As chuvas que ocorreram nos últimos dias não foram suficientes para melhorar o cenário dos reservatórios das hidrelétricas do país. O nível de armazenamento das usinas dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, os principais do país, está em 35,3% e 42,3%, respectivamente, e continua estável. Em fevereiro, porém, o nível acumula queda de 5% e 0,3%, respectivamente, nos dois subsistemas.
As chuvas que ocorreram nos últimos dias não foram suficientes para melhorar o cenário dos reservatórios das hidrelétricas do país. O nível de armazenamento das usinas dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, os principais do país, está em 35,3% e 42,3%, respectivamente, e continua estável. Em fevereiro, porém, o nível acumula queda de 5% e 0,3%, respectivamente, nos dois subsistemas.
Segundo o meteorologista Alexandre Nascimento, da Climatempo, o bloqueio criado por uma massa de ar quente foi quebrado por uma frente fria, como estava previsto, e o aumento do volume de energia a partir das chuvas foi considerável, mas a situação ainda é crítica. "O quadro passou de 'extremamente ruim' para 'ruim'", disse ele, que se reuniu ontem com comercializadoras de energia.
De acordo com Nascimento, a energia natural afluente (ENA) - volume de energia que pode ser produzido de acordo com o regime de chuvas em determinado local - antes do início das chuvas era de 35 mil MW médios. Com a volta das chuvas, o valor da ENA aumentou para cerca de 42 mil MW médios. Esse acréscimo, somado à redução provocada pela queda da temperatura nos últimos dias, trouxe um ganho de 10 mil MW médios para o sistema, porém insuficiente para atender à toda a demanda do país.
Segundo Nascimento, para se alcançar uma situação confiável de conforto, em termos de abastecimento, seria preciso chover 700 milímetros até abril, principalmente no Sudeste, "o que é praticamente impossível", afirmou o meteorologista.
A Bolt Comercializadora prevê que o preço de liquidação de diferenças (PLD) - o preço de energia de curto prazo - continuará no teto regulatório de R$ 822 por megawatt-hora até o fim de fevereiro e provavelmente na primeira semana de março. O valor para a próxima semana será divulgado hoje pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica.
A consultoria PSR, referência no setor elétrico brasileiro, estima que a possibilidade atualmente de o governo ter que fazer um racionamento de 4% da demanda de energia é de 18,5%. Mas esse valor pode se tornar ainda maior, porque as previsões do ONS para fevereiro pioraram. "O ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico] aparentemente reduziu a previsão de chuva para os próximos dez dias", disse o diretor Comercial da Bolt, Rodolfo Salazar.
Para alguns executivos, apesar da gravidade da situação, o governo não deve decretar racionamento de energia, devido ao dano político que seria causado pela medida em um ano eleitoral.
"O próprio discurso do governo é de rechaçar qualquer possível ideia de racionamento", disse uma fonte do setor. "Mas já podemos prever o despacho [acionamento] térmico praticamente o ano inteiro", completou.
Fonte: Valor econômico