Com o alívio ao menos temporário nos problemas do setor elétrico após o pacote de socorro do governo às distribuidoras, as empresas voltaram a acessar o mercado de capitais doméstico em busca de recursos. Diversas operações saíram do papel nas últimas semanas e outras estão em preparação. Apesar da melhora, os investidores permaneceram seletivos, o que levou os bancos a absorverem parte das emissões que originalmente iriam a mercado.
Com o alívio ao menos temporário nos problemas do setor elétrico após o pacote de socorro do governo às distribuidoras, as empresas voltaram a acessar o mercado de capitais doméstico em busca de recursos. Diversas operações saíram do papel nas últimas semanas e outras estão em preparação. Apesar da melhora, os investidores permaneceram seletivos, o que levou os bancos a absorverem parte das emissões que originalmente iriam a mercado.
Na semana passada, a estatal paranaense Copel captou R$ 1 bilhão e a CPFL Geração levantou R$ 635 milhões por meio de emissões de debêntures. A demanda, porém, foi apertada e, no caso da Copel, teria ficado um pouco abaixo da oferta. A distribuidora carioca Light também realizou uma emissão na semana passada, no valor de R$ 750 milhões, mas os papéis ficaram no balanço dos bancos, segundo fontes.
O apetite dos investidores deve ser testado novamente até o fim do mês, com uma oferta de R$ 479 milhões da Duke Energy. Outras empresas, como a mineira Cemig e a Ampla, distribuidora que atua no interior do Rio de Janeiro, também planejam emitir debêntures, apurou o Valor.
As empresas elétricas são as principais emissoras de títulos de dívida no mercado brasileiro. De janeiro a abril deste ano, as captações do setor representaram quase 34% de todo o mercado doméstico, de acordo com dados da Anbima, associação que representa as instituições que atuam no mercado de capitais.
A confiança dos investidores no setor começou a ser abalada em 2012, após as mudanças nas regras de renovação das concessões. Na ocasião, a Eletrobras, uma das empresas mais afetadas pelas mudanças nos contratos, cancelou uma captação de R$ 2 bilhões em debêntures.
A situação se agravou no início de 2014, em virtude do rombo no caixa das distribuidoras provocado pela exposição no mercado à vista, cujos preços dispararam. A crise no setor prejudicou emissões como a da AES Tietê, que obteve demanda apenas parcial para uma oferta de R$ 300 milhões em debêntures, realizada no início de março. Os papéis que não foram vendidos ficaram com os bancos coordenadores da operação, que concederam garantia firme de colocação.
O anúncio do plano de ajuda, que contou com um empréstimo de R$ 11,2 bilhões à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), além de um aporte de recursos do Tesouro e a realização de um leilão de energia, fez com que os investidores tornassem a avaliar o setor. No início de abril, a Santo Antônio Energia fechou uma captação de R$ 700 milhões. A concessionária responsável por uma das hidrelétricas em construção no Rio Madeira emitiu debêntures de infraestrutura, que contam com benefício fiscal para investidores.
O resultado das emissões mais recentes, contudo, mostra que o mercado segue com restrições ao setor. Nas palavras do executivo da área de renda fixa de um grande banco, o pacote de socorro ao setor elétrico "tirou o bode da sala" e reduziu o risco imediato de financiamento dessas empresas. Nesse cenário, as companhias que atuam com transmissão e geração de energia são apontadas como as menos arriscadas do ponto de vista regulatório. Já as distribuidoras tendem a encontrar mais dificuldades para captar recursos no mercado.
O problema no setor elétrico ocorre em um ano fraco no mercado de capitais local. As ofertas de debêntures somam R$ 13,6 bilhões de janeiro a abril, o que representa queda de 43% em relação ao mesmo período de 2013.