Após quase dois meses de "rali eleitoral", o mercado brasileiro dá sinais de que não tem mais forças para seguir adiante apenas com base em especulações sobre uma hipotética derrota de Dilma nas eleições de outubro.
Após quase dois meses de "rali eleitoral", o mercado brasileiro dá sinais de que não tem mais forças para seguir adiante apenas com base em especulações sobre uma hipotética derrota de Dilma nas eleições de outubro.
"Eu acredito que esse movimento de pesquisa eleitoral como justificativa para a alta das ações já está se desgastando", alerta o estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala.
Na sexta-feira, a Bovespa registrou o segundo pregão seguido de devolução de ganhos, mesmo após a pesquisa Datafolha confirmar as expectativas dos investidores - de queda nas intenções de voto de Dilma Rousseff (PT) e aumento na preferência por Aécio Neves (PSDB).
"De maneira resumida, poderia se dizer que a deterioração da atividade no Brasil diminui as chances de Dilma ser reeleita no primeiro turno, o que por sua vez abre espaço para a bolsa subir, para o real se apreciar e para os juros longos caírem", explica Paulo Gala, ao comentar o rali iniciado a partir da metade de março. "Mas é difícil saber até quando vai durar esse cenário e qual será o desdobramento final de uma queda ainda mais pronunciada de Dilma nas pesquisas", afirma o estrategista da Fator.
"O fato é que tivemos um rali de dois meses, o que deixou os ativos mais caros, mas não houve nenhuma grande mudança em termos de fundamentos da economia", diz.
O exemplo mais claro desse rali foi Petrobras PN. O papel acumulou alta de quase 48% entre o dia 17 de março - quando registrou sua menor cotação desde 2005 (R$ 12,57) - e seu pico neste mês (R$ 18,58), na quarta-feira passada.
"Dilma perdeu espaço nas pesquisas, mas não está despencando. E ela tem chances de reagir, uma vez que terá bastante espaço na televisão quando a propaganda eleitoral começar. Além disso, ela poderá anunciar mais medidas populares, como aquelas divulgadas no 1º de maio", afirma Gala. Em seu pronunciamento sobre o Dia do Trabalho, a presidente Dilma anunciou o aumento do Bolsa Família e o reajuste da tabela do imposto de renda.
O Ibovespa encerrou em baixa de 0,60% na sexta-feira, aos 53.100 pontos, com volume de R$ 5,395 bilhões. Desta forma, a bolsa registrou alta de apenas 0,23% na semana passada, enquanto o ganho acumulado no mês alcança 2,86%. No ano, a alta alcança 3,09%.
Entre as ações de estatais - que vinham reagindo em alta sempre que Dilma caía nas pesquisas - Petrobras PN terminou a sexta em baixa de 1,17%, a R$ 17,67; Banco do Brasil ON recuou 1,50%, para R$ 23,58; enquanto Eletrobras ON (-7,57%, a R$ 6,95) e PNB (-5,33%, a R$ 10,11) lideraram as perdas do Ibovespa. Segundo operadores, a queda mais expressiva da estatal de energia foi provocada pelo fato da empresa não ter arrematado nenhum lote no leilão de linhas de transmissão realizado na sexta.
Entre as ações de maior peso no Ibovespa, o dia também foi de devolução de ganhos. Itaú PN caiu 0,88%, para R$ 36,85, e Vale PNA recuou 1,22%, para R$ 26,50.
Fonte: Valor econômico