Novo prazo vai de 15 de abril a 7 de maio. No entanto, as sanções valem até o comparecimento ao cartório...
O eleitor que não fez o recadastramento biométrico terá nova data para fazê-lo: de 15 de abril a 7 de maio. Até o início do novo prazo, porém, títulos não atualizados serão cancelados e o cidadão ficará temporariamente impedido de emitir passaporte ou prestar concurso, entre outras sanções. Até as 21h de ontem, aproximadamente 197 mil pessoas ainda não haviam feito o procedimento.
A decisão de adiar o recadastramento ocorreu devido à grande procura ontem, último dia do prazo, que se estendeu por mais de um ano. Eram estimados 20 mil atendimentos na capital e a ideia inicial era distribuir senhas até as 18h. Duas horas antes, no entanto, já não havia mais senhas.
A orientação dos chefes de cartório foi para que quem não precisasse do título nos próximos 20 dias voltasse em abril. Alguns, como Radir Felipe Nunes, músico de 29 anos, não puderam se dar a esse luxo. “Tinha outros compromissos e acabei esquecendo de fazer o recadastramento”, admitiu. “Vou fazer um concurso e não posso sair daqui”, completou.
Ele largou o trabalho para resolver a situação e, por volta das 16h, já aguardava há duas horas na 512 Sul. “Liguei a TV e vi o anúncio, aí tive que vir correndo. Acho um processo importante para que ninguém se passe por mim na hora de votar, mas seria bem mais fácil caso o voto no Brasil fosse facultativo”, opinou.
Segundo o TRE-DF, os postos das asas Norte e Sul foram os mais movimentados de ontem, registrando mais de 500 atendimentos, cada, antes do meio-dia. Situação mais tranquila viveu a unidade do Cruzeiro Novo. Por volta das 11h, o tempo de espera não passava de 40 minutos.
Ainda assim, meta alcançada
De acordo com informações do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF), o órgão tinha a meta de conseguir pelo menos 80% do eleitorado brasiliense recadastrado, cujo total é pouco mais de 1,8 milhão, e a meta teria sido cumprida. Quem mora no DF, mas ainda não transferiu seu título de eleitor registrado em outra cidade, pode procurar um cartório eleitoral até 7 de maio sem o ônus de ter o documento cancelado.
“Jeitinho brasileiro” como justificativa
No Guará II, a fila pela manhã cresceu até dar uma volta completa ao redor do cartório. O artista visual Anderson Abreu, 23 anos, chegou por volta das 10h30, preparado para encarar a espera – levou até um livro para passar o tempo –, mas não deixou de protestar. “Eu realmente não me atentei para o prazo e só fiquei sabendo que era hoje, pela minha mãe e pela minha namorada, já que não vejo muita TV. Mas a verdade também é que eu tinha outras prioridades”, revelou.
“Estou desgostoso com a situação política do País. Só estou fazendo isso pois vou tirar meu diploma em uma universidade federal, e é um dos requisitos”, disse. Ele também defendeu o voto facultativo e criticou a falta de proatividade política nos momentos que não envolvem pedir apoio.
Importância
Na mesma fila que Anderson, a empresária de 28 anos Juliana Guimarães preferiu enxergar o lado positivo do processo como um todo. “Creio que recadastrar seja importante, pois já ouvi histórias de gente que tenta falsificar título ou usa o de quem já morreu para votar”, defendeu a eleitora.
Para ela, muitas pessoas deixaram para o último minuto pois é o “jeitinho brasileiro”.
Fonte: Jornal de Brasília