BANCO DO BRASIL, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander devem registrar juntos um lucro líquido de R$ 10,59 bilhões no primeiro trimestre deste ano, segundo as projeções feitas por analistas e compiladas pelo Valor. É uma cifra 2,5% menor do que aquela registrada em igual período do ano passado.
BANCO DO BRASIL, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander devem registrar juntos um lucro líquido de R$ 10,59 bilhões no primeiro trimestre deste ano, segundo as projeções feitas por analistas e compiladas pelo Valor. É uma cifra 2,5% menor do que aquela registrada em igual período do ano passado.
As estimativas levam em consideração apenas itens recorrentes aos balanços dos bancos. Por isso podem se mostrar diferente do lucro contábil, que serve de base para a distribuição de dividendos aos acionistas.
Na segunda-feira, o Bradesco inaugura a temporada de balanços que, para analistas, trará aos investidores uma certa sensação de "déjà vu". Dúvidas a respeito do crescimento do crédito, da redução da inadimplência e da melhora da economia, que deram o tom para os negócios em 2012, mas prometiam ser página virada no início deste ano, permanecem.
"No geral, acreditamos que o trimestre pouco provavelmente será um ponto de inflexão, sinalizando uma aceleração dos lucros", escrevem analistas num relatório do J.P. Morgan.
Quem deve puxar para baixo o lucro líquido do grupo dos quatro maiores bancos brasileiros com ações na Bovespa é o Santander, cujo resultado pode cair 27%, a R$ 1,29 bilhão. Itaú e BANCO DO BRASIL devem repetir os números de janeiro a março de 2012, enquanto para o Bradesco se vislumbra um lucro 7% maior, de R$ 3,03 bilhões.
Para os analistas, o Santander deve ter sofrido com a inadimplência ao longo do primeiro trimestre por causa da estratégia de ganhar pequenas e médias empresas. Ao contrário dos pares, até dezembro, os calotes estavam em alta no banco. É uma tendência que ainda não deve ser revertida neste começo de ano. Para o Deutsche Bank, a qualidade da carteira do Santander só mostrará melhora a partir de julho.
Outro fator que pode ter atrapalhado o desempenho do Santander é o baixo crescimento da carteira de crédito. Esse, porém, não é um problema que ficará restrito ao banco de matriz espanhola.
"A maioria dos bancos deve reportar um limitado crescimento da carteira de crédito, em decorrência da ainda fraca atividade econômica e das preocupações com a qualidade dos ativos", escreve analista do Banco Espírito Santo. O desempenho mais fraco do início do ano deve fazer com que alguns bancos não atinjam suas projeções de crédito para 2013, particularmente o Santander, acrescenta.
Mesmo com o ritmo dos desembolsos ainda mais lento, o Bradesco deve ser um ponto fora da curva entre os bancos. "O Bradesco pode apresentar o melhor resultado versus expectativas", espera o J.P. Morgan. O que deve dar fôlego à última linha da demonstração são os prêmios de seguros e as tarifas. Na visão do Deutsche, a receita com tarifas do banco pode apresentar forte alta, de 15%, na comparação anual, acima do guidance da instituição para o ano, entre 9% e 13%.
Quanto ao BANCO DO BRASIL, apesar de apresentar uma expansão do crédito bastante superior aos pares privados, resultados da PREVI - fundo de pensão de seus funcionários - podem trazer um impacto negativo. Para o Deutsche, mais empréstimos não devem ser suficientes para neutralizar a queda das margens. Em meio a uma cruzada liderada pelo governo, a instituição financeira pública reduziu os spreads das linhas de crédito.
No caso do Itaú, dois fatores devem impedir a expansão do lucro. Além do baixo crescimento do crédito, comum aos bancos em geral, o Itaú vem desde o ano passado mudando o mix de sua carteira de crédito. A estratégia do banco é conceder empréstimos com foco em segmentos menos arriscados, como consignado. Mas se por um lado oferecem mais segurança, possuem margens reduzidas.
Mas não são apenas os empréstimos que preocupam o mercado. Em uma época de ganhos mais modestos dos bancos, há ainda outro receio no radar: a margem financeira vinculada à carteira de títulos de valores mobiliários, ou seja, o caixa dos bancos, que seguirá pressionada por um nível historicamente mais baixo da Selic. "Os ganhos decorrentes da remuneração dos ativos líquidos tendem a ser menores em relação ao primeiro trimestre de 2012", lembra João Augusto Salles, analista da Lopes Filho.
Com exceção do Santander, os analistas esperam que as boas notícias da atual safra de resultados venham da qualidade dos ativos. A maioria dos bancos adotou uma postura cautelosa em 2012 ao conceder crédito - levando a uma desaceleração no ritmo de expansão das carteiras - e, na avaliação dos mais otimistas, os resultados dessa estratégia podem começar a vir à tona, com uma melhora na qualidade dos ativos e queda das despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa. "A qualidade dos ativos já não é uma dúvida tão grande", conclui Salles.
Fonte: Agência ANABB