Se fosse possível prever condições de saúde crônicas...
Se fosse possível prever condições de saúde crônicas em um estágio em que ainda pudessem ser revertidas ou mesmo prevenidas, essa seria, definitivamente, a opção de muitos pacientes. É o caso do pré-diabetes, um estado preocupante que já apresenta sintomas em decorrência da desordem metabólica. A proposta de pesquisadores da Faculdade de Medicina Sackler, da Universidade de Tel Aviv, em Israel, é ainda mais ousada: descobrir o risco de ter o pré-diabetes. E a estratégia está baseada em um simples exame de sangue que não necessita nem mesmo de jejum prévio para a realização. As descobertas podem ajudar os médicos a fornecer tratamento e diagnóstico mais precoces na tentativa de frear a epidemia que, com a obesidade, adoece milhões de pessoas por ano no mundo.
Em indivíduos saudáveis, a glicose jogada no sangue pela absorção de alimentos tem a entrada nas células garantida por um hormônio produzido no pâncreas, a insulina. A glicose será usada em inúmeros tecidos e órgãos para, principalmente, a produção de energia. Ao desenvolver o diabetes tipo 2, a pessoa se torna resistente à ação desse hormônio, e o açúcar passa a se acumular no sangue. Essa condição é irreversível e, muitas vezes, além do controle da alimentação, da prática de exercícios e de medicação, é preciso doses extras injetáveis de insulina para manter o organismo sob equilíbrio. Antes disso, no entanto, a grande maioria dos diabéticos desenvolveu o pré-diabetes, que anuncia a doença crônica e pode ser revertido sem medicação para a condição normal anterior.
Os resultados do estudo israelense conduzido por Lerner Nataly foram publicados no European Journal of General Practice. “Nosso estudo apoia a ideia de que o teste de A1c — usado hoje para diagnosticar o diabetes tipo 2 — também pode ser usado em um estágio muito cedo para rastrear a doença na população de alto risco, como pacientes com excesso de peso”, discorre o autor principal do trabalho. O teste de níveis de hemoglobina glicada (A1c) surgiu da necessidade de obter uma imagem dos níveis de glicose no sangue ao longo do tempo. Quando os níveis são altos, mais A1c é formado. Assim, o A1c serve como um biomarcador, indicando níveis médios de glicose no sangue ao longo de um período de dois a três meses, e tem sido muito utilizado para controlar o diabetes 2.
Fonte: Correio Braziliense