Dólar fecha em alta com movimento de aversão a risco

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Depois de o real ter se depreciado menos que seus pares emergentes na semana passada, como o peso mexicano, o rand sul-africano e a lira turca, o mercado de câmbio local hoje passa por um ajuste, com a moeda brasileira caindo mais que outras divisas emergentes, como reflexo de um movimento de aversão a risco, que ainda predomina no mercado, e de uma defesa de posições por parte dos investidores à medida que se aproxima o vencimento de derivativos cambiais.

Depois de o real ter se depreciado menos que seus pares emergentes na semana passada, como o peso mexicano, o rand sul-africano e a lira turca, o mercado de câmbio local hoje passa por um ajuste, com a moeda brasileira caindo mais que outras divisas emergentes, como reflexo de um movimento de aversão a risco, que ainda predomina no mercado, e de uma defesa de posições por parte dos investidores à medida que se aproxima o vencimento de derivativos cambiais.

O dólar comercial fechou em alta de 1,17% a R$ 2,4250, maior patamar desde 22 de agosto, quando fechou a R$ 2,4320. Já o contrato futuro com vencimento em fevereiro avançava 1,03% para R$ 2,429. No momento em que se aproxima o vencimento dos contratos de derivativos cambiais no mercado futuro se acentua a disputa entre os investidores tentando defender sua posição na moeda americana.

O fluxo negativo de recursos e ao aumento da demanda por dólares no mercado futuro sustentavam a queda do real.

As declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em palestra em Londres não chegaram a impactar significativamente o câmbio. Tombini afirmou que o Brasil possui colchão para suavizar impactos decorrentes do processo de ajuste das políticas monetárias de países desenvolvidos, lembrou o aperto monetário implementado no país e destacou que o crescimento mais rápido da economia requer fortalecimento da confiança. 

Para o executivo da tesouraria de um banco estrangeiro, apesar do esforço do governo em tentar recuperar a credibilidade, o que de fato trará efeito para o mercado é o anúncio de resultados concretos. “O que de fato melhoraria a percepção dos investidores em relação ao Brasil seria o anúncio de uma troca do comando em algumas pastas principais, já que não vemos resultados relevantes sendo anunciados no curto prazo”, diz.

O presidente do BC lembrou que o comércio exterior será beneficiado pela recuperação dos Estados Unidos e pela depreciação do real. A balança comercial brasileira acumula em janeiro, até o dia 24, déficit de US$ 3,651 bilhões.

No mercado também há grande expectativa em relação à decisão do banco central da Turquia amanhã sobre a taxa básica de juros no país. Analistas preveem um aumento de pelo menos 1,25 a 2 pontos percentuais. Se vier abaixo disso pode trazer uma pressão adicional para a alta do dólar.

Diante da forte desvalorização da lira turca, que está na mínima histórica em relação ao dólar, o banco central da Turquia realizará amanhã uma reunião extraordinária do comitê de política monetária para avaliar os acontecimentos recentes e adotar medidas necessárias para garantir a estabilidade de preços. 

A alta da taxa de juros na Turquia poderia ajudar a reduzir o pessimismo em relação às moedas emergentes, mas seria insuficiente para determinar o movimento dessas divisas, que tem sido influenciado pela redução de liquidez no mercado externo com a diminuição dos estímulos monetários por parte do Federal Reserve. “Não acredito que o Banco Central da Turquia deve cometer outro erro e não elevar a taxa básica de juros. Acho que, se isso acontecer, poderá trazer um sinal positivo também para o Brasil, mas o desempenho do real vai depender do comportamento das outras moedas”, afirma o estrategista de câmbio para mercados emergentes da Brown Brothers Harriman em Londres, Ilan Solot. Para o gestor da Brown Brothers, o Banco Central turco deve anunciar um aumento de pelo menos 300 pontos base, elevando a taxa básica de juros de 7,75% para 10,75% para dar um impulso na lira.

O mau humor dos investidores com os mercados emergentes, que desencadeou a venda generalizada das divisas dessas economias na semana passada, ainda deve perdurar no curto prazo, reflexo de um movimento de maior aversão a ativos de risco e da perda de confiança dos investidores nesses mercados, afirma Solot. 

Para o Solot, esse movimento de saída de emergentes foi generalizado e atingiu, embora em menor grau, países que estão mostrando uma melhora dos fundamentos econômicos como México e Polônia. “Ainda não vejo espaço para uma recuperação das moedas desses países no curto prazo”, afirma.

A Argentina também continua inspirando cautela, com o governo definindo as regras para compra de dólares por lá, após o relaxamento das restrições para a compra de dólares por pessoas físicas e a redução do imposto para compras no exterior com cartões de crédito. Hoje o dólar subia 0,15% em relação ao peso argentino.

O estrategista da Brown Brothers lembra que o Brasil, com US$ 375,5 bilhões de reservas internacionais, está em uma posição mais confortável que a Argentina e a Turquia, que têm um nível de reservas bem menor, de US$ 29,5 bilhões e US$ 40 bilhões respectivamente. “Não cabe nem comparação entre o Brasil e Argentina, os investidores sabem diferenciar muito bem esses dois mercados.  Mas é claro que uma crise lá tem um contágio pelo efeito psicológico e também pela lado comercial, uma vez que a Argentina é um parceiro comercial importante para o Brasil”, diz Solot, lembrando que não vê um movi mento de saída do Brasil mais forte por causa da Argentina.

Apesar da forte desvalorização de algumas moedas como o peso argentino e a lira turca, os investidores não veem uma mudança na estratégia do banco central dos Estados Unidos de seguir com a redução dos estímulos Em relação à expectativa para a reunião do Comitê de Política Monetária (Fomc, na sigla em inglês), que acontece na terça e quarta-feira, Solot afirma que não deve trazer grandes surpresas,  com o Fed devendo anunciar mais um corte de US$ 10 bilhões nas compras mensais de títulos, passando de US$ 75 bilhões para US$ 65 bilhões. “O Fed já vem sinalizando a medida desde o último ‘payroll’ ”, afirma.

Amanhã está previsto o vencimento de mais um lote de linha de dólar com compromisso de recompra. O Banco central ainda não informou qual o tamanho do lote a vencer, nem se fará a rolagem integral das linhas. Na última rolagem de linhas de dólar, o BC não fez a rolagem integral das linhas.

Hoje o BC rolou mais um lote de 25 mil contratos de swap, além da venda de 4 mil contratos do programa de intervenção

A autoridade monetária já vendeu hoje todos os 4 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão, em operação que funcionou como uma injeção de US$ 197,2 milhões no mercado futuro. A colocação ficou dividida entre os dois vencimentos (setembro e dezembro), e a liquidação está prevista para amanhã, terça-feira, dia 28.

Também hoje, o BC fez a rolagem de US$ 1,2338 bilhão em swaps cambiais tradicionais nesta segunda-feira, vendendo todos os 25 mil contratos ofertados. A colocação ficou dividida entre os dois vencimentos (agosto e novembro), e a liquidação da operação está prevista para o próximo dia 3. Com o leilão, restam apenas US$ 1,1691 bilhão em swaps a serem rolados, de um lote de US$ 11,028 bilhões.

O mercado deve reforçar nesta semana as rolagens de posições no mercado de derivativos cambiais, onde estrangeiros e fundos sustentam posição comprada em dólar, e os bancos fazem a contraparte. “Daqui para frente a pressão de alta vai ficar mais forte por causa das rolagens. O dólar pode voltar a R$ 2,43 ou mesmo R$ 2,45, dependendo do Fed”, diz um gestor.

 

Fonte: Valor econômico 

 

 

 

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