rubiales do ranking. O banco afirma que a brasileira mantém um perfil interessante de balanceamento entre risco e retorno e elege a estatal como investimento prioritário na região.
Outro destaque de alta foi Embraer ON (3,27%). A empresa anunciou a entrega de 58 aeronaves no segundo trimestre de 2014, melhora de 13,7% na comparação anual. O desempenho ficou acima da expectativa dos analistas, que projetavam 25 jatos no período, sem contar entregas para a Azul. Além disso, a empresa informou que recebeu encomenda firme de 50 jatos E175-E2 da Trans States, com opção para mais 50. O negócio é estimado em US$ 2,4 bilhões.
Pão de Açúcar PN (-2,08%) ficou entre os poucos destaques negativos do dia. Os filhos do empresário Abilio Diniz venderam grande parte de suas ações na empresa ontem de manhã, em leilão na Bovespa. Foram negociados 11,47 milhões de papéis PN, a R$ 103,58 cada, totalizando R$ 1,188 bilhão. Em maio, o próprio Abilio Diniz vendeu 7,91 milhões de ações PN.
A família que ajudou a construir a varejista vem reduzindo consideravelmente sua posição no grupo desde que o francês Casino assumiu o controle.
O estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala, alerta que, seja quem for o vencedor da disputa à Presidência, ajustes na economia serão necessários em 2015 para que o país não corra o risco de perder o grau de investimento.
Segundo ele, o "choque de credibilidade" de um eventual governo de Aécio Neves (PSDB) teria mais força do que num segundo governo Dilma Rousseff (PT). "Mas mesmo no caso de reeleição é possível produzir um choque de credibilidade com a troca de membros da equipe econômica e aplicação de políticas mais ortodoxas na área monetária e fiscal", afirma o especialista em relatório.
Fonte: Valor econômico