Ibovespa se descola de indicador da indústria

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O Ibovespa, principal índice acionário da BM&FBovespa, sobe em 2014 e ignora previsões cada vez mais pessimistas da indústria brasileira. Um levantamento feito pela Alpes /Wintrade a pedido do Valor mostra que o índice, tradicionalmente, anda colado às perspectivas econômicas brasileiras.

O Ibovespa, principal índice acionário da BM&FBovespa, sobe em 2014 e ignora previsões cada vez mais pessimistas da indústria brasileira. Um levantamento feito pela Alpes /Wintrade a pedido do Valor mostra que o índice, tradicionalmente, anda colado às perspectivas econômicas brasileiras.

Pelo menos desde 2006, Ibovespa e o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) da Confederação nacional da Indústria (CNI) caminham juntos. Mas, no começo deste ano, a situação indica mudança e os caminhos apontam para sentidos opostos.

Para alguns analistas, a tendência é que o índice corrija o ganho e o antigo padrão seja retomado. "Há uma aderência forte entre essas duas medidas de confiança na economia", diz o estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala. "Mas, neste momento, o índice da CNI caminha para seu pior nível na série, enquanto o Ibovespa mostra alta", afirma.

Em 2014, o Ibovespa sobe 2,5%. Desde a mínima do ano, em 14 de março, o ganho é de 17,5%. Já o índice de confiança do empresário industrial caiu 1,2 ponto em maio, em relação a abril, chegando a 48 pontos. É o segundo mês consecutivo em que o indicador fica abaixo dos 50 pontos e o segundo menor da série histórica iniciada em 1999. O índice de maio só é maior que o de janeiro de 2009, quando o indicador alcançou 47,5 pontos.

No começo de 2006, o Ibovespa negociava ao redor de 35 mil pontos e o Icei estava em 57,2 pontos. Até 2008, quando o Brasil ganhou o grau de investimento pela agência Standard and Poor's (S&P), subiram até atingir 68.600 pontos (Ibovespa) e 61,6 (Icei). Depois disso, a crise financeira mundial derrubou tanto a bolsa, que chegou a 49.700 pontos em julho do ano passado, e o Icei, que atingiu 49,9.

O levantamento traz o Ibovespa em média móvel de três meses desde 2006. Já o Icei é trimestral até 2009, depois mensal. Para analistas, a média móvel para o Ibovespa ajuda na comparação porque suaviza um indicador muito mais volátil.

Ricardo Mollo, professor de finanças do Insper, diz que, apesar de andarem juntos, os indicadores reagem mais a questões macroeconômicas do que entre si. E essas questões são internas e externas. "O mundo fez ajustes muito importantes ao longo dos últimos anos. Governos cortaram gastos e encontram dificuldades para crescer. Quando o industrial olha para o quadro geral, tende a investir menos e a confiar menos nos rumos da economia", afirma.

"O índice de confiança também segue um pouco o sentimento externo e capta a expectativa com a economia chinesa, que está diminuindo o ritmo. E há deterioração de projeções tanto no Brasil, quanto no exterior", acrescenta Gala, da Fator. Com tudo isso, o Ibovespa segue em alta. "O rali recente das empresas estatais nada tem a ver com confiança na economia, mas com expectativas em relação a pesquisas eleitorais", diz.

Para uma parte dos especialistas, a tendência é que o Ibovespa se ajuste ao Icei. "O último momento do gráfico mostra que quem está na economia real não está otimista, enquanto o Ibovespa surfa na onda do dinheiro fácil", diz Paulo Bittencourt, diretor-técnico da Apogeo Investimentos. Até o dia 21 de maio, o saldo de capital externo na Bovespa é de nada menos que R$ 10 bilhões. Apenas no mês, ingressos líquidos de R$ 4,687 bilhões. "Esse quadro mostra que a alta da bolsa está fora da realidade", disse Bittencourt. "É uma valorização frágil", afirma.

Já o chefe de análise da Alpes/Wintrade, Bruno Gonçalves, vê uma chance de que ambos os indicadores passem a ter uma ligação menor, daqui para a frente. "A explicação está na nova composição do Ibovespa", diz. Segundo ele, o novo índice tem mais peso dos setores financeiro, de serviços e varejo, em detrimento do Industrial. "Esses setores com mais peso não entram na sondagem industrial, o que pode fazer com os indicadores descolem um pouco no futuro."

Fonte: Valor econômico 

 

 

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