O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mantém previsão de lançar, no segundo semestre, fundo de debêntures de infraestrutura. Segundo o diretor de mercado de capitais do banco, Julio Ramundo, a ideia é ter carteira de R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão. Hoje o banco já tem R$ 600 milhões garantidos, e negocia outras 25 operações no valor aproximado de R$ 2 bilhões.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mantém previsão de lançar, no segundo semestre, fundo de debêntures de infraestrutura. Segundo o diretor de mercado de capitais do banco, Julio Ramundo, a ideia é ter carteira de R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão. Hoje o banco já tem R$ 600 milhões garantidos, e negocia outras 25 operações no valor aproximado de R$ 2 bilhões.
"Já há uma carteira da ordem de R$ 600 milhões, mas estamos em processo de construir ativos. Nós temos uma carteira hoje de mais de 25 operações, que chamamos de pipeline, onde devemos ter algo superior a R$ 2 bilhões", disse Ramundo, durante participação em evento no Rio. Segundo ele, para lançar um fundo como esse é preciso composição variada de portfólio e com grande volume de ativos.
Ramundo admitiu que, com a alta da Selic, o ritmo de geração de ativos está mais devagar do imaginado, mas reiterou que continua trabalhando com o cronograma de lançamento do fundo para o segundo semestre. "É inegável que, com as mudanças recentes na taxa de juros, mudou o ritmo de lançamento de debêntures", disse Ramundo. "A grande questão para o BNDES colocar, e a gente tem dito isso repetidamente, é que a gente não muda em um milímetro a nossa visão de futuro, que é ter cada vez o mercado de capitais junto com o BNDES", acrescentou.
Ainda sobre a mudança do cenário macroeconômico, com aumento dos juros e redução na pré-disposição para emissão de debêntures como consequência, Ramundo afirmou que em nada muda o ideal do banco de trazer mais o mercado privado para financiamentos. "Estamos em momento de transição em que o BNDES pretende ter tamanho cada vez menor no financiamento do investimento. Agora, obviamente as condições macroeconômicas mudam. O BNDES não pode trazer as volatilidades do mercado para o investimento, que é uma variável fundamental para o país", avaliou.
A exemplo do que o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, tem dito nos últimos dias, os desembolsos do BNDES não devem ser muito menores do que o observado em 2013, de R$ 190,4 bilhões. "A expectativa que a gente tem é que esse ano, com volume de R$ 30 bilhões aprovado de repasse do Tesouro, o BNDES pode vir a [ter desembolso] ligeiramente menor, ou mais ou menos do mesmo tamanho que no ano passado", disse Ramundo. "Mas isso aponta no futuro que o banco vai ter cada vez mais um mercado participando junto. A conjuntura só atrasou um pouquinho", continuou.
Ontem, o banco de fomento divulgou o resultado do primeiro trimestre, com lucro de R$ 1,56 bilhão, estável em relação a igual período em 2013. O chefe do departamento de contabilidade do banco, Carlos Frederico Rangel, comentou que o desempenho foi favorecido principalmente pelas operações no segmento de renda fixa, responsáveis por 90% do resultado. Isso, na prática, ajudou a equilibrar a influência das operações de renda variável no mesmo período, que mostraram queda de 57,3% nos primeiros três meses de 2014, em comparação com igual trimestre no ano passado, acompanhando o desempenho menos expressivo das ações, no período de comparação. "Um compensou o outro", resumiu.
Composto majoritariamente pelas operações de crédito e repasses, o segmento de renda fixa alcançou R$ 3,1 bilhões no primeiro trimestre de 2014, refletindo um aumento de R$ 500 milhões na comparação com o mesmo trimestre de 2013. O desempenho acompanha o aumento das operações em moeda nacional, com destaque para o Programa de Sustentação de Investimento (PSI).
O resultado do segmento de renda variável apresentou redução de R$ 200 milhões (57,3%) em relação ao primeiro trimestre de 2013, o que fez cair de 8,2% para 3,7% sua participação no resultado. Segundo Rangel, em um trimestre de conjuntura econômica fraca e bolsa com volume menor, a estabilidade do lucro da instituição pode ser considerada uma boa notícia. Frederico observou que em 2013, o BNDES teve o quarto melhor resultado de sua história, de R$ 8,2 bilhões, apesar de um primeiro trimestre igualmente fraco. Ele não fez, porém, projeções para este ano.
Outros fatores pontuais também contribuíram para o desempenho do período, avaliou ele. "No passado, era um momento melhor, com a bolsa mais alta do que está agora, para alienações [vendas]", disse, comentando que houve um volume muito mais expressivo de vendas de investimentos no primeiro trimestre de 2013, do que em igual período deste ano.
O banco frisou ainda que a inadimplência do sistema BNDES encontra-se no mais baixo nível de sua história. O percentual foi de apenas 0,01% no trimestre, inferior ao de 0,04% registrado em igual período de 2013.
Fonte: Valor econômico