Boa parte dos brasileiros separa um espaço na lista de afazeres diários para a prática de exercícios físicos. A preocupação com a boa forma do corpo e a longevidade ganhou importância no cotidiano de milhões de pessoas. O crescimento do número de academias de ginástica no Distrito Federal, por exemplo, foi de 238% nos últimos sete anos — no Brasil, chegou a 188%, segundo o Sebrae. E a demanda faz jus: estudo do Instituto Data Popular mostra que 20% dos brasileiros têm a intenção de se matricular em uma academia neste ano.
Boa parte dos brasileiros separa um espaço na lista de afazeres diários para a prática de exercícios físicos. A preocupação com a boa forma do corpo e a longevidade ganhou importância no cotidiano de milhões de pessoas. O crescimento do número de academias de ginástica no Distrito Federal, por exemplo, foi de 238% nos últimos sete anos — no Brasil, chegou a 188%, segundo o Sebrae. E a demanda faz jus: estudo do Instituto Data Popular mostra que 20% dos brasileiros têm a intenção de se matricular em uma academia neste ano.
A brasiliense Jéssica Maia, 20 anos, resistia a sair do sedentarismo, mas aceitou encarar esteiras e abdominais. A principal desculpa era a falta de tempo: trabalha e estuda engenharia civil, mas um motivo forte surgiu: ficou noiva de Danilo e decidiu emagrecer 10kg para — reconhece ela—entrar no vestido dos sonhos. Até quem foi convidada para ser madrinha do casamento teve que se submeter à empreitada. É o caso de Daiane Guimarães, 23. Para fazer valer a amizade, a assistente administrativa se rendeu a acompanhar a futura comadre, como incentivo. Há três semanas, as duas frequentam a academia de segunda a sábado.
“Tenho que ajudar, vai valer a pena”, comenta a madrinha Daiane. “São muitas opções de academias, mas as melhores são as que têm várias unidades, que posso ir na hora e no dia em que me adequar”, opina. Como mais pessoas querem o serviço, o setor de fitness se expande. O Brasil é o segundo país no mundo em número de academias, com 27.983 — ficando atrás dos Estados Unidos, com 29.890, segundo dados da International Radiosurgery Association (IHRSA) e do Conselho Federal de Educação Física. O Sebrae informou que, em 2007, eram 266 micro e pequenas empresas; em 2014, o número pulou para 900. Os dois institutos concordam que o aumento de renda da classe C e a busca pela qualidade de vida são os principais motivos do crescimento.
Agora, a noiva e a madrinha fazem parte dos 12 milhões de frequentadores de academias no país. Além de ajudar a amiga, Daiane quer manter a saúde. Assim como ela, 78% dos brasileiros consideram importante manter a forma física, segundo a pesquisa.
Quantidade versus qualidade
O aumento do número de espaços para fazer ginástica anima o setor fitness e pode significar uma mudança nos hábitos dos brasileiros. Estudo do Instituto Data Popular aponta que 7,7 milhões de pessoas da classe C acreditam que é importante estar em forma, e 52% delas praticam exercícios em uma academia. Em Brasília, são 900 estabelecimentos, número superior ao de 18 estados brasileiros. Esse fenômeno de crescimento influencia a qualidade dos serviços e anima o empresariado. Danilo Barbosa, 22 anos, o noivo de Jéssica, se prepara para o casamento — e, ao contrário dela, pretende ganhar 10kg para adequar melhor o corpo no terno preto. As pessoas estão mais conscientes da vida saudável, reconhece Danilo. “Mas o principal propósito é melhorar a estética”, acrescenta. A intenção do casal é continuar com os exercícios físicos mesmo depois do casório. “Sinto mais disposição para trabalhar, tenho mais apetite e até meu cansaço diminuiu”, conta.
O padrinho Vitor Elias, 20 anos, também acredita na proposta e passou a malhar com o noivo para incentivar o objetivo do casal. “Quero ajudar meus amigos nesse plano e vou me beneficiar dele também”, diz. O também estudante de engenharia civil diz que entrou na academia pela primeira vez aos 16 anos e parou por desânimo em fazer os mesmos exercícios todos os dias. Quando recomeçou a malhação, este ano, observou que os estabelecimentos estão quase sempre lotados, apesar de haver mais opções.
O presidente da Federação Brasileira de Educação Física, Jorge Steinhilbro, concorda que as pessoas estão mais informadas sobre as doenças resultantes do sedentarismo. Isso explica o fenômeno de crescimento da procura por academias. Em relação à qualidade dos estabelecimentos, ele polemiza: “Não temos academias boas ou ruins, existem as maiores ou menores, que oferecem diversas atividades com aparelhagens modernas, e outras que não têm uma estrutura grande, mas a oferta da qualidade do serviço é a mesma”.
Recomendações
Steinhilbro explica que profissionais que acompanham os usuários das academias devem ter formação acadêmica em educação física e um registro do conselho federal. “Eles estão capacitados para orientar da melhor maneira o consumidor do serviço. Isso é qualidade”, diz. Todas as academias também devem ser registradas nos respectivos órgãos regionais. Portanto, o presidente acredita que o crescimento substancial deve-se ao desejo de qualidade de vida, prevenção de doenças e promoção da saúde.
A tendência é de que mais empresas do ramo apareçam, incentivadas pela Copa do Mundo e as Olimpíadas. Os grandes eventos esportivos chamam a atenção para uma rotina mais saudável e, segundo o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, podem beneficiar as academias. “Além disso, muitos atletas precisam de um espaço para treinos e de patrocínio. Essa é uma ferramenta que as academias de pequeno porte podem ter para investir e promover sua marca”, considera. As informações de como montar uma academia de ginástica foram as mais procuradas no site do Sebrae, por meio dos acessos contabilizados, com 2.380 visualizações, ao todo.