Surpreendido pela alta da taxa básica de juros no fim do ano passado, o Banco do Brasil viu seu lucro líquido encolher para R$ 3,025 bilhões no último trimestre de 2013, com queda de 23,7% em relação a igual período de 2012. Em meio à reação dos investidores aos números, as ações do banco encerraram o dia com queda de 4,93%, a maior baixa do dia no Ibovespa.
Surpreendido pela alta da taxa básica de juros no fim do ano passado, o Banco do Brasil viu seu lucro líquido encolher para R$ 3,025 bilhões no último trimestre de 2013, com queda de 23,7% em relação a igual período de 2012. Em meio à reação dos investidores aos números, as ações do banco encerraram o dia com queda de 4,93%, a maior baixa do dia no Ibovespa.
No ano, o BB registrou um lucro líquido de R$ 15,8 bilhões, com crescimento de 29,1% na comparação com 2012. Foi o maior resultado anual da história da instituição, reforçado pela venda de ações da controlada BB Seguridade.
Em relatórios, porém, analistas de diversas casas manifestaram preocupação com o ganho do BB com a intermediação financeira, a chamada margem financeira. Essa linha do balanço totalizou R$ 11,961 bilhões no quarto trimestre, com uma queda de 0,6% em relação a igual período de 2012, devido principalmente ao aumento do custo de captação.
Seguidas elevações da taxa básica de juros, a Selic, aumentaram os custos de captação do BB, já que os depositantes passaram a pedir uma remuneração mais elevada para comprar papéis do banco.
Em outra ponta, os reajustes das taxas de juros das operações de crédito não se deram na mesma velocidade. Além disso, operações já contratadas continuaram sendo pagas a patamares de juros mais baixos. O spread de crédito ficou em 7% no quarto trimestre, com queda de 1,1 ponto percentual em relação a igual período do ano passado.
Mesmo depois de excluídas as despesas com perdas para crédito ainda há uma queda na margem na comparação anual, apesar de a inadimplência ter se mantido praticamente estável em 1,98%, bastante abaixo da média de 3% do sistema financeiro.
Segundo Ivan Monteiro, vice-presidente de finanças do BB, o banco espera uma recuperação dessa linha do balanço ao longo deste ano. A previsão do banco é de uma expansão de 3% a 7% da margem financeira, superior ao 1,5% alcançado em 2013. Conforme os preços do crédito forem remarcados, os ganhos do BB devem se recuperar.
O lucro do maior banco brasileiro também foi afetado negativamente pelas despesas administrativas, que atingiram R$ 8,432 bilhões no quarto trimestre de 2013, com um aumento de 12,4% ante igual período de 2012, por reajustes salariais e gastos maiores com benefícios. No acumulado do ano, esses gastos subiram menos, 7,2%.
Por outro lado, um dos pontos positivos do balanço do BB foi o aumento de 12,4% das rendas de tarifas no quarto trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, alcançando R$ 6,177 bilhões, com destaque para o avanço dos ganhos com cartões de crédito e débito e com a administração de fundos.
"A qualidade dos resultados foi mista e achamos que 2014 não deve ser muito melhor do que 2013", diz a equipe de análise do Deutsche Bank.
Para o crédito, o BB prevê um 2014 de crescimento mais moderado. A carteira ampliada, que inclui debêntures e garantias prestadas deve alcançar expansão entre 14% e 18%, abaixo dos 19,9% obtidos ao longo de 2013, quando o saldo ficou em R$ 693 bilhões.
Neste ano, são os desembolsos para infraestrutura e para o agronegócio que devem liderar a expansão, mantendo o desempenho mais moderado para as pessoas físicas do ano passado.
"Esperamos pelo menos manter nossa participação no mercado de crédito neste ano", afirmou Aldemir Bendine, presidente do BB, durante entrevista a jornalistas. Entre os bancos privados, a expectativa é que eles voltem a ganhar relevância no sistema.
Também colaborou para o mau-humor dos investidores o retorno sobre o patrimônio líquido (RSPL) ajustado, que atingiu 14,2% no último trimestre, ante 21,2% em igual período de 2012. Para este ano, o banco indicou que o retorno poderá ficar em patamares ainda mais baixos, já que o intervalo da meta vai de 12% a 15%.