O lucro líquido do Banco do Brasil alcançou R$ 2,679 bilhões no primeiro trimestre, com uma alta de 4,7% na comparação com igual período do ano passado.
O lucro líquido do Banco do Brasil alcançou R$ 2,679 bilhões no primeiro trimestre, com uma alta de 4,7% na comparação com igual período do ano passado.
Em meio à pressão exercida pela alta da taxa básica de juros, os empréstimos tiveram um papel mais secundário na determinação da expansão do resultado do maior banco do país.
O bom desempenho do Banco do Brasil no financiamento imobiliário e do agronegócio colaborou para que a carteira de crédito ampliada atingisse R$ 699,251 bilhões, o que representou alta de 18% na comparação anual e de 0,9% em relação ao último trimestre de 2013. Isso garantiu ao banco a manutenção na liderança em crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN), com 21,1% de participação de mercado.
Os ganhos com intermediação financeira, porém, ainda se mostraram pressionados, tendência já apontada no trimestre anterior. A margem financeira líquida do BB, que desconta as despesas com provisão para devedores duvidosos, ficou em R$ 7,644 bilhões no primeiro trimestre, com queda de 0,4% na comparação anual. A margem financeira bruta, porém, superou a projeção do banco, com alta de 8% no primeiro trimestre.
Segundo Ivan Monteiro, vice-presidente de finanças do BB, a alta da Selic tem impedido um avanço da margem. A remarcação das taxas cobradas nos empréstimos se dá a uma velocidade inferior àquela que acontece no custo de captação. O executivo espera, porém, uma recuperação da margem líquida até o fim deste ano.
Apesar de mais tímido do que o esperado, o crescimento das receitas com tarifas e serviços colaborou para a expansão do lucro do banco. Eventos extraordinários de R$ 241 milhões, em que se destacam ganhos com eficiência tributária e reversão de provisão para demandas legais, também contribuíram para o resultado.
O resultado ajustado pelos eventos não-recorrentes veio um pouco abaixo do esperado pelos analistas consultados pelo Valor, que estimavam, em média, R$ 2,462 bilhões de lucro ajustado.
Na linha das despesas, os analistas se mostraram preocupados. Enquanto o banco espera fechar 2014 com expansão desses gastos na faixa de 5% a 8%, o aumento visto em 12 meses até março foi de 9,7%, para R$ 7,746 bilhões.
Tal resultado, segundo o banco, reflete o acordo coletivo do ano passado e uma repactuação dos contratos dos serviços de vigilância, segurança e transporte. "Os efeitos desses eventos devem se diluir ao longo do exercício", estimou o BB. Na comparação com o último trimestre de 2013, no entanto, as despesas administrativas caíram 8,1%.
No crédito, o saldo de financiamentos imobiliários atingiu R$ 20,3 bilhões, com expansão de 79% em 12 meses, enquanto a carteira do agronegócio alcançou R$ 149,3 bilhões, com alta de 36% na comparação anual.
Por outro lado, outras modalidades do crédito às famílias não mostraram tanto vigor. Considerando a projeção estipulada para o ano todo, o estoque para pessoas físicas teve resultado inferior ao planejado. O BB espera que essa carteira avance entre 12% e 16% em 2014, mas a expansão em 12 meses até março ficou em 8,6%. Isso porque o empréstimo pessoal, na mesma comparação, caiu 3,5%; o financiamento a veículos encolheu 4,1%; e o crédito consignado mostrou crescimento de 2,9%.
O risco da carteira do BB recebeu elogios dos analistas. "A qualidade dos ativos foi um dos principais destaques positivos", destacou o Credit Suisse em relatório. Por este motivo, o índice de inadimplência caiu para 1,97%, ante 2% no mesmo período de 2013. Já as despesas com provisão para devedores duvidosos mostraram expansão de 27,8%, com R$ 4,187 bilhões.