A terça-feira foi de forte volatilidade na Bovespa, que sofreu com a maior aversão ao risco no exterior e boatos eleitorais sobre a corrida presidencial, favoráveis e contra a reeleição de Dilma Rousseff. Discursos de dois membros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) também colaboram para agitar os mercados.
A terça-feira foi de forte volatilidade na Bovespa, que sofreu com a maior aversão ao risco no exterior e boatos eleitorais sobre a corrida presidencial, favoráveis e contra a reeleição de Dilma Rousseff. Discursos de dois membros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) também colaboram para agitar os mercados.
Apesar da agenda esvaziada de indicadores, balanços corporativos mais fracos, especialmente no setor de varejo nos Estados Unidos, colocaram em dúvida o ritmo de crescimento da maior economia do mundo e provocaram fuga para ativos mais seguros.
Por outro lado, a agenda carregada desta quarta-feira - que terá a divulgação da ata da última reunião do Fed, dados de atividade na China e discursos de mais três dirigentes do Fed, entre eles a presidente da instituição, Janet Yellen - também serviu de motivo para a maior cautela dos investidores.
As declarações de dois membros do Fed ajudaram a azedar o clima em Wall Street ontem. O presidente do Federal Reserve de Nova York, William Dudley e o presidente do Fed de Filadélfia, Charles Plosser, tocaram em um tema delicado para o mercado: aumento de juros.
Dudley espera que a alta dos juros aconteça "algum tempo depois" do fim do programa de compra de títulos. Segundo Dudley, o ritmo de aperto monetário será "relativamente lento" e depende do desempenho econômico e das condições financeiras.
Plosser afirmou que, caso a inflação caminhe para a meta de 2% e o mercado de trabalho melhore nos EUA, "nós devemos nos preparar para ajustar a política de maneira apropriada". "Isso pode exigir que nós elevemos as taxas de juros mais cedo", afirmou. Tanto Dudley como Plosser possuem direito a voto no Fomc, o comitê de política monetária do banco central dos EUA.
Por aqui, a Bovespa até esboçou alta por alguns momentos na hora do almoço, embalada por rumores de que a avaliação do governo da presidente Dilma Rousseff mostraria piora na pesquisa Ibope sobre a corrida presidencial que será divulgada amanhã.
Mas essa versão perdeu força no meio da tarde, após um "contra-rumor" circular no mercado, de que Dilma teria parado de cair nas pesquisas. A onda de boatos para todos os gostos fez Petrobras PN oscilar de uma alta de 2,4% até uma queda de 4,7%.
O Ibovespa fechou em baixa de 1,85%, aos 52.366 pontos, com volume financeiro elevado, de R$ 7,343 bilhões. Petrobras PN terminou com perda de 3,56%, a R$ 17,30, enquanto Vale PNA recuou 2,21%, a R$ 26,05, ainda sob influência do recuo do preço do minério de ferro na China, que começou a semana abaixo do patamar de US$ 100 por tonelada pela primeira vez em 20 meses.
O analista técnico da Clear Corretora, Raphael Figueredo, conta que já havia alertado seus clientes sobre a possibilidade de uma correção mais forte da Bovespa nesta semana. Depois de ficar muito "esticado", nos 54 mil pontos, Figueredo vê espaço para o Ibovespa recuar até os 51 mil pontos, sem perder configuração gráfica para retomar com fôlego para novas altas.
A lista de maiores baixas foi liderada por MMX ON (-8,33%), que devolveu parte do ganho de 12% do dia anterior. CSN ON caiu 4,39% e Usiminas PNA recuou 4,33%, ainda refletindo as informações divulgadas no fim da semana passada sobre queda na demanda de aço no Brasil em abril. Apenas cinco das 71 ações do Ibovespa terminaram o dia no azul, entre elas, BR Properties ON (4,02%), Embraer ON (0,69%) e Cemig PN (0,62%).
A Embraer assinou um contrato de R$ 7,2 bilhões com a Força Aérea Brasileira (FAB) para venda de 28 aviões cargueiros militares KC-390. O presidente da Embraer Defesa & Segurança, Jackson Schneider, disse que a companhia projeta uma fatia entre 15% e 20% do mercado potencial de 728 aeronaves na categoria do KC-390 para os próximos 20 anos.
"Queremos transformar em contratos firmes as atuais 32 cartas de intenção de compra assinadas com Colômbia, Argentina, República Tcheca, Portugal e Chile", disse Schneider durante evento em Gavião Peixoto (SP), que contou com a presença de Dilma Rousseff.
O contrato firmado com a Aeronáutica para produção do KC-390 veio em um bom momento para a carteira de pedidos da Embraer, segundo o BTG Pactual. O valor corresponde a 17% da carteira total da companhia no primeiro trimestre, destacou o banco em relatório aos clientes.
O modelo KC-390 correspondeu a 34% das vendas globais da divisão de defesa da Embraer em 2013, sua maior fonte de receita. O BTG estima que, em 2020, esse número atinja 50%, "com chances de ser ainda maior". O BTG manteve a recomendação de compra para as ações da fabricante de aviões.