BNDES assume tesouraria e pode captar no mercado

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai, pela primeira vez, assumir a gestão de sua tesouraria, antes terceirizada para várias instituições, principalmente o Banco do Brasil. A decisão abre espaço para captações no mercado doméstico, via Certificados de Depósitos Bancários e Letras Financeiras, e é considerada estratégica pelo diretor financeiro do banco, Maurício Borges. Segundo ele, a iniciativa é resultado do processo realizado nos últimos cinco anos para que o BNDES ingressasse no Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), o que ocorrerá no fim deste mês.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai, pela primeira vez, assumir a gestão de sua tesouraria, antes terceirizada para várias instituições, principalmente o Banco do Brasil. A decisão abre espaço para captações no mercado doméstico, via Certificados de Depósitos Bancários e Letras Financeiras, e é considerada estratégica pelo diretor financeiro do banco, Maurício Borges. Segundo ele, a iniciativa é resultado do processo realizado nos últimos cinco anos para que o BNDES ingressasse no Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), o que ocorrerá no fim deste mês.

"Finalmente teremos operação típica de tesouraria", diz Borges, que começou os estudos para ingresso no SPB em 2009. "Ter autonomia é um ganho."

Com tesouraria própria, segundo o executivo, o BNDES poderá economizar em tarifas bancárias, aumentar sua rentabilidade e ter maior segurança sobre a efetividade das operações, principalmente o casamento entre ativos e passivos nas operações de hedge. Há também a possibilidade de emissão de títulos privados próprios, como CDBs e letras financeiras.

"A emissão de títulos ainda está em estudos. Se ocorrer, só em 2015. Poderão ocupar o espaço da demanda por recursos a taxas de mercado, que representam hoje não mais do que 5% das contratações de operações de apoio a investimentos por ano", diz Selmo Aronovich, superintendente da área financeira, que considera as letras financeiras mais adequadas às necessidades da instituição. "O [recolhimento] compulsório é um desestímulo [ao uso do CDB], mas o problema maior é o descasamento de prazos. Não se financia por dez anos com uma fonte de prazo tão curto", completa.

A operação típica de tesouraria a que Borges se refere será a aplicação desses recursos e a realização das operações de hedge para casar ativos e passivos (principalmente em moeda estrangeira). De acordo com o diretor, a gestão própria também terá efeitos econômicos para a instituição, como a redução dos gastos com tarifas bancárias e o incremento de rentabilidade. Explicou, porém, que, pelas regras de disponibilidade do Banco Central, o banco precisa manter em caixa um colchão de liquidez de cerca de R$ 40 bilhões. É menos do que uma instituição comercial, mas compatível com o de outros bancos de fomento, como BID e Bird, e sugere que o impacto da mudança pode ser de milhões de reais.

Mesmo sem uma captação ativa, ele acredita que apenas a gestão própria dos recursos já pode render vantagens para o banco. "Antes, a sobra de dinheiro ficava nos outros bancos", cita Borges, que explica que as "sobras" referem-se a recursos que o banco precisa ter disponíveis para suas operações, mas que - por motivos administrativos da própria instituição ou dos clientes - chegam a permanecer por alguns dias em conta, quando podem ser aplicados e gerar rendimentos para o banco.

Para o diretor, o maior ganho na nova fase será dos clientes e tem pouco a ver com a tesouraria. O ingresso no SPB dará ao BNDES a possibilidade de ter uma relação menos burocratizada com os clientes. Todos os pagamentos serão feitos por boletos bancários e poderão ser efetuados em qualquer banco. Antes, o banco enviava um aviso de cobrança aos clientes, que tinham que fazer um depósito em conta do BNDES. Os desembolsos também poderão ser feitos fora do horário de expediente bancário. A liquidação antecipada dos empréstimos também poderá ser calculada pelo site, com a geração automática do boleto no site do BNDES.

"Teremos menos custo, mais eficiência e mais solidez operacional", resume Borges.

Ele explica que a estabilidade na gestão do banco nos últimos anos favoreceu a migração para o SPB. Apesar das vantagens, a migração é uma iniciativa complexa. Os estudos começaram em 2009, quando o Banco Central abriu uma nova janela para que agências de fomento, como o BNDES, entrassem para o SPB. Em 2002, quando optou por não migrar, o BNDES foi enquadrado nessa categoria pelo BC.

"Em 2002, o banco avaliou o custo do ingresso e resolveu não entrar no novo sistema de pagamentos. Em 2009, nossa primeira iniciativa também foi contratar uma consultoria para estudar se seria vantajoso", conta, lembrando que os desembolsos do banco a clientes saltaram de R$ 30 bilhões para cerca de R$ 180 bilhões ao ano, entre 2002 e agora, o que já impacta nessa avaliação.

O BNDES criou um departamento específico para a migração. Os departamentos de gestão financeira e reserva bancária também foram fortalecidos. Na prática, o diretor diz que o projeto serviu para intensificar no banco a adoção das melhores práticas de gestão no setor financeiro, com a segregação das funções de tesouraria, captação de recursos e operações interbancárias.

A maior parte da tesouraria já foi internalizada. A migração será finalizada entre os dias 27 e 30, quando encerra o processo de ingresso no SPB e o BNDES passará a realizar todas as suas transações financeiras por meio de uma conta reserva bancária própria no Banco Central.

 Fonte: Valor econômico

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